terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Dúvida e Verdade

De um livro meu, publicado gratuitamente na iBookstore, como eBook, apesar de tudo com 158 páginas, o que não quer dizer nada de diferente da minha reação àquilo que me parecia, e ainda parece, ser um plano inclinado de decadência uniformemente acelerada do ensino da filosofia nas escolas secundárias em Portugal, sob influência de tendências de crítica cultural em voga em culturas que não valorizam a filosofia no Ensino Secundário e não a ensinam no quadro de uma disciplina autónoma. Talvez queiram companhia. 

Filosofia em tempos Difíceis (nome do livro): 
Descartes duvida de tudo de forma hiperbólica, salvo talvez do significado
das palavras “enganar alguém” no enunciado: “Um génio maligno... que empregou toda a sua astúcia a enganar-me (8).”  (se tivesse dúvidas sobre se estava a ser enganado pelo génio maligno, a coisa ficaria seriamente complicada; teria de admitir como verdade, ou como existência anterior à sua possibilidade de existir, que o génio maligno empregava toda a sua astúcia a enganá-lo. O mesmo seria admitir uma verdade anterior à verdade.)

Quem quiser pode aprofundar a ideia, lendo as "Investigações Filosóficas"  de Wittgenstein que tentou demonstrar, com sucesso, que, nem metodicamente como Descartes, seria possível duvidar de tudo. Pelas mesmíssimas razões, eu diria que não é possível saber tudo.

(este post é inspirado numa conversa confidencial, cujo conteúdo manterei fora do espaço público, com uma pessoa com quem não concordo, mas que respeito muito pela sua autenticidade; é também inspirado pela minha atividade recente de limpar o pó a muita coisa no meu computador e no meu sistema de base de dados bibliográficos - muito mais do que o de que me lembrava ativamente.)

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