quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A ESCREVIDA de Chaplin, o Quadrúpede que Ladra - APRESENTAÇÃO

De agora em diante, neste sítio, serão publicadas algumas escrevidas minhas.
O meu nome é Chaplin e sou cão, portanto um quadrúpede. Estas escrevidas poderão surgir, e certamente surgirão, intercaladas com a escrita daquele que se considera o meu dono, e, de facto é porque me convenceu a protegê-lo e eu aceitei. Em todo o caso, não sou nem serei o seu escravo, só o seu protetor.
Esta escrevida destina-se exclusivamente a apresentar aos leitores alguns esclarecimentos propedêuticos à série de escrevidas que, a partir de agora se seguirão, ainda que de forma intermitente.

PRIMEIRO ESCLARECIMENTO:
Escrevida é uma forma de grafar (também se diz escrever) as ideias de um quadrúpede, assim se distinguindo da forma de grafar de um bípede, a que vulgarmente se chama escrita, um nome que parece ter origem num muito erudito particípio verbal, mas que não convém à minha forma de escrever o que me interessa.

SEGUNDO ESCLARECIMENTO:
Num momento, como o de Natal, em que um bípede atribui a si mesmo o direito de abusar da paciência das pessoas e da tolerância própria da época, para anunciar que a nação está a recuperar quando os cidadãos dessa nação, na sua esmagadora maioria, estão a ficar numa situação verdadeiramente prejudicial para eles próprios a que nenhum quadrúpede alguma vez se atreveria a chamar processo de recuperação, é absolutamente indispensável que um quadrúpede como eu levante a voz em defesa do bípede que é meu dono, e de todos os bípedes que, não o sendo, parecem estar a ficar parvos. Para exemplificar, bastará a declaração bípede de um fotógrafo que afirma não recorrer à Internet para publicar as suas fotografias, mas só ao Facebook... Não me surpreenderia que alguns bípedes que estejam a ler esta escrevida não percebam verdadeiramente o problema, mas fazê-los perceber agora isto não está nos objetivos de uma Apresentação. Há coisas que têm de ficar para fases mais avançadas, justamente para que existam e as ideias avancem mesmo.

TERCEIRO ESCLARECIMENTO:
Nesta decisão de publicar algumas das minhas escrevidas não está incluída nenhuma ambição ou desejo ou até necessidade de empreendedorismo. Com efeito, os bípedes estão a promover um conceito de empreendedorismo, compatível com o de animais selvagens, mas incompatíveis comigo que sou um quadrúpede, assumidamente doméstico e civilizado. Com efeito, o conceito de empreendedorismo só é indispensável como forma de sobrevivência na selva, na vida selvagem. Aqui, sim, a sobrevivência é um empreendedrismo inevitável: se precisas de algo, trata de o arranjar e não chateies. Nos contextos civilizados, o empreendedorismo não se destina a garantir a sobrevivência individual, a riqueza individual, a exploração de uns pelos outros, etc., mas o bem comum.

QUARTO ESCLARECIMENTO:
As diferenças de pensamento, de forma de grafar ou de escrever pensamentos, e de outras coisas entre bípedes e quadrúpedes relaciona-se exclusivamente com a modalidade de contacto com a realidade, a que se ligam os seus pés. Essa é, como se sabe, a realidade que é escondida da visão, quer dos bípedes quer dos quadrúpedes, no exato momento em que uns e outros se ligam a ela. Ora, ambos ficam, deste modo, condicionados pelo contacto dos pés com a realidade. Acontece que não é a mesma coisa ligarmo-nos em sistema bípede, ou digital, no modo sim ou não, e ligarmo-nos em sistema quadrúpede, em que cada sim ou não digital tem ainda uma frente e uma traseira. Desta diferença resultam outras que, colocadas ao serviço de qualquer bípede que queira, poderão ser úteis para todos, incluindo os próprios quadrúpedes.

QUINTO ESCLARECIMENTO:
Esta apresentação e os capítulos que, intermitentemente, serão publicados neste sítio, embora tenham origem em entrevistas com o bípede que é o meu dono, ou pensa que é, não adotarão a forma bípede platónica de diálogos, por razões que podem facilmente ser inferidas a partir dos esclarecimentos anteriores.Pelo contrário, os diálogos serão convertidos em narrativas. Se algum leitor não conseguir fazer agora essas inferências, que não desespere. Mais tarde, será manteiga e focinho de cão. Só têm de não perder a sequência de escrevidas.

CONTINUA: I Capítulo - Ó Maeinhe, A História da Octogenária Que Ainda Espera que a Mãe lhe Explique Segredos da Vida.

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