quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Os Baixos Salários são Exageradamente Altos

Dizem os técnicos do FMI, e vai, certamente também, dizer o governo que os salários mais baixos devem ser reduzidos, para combater o desemprego.

Dizem também os técnicos do FMI que é preciso facilitar os despedimentos para combater o desemprego.

Esta crueldade contra seres humanos e contra a mais elementar das lógicas não pode continuar nas raias do patológico sob a capa de um tecnicismo absolutamente cretino. Não há na técnica ou na ciência nada que imponha aos seus praticantes que sejam psicopatas. Quando este tipo de simulação técnica se torna habitual, a história diz que que nos devemos proteger de situações verdadeiramente desumanas. A história não se repete, mas os erros humanos sim, repetem-se.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O Sucesso de Falhar

Já sabemos que a política de austeridade está finalmente a ter sucesso, o sucesso de falhar. Também é preciso saber falhar, isto é, ser persistente, resistir a todas as críticas, provocar sofrimento sem pestanejar, etc. O primeiro ministro pediu aos seus correligionários para não "embandeirarem em arco". Podem embandeirar em cubo, em qualquer parelepípedo, mas não em arco. Em arco só pode embandeirar o próprio primeiro ministro, como tem feito ultimamente.

Duas coisas merecem hoje alguma atenção dentro deste quadro geral de sucesso de falhar: a inoperância dos partidos e a dispensabilidade do governo.


  • Vejamos os partidos. Segundo eles, a sua maioria, seria conveniente limitar o nº de mandatos dos presidentes de câmara. São eles que determinam os candidatos. Podiam ser eles a decidir, por sua própria iniciativa, fazer aquilo em que supostamente acreditam. Mas não. Puseram a Assembleia da República a trabalhar para eles. A Assembleia, ao serviço dos partidos, deliberou, então, essa limitação de nº de mandatos. Como decididamente os partidos acham que não devem estar ao serviço da Assembleia, aconteceu o que se está a ver. Não cumprem. Sucesso, claro, de falhar.
  • Vejamos o governo. Não me posso pronunciar sobre toda a ação governativa. Por isso, limito-me  à ação do ministério da educação. E vejamos: o que teria acontecido se o ministro da educação e toda a sua equipa não tivessem decidido rigorosamente nada? Se a administração da educação estivesse a trabalhar em piloto automático? Aconteceria que tudo estaria na mesma, só que mais tranquilo, sem greves, sem conflitualidade provocada. Estaríamos melhor, sem dúvida. Tirando aquilo que destruiu, o que é que o governo fez neste domínio? Exames para os alunos e exames, agora, para os professores. O ministério da educação é talvez um dos que tem tido mais sucesso no governo, um verdadeiro exemplo. Só que não teria sido sentida a sua falta, se não tivesse feito nada. Afinal, talvez o governo fosse dispensável.