sexta-feira, 10 de julho de 2009

NÃO ME DIGAM PARA VOTAR EM QUALQUER PARTIDO MENOS NO PS


Recebo com muita frequência mensagens, por correio electrónico, a aconselhar-me a não votar PS e a votar em qualquer outro partido.
Poupem a minha caixa de correio. Percebo bem a intenção dessas mensagens, mas não penso seguir os conselhos nelas expressos.
É quase certo que votarei em branco.
  1. No PS, não voto porque não desenvolveu uma política de esquerda; pelo contrário, promoveu a individualização das responsabilidades, como estratégia central para resolução dos problemas do país. O exemplo da Educação é paradigmático: não tendo ideia de como melhorar efectivamente as escolas, centrou todo o seu esforço nos processos de avaliação das escolas e dos professores, certamente convencido de que os professores e as escolas encontrarão as soluções que o governo nem imagina que existam; para tanto, bastaria acenar com as consequências de uma má avaliação, para que os professores e as escolas descobrissem o que devem fazer. Como um professor que não tem nada para ensinar, mas ameaça os alunos com os testes.
  2. No PSD, não voto, porque não esqueço que a sua actual dirigente foi, entre outras coisas, ministra da educação. E lembro que é da sua responsabilidade: "a lei da rolha" que proibiu os directores de escola e os professores de se pronunciarem publicamente sobre a política do governo, sem autorização prévia; promoveu o ensino profissional exclusivamente para instituições privadas; inventou a história dos grupos carenciados, obrigando professores requisitados em funções técnico-pedagógicas a voltar às suas escolas para ficarem com horário zero; escolheu um subsecretário de estado (não tinha habilitações para ser secretário de estado) responsável pelo desporto e pela vergonha dos pavilhões desportivos nas escolas (assunto muito esquisito); tinha, e certamente continua tendo, preconceitos absurdos relativamente aos professores de 1º Ciclo e Educadores de Infância (achava que os complementos de formação e especializações deveriam actualizar as habilitações académicas só de professores de 2º, 3º ciclos e secundário. Etc.
  3. No CDS/PP, não voto porque discordo totalmente das suas perspectivas securitárias e liberalizadoras.
  4. No PCP, não voto porque não acredito na utilidade da destruição da democracia burguesa, na instauração de um "quase-estado" proletário e na sua dissolução progressiva. Marx é um génio que aprecio, mas não o sigo na ideia de que a política possa alguma vez ser uma ciência rigorosa, no sentido modernista do termo.
  5. No BE, não voto pelas mesmas razões que me levam a não votar no PCP e ainda por algumas outras que têm a ver com o facto de não apresentarem um modelo claro da política que pretende para Portugal.
Votarei, portanto, quase de certeza, em branco.
Mas votaria num partido que assumisse a responsabilidade de aumentar a participação dos salários no PIB. Que combatesse decididamente a desproporção, suicida para a economia e injusta para as pessoas, entre os lucros do capital e do trabalho.
Por favor, não me enviem mais mensagens a dizer para votar em qualquer partido. Estão a perder tempo.

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