sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
Computador Pessoal tem 30 anos
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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
Tratado Político - Espinosa
"2. Os políticos, pelo contrário, crê-se que em vez de cuidarem dos interesses dos homens lhes armam ciladas e, mais do que sábios, são considerados habilidosos. A experiência, na verdade, ensinou-lhes que, enquanto houver homens, haverá vícios. Daí que, ao procurarem precaver-se da malícia humana, por meio daquelas artes que uma experiência de longa data ensina e que os homens, conduzidos mais pelo medo que pela razão, costumam usar, pareçam adversários da religião, principalmente dos teólogos, os quais creem que os poderes soberanos devem tratar dos assuntos públicos segundo as mesmas regras da piedade que tem; um homem particular. É no entanto inquestionável que os políticos escreveram sobre as coisas ". políticas de maneia muito mais feliz que os filósofos.
3. E, por mim, estou sem dúvida plenamente persuadido de que a experiência já mostrou todos os gêneros de cidades que se podem conceber para que os homens vivam em concórdia, bem como os meios com que a multidão deve ser dirigida ou contida dentro de certos limites, de tal modo que não creio que nós possamos chegar, através da especulação sobre esta matéria, a algo que não repugne à experiência ou à prática e que ainda não tenha sido experimentado e descoberto. Com efeito, os homens são constituídos de tal maneira que não podem viver sem algum ~~ comum; porém os direitos comuns e os assuntos públicos' foram instituídos e tratados por homens agudíssimos, quer astutos, quer hábeis, e por isso é difícil acreditar que possamos conceber alguma coisa aplicável a uma sociedade comum que a ocasião ou o acaso não tivessem já mostrado e que homens atentos aos assuntos comuns e ciosos da sua própria segurança nào tivessem visto#.
Tratado Plítico - Espinosa
A soberania, qualquer que seja a sua expressão, esbarra sempre na opiniào dos súditos, da qual tenta apossar-se através da propaganda''', mas que não deixa jamais de se apresentar como ameaça e de se desenvolver como potência que resiste, através da permanente alteração dos afetos e da variação das potências individuais.
Nenhum contrato anula a natureza. Nenhuma sociedade pode pensar-se a partir de uma ideia de indivíduo abstratamente reduzido a um átomo de racionalidade. Daí o modo incisivo como Espinosa esclarece, logo em 1674, na conhecida carta a ]arig ]elles, comerciante, amigo e destinatário de vária outra correspondência, o que o separa do autor do Leviatã:
"tal, mesmo que justamente, recupera o direito a defender a sua vida, se
necessário contra o soberano, uma vez que o contrário seria incoerente
com a razão que justifica o pacto, ou seja, o acréscimo das garantias de
sobrevivência. Mais do que uma refutação radical de Hobbes, parece haver
aqui, sobretudo, uma diferente concepção da natureza humana e, por
conseguinte, daquele reduto essencial que é impossível de transferir por
pactos#.
14. Espinosa aponta como exemplo extremo o da história dos judeus, cuja religião os tentava integrar através de rituais, de tal modo que eliminava toda a espontaneidade no quotidiano e na vida em geral, ordenando tudo, desde o modo como se devia fazer a barba ou comer, até a forma como lavrar, semear ou ceifar: "o objetivo das cerimônias foi, portanto, fazer com que os homens não fizessem nada por sua própria deliberação, mas tudo a mando de outrem". TFP, capo v, G Ill, 75-76, trad., cit., p. 198. O próprio Hobbes, num registro obviamente diferente, já alertava para "as doenças de um Estado que derivam do veneno das doutrinas sediciosas" CLez;iatã,
"Quanto à diferença entre mim e Hobbes, acerca da
qual me interroga, ela consiste em que eu mantenho sempre
intacto o direito natural e sustento que, em qualquer urbe,
não compete ao supremo magistrado mais direito sobre os
súditos senão na medida em que ele supera em poder o súbdito,
coisa que tem sempre lugar no estado natural. I';
Quer isto dizer, antes de mais, que para Espinosa o direito que cada um possui - governante ou governado, soberano ou súdito, estado ou indivíduo - não é mais nem menos que a sua potência ou capacidade de afirmar e realizar o que deseja. Na medida em que a natureza, sendo o todo, não conhece ordenação exterior nem limites de espécie alguma, também cada uma das suas partes nào conhece senão os limites que as restantes lhe possam impor. A formulação do TP não deixa dúvidas: "Por direito de natureza eu entendo as próprias leis da natureza, ou as regras segundo as quais todas as coisas sâo produzidas, quer dizer, a própria potência da natureza".
É por isso que o direito natural da natureza inteira e, por conseguinte, o de cada indivíduo estende-se até onde se estende a sua potência. O direito natural não corresponde, pois, a nenhuma ordem cosmológica ou teológica previamente dada, à qual o relacionamento entre os indivíduos tivesse de submeterse.
Ensaios de Montaigne - (Francês arcaico)
“Il y a des naturels particuliers, retirez et internes : Ma forme essentielle, est propre à la communication, et à la production : je suis tout au dehors et en evidence, nay à la societé et à l'amitié : La solitude que j'ayme, et que je presche, ce n'est principallement, que ramener à moy mes affections, et mes pensees : restreindre et resserrer, non mes pas, ains mes desirs et mon soucy, resignant la solicitude estrangere, et fuyant mortellement la servitude, et l'obligation : et non tant la foule des hommes, que la foule des affaires. La solitude locale, à dire verité, m'estend plustost, et m'eslargit au dehors : je me jette aux affaires d'estat, et à l'univers, plus volontiers quand je suis seul. Au Louvre et en la presse, je me resserre et contraints en ma peau. La foule me repousse à moy. Et ne m'entretiens jamais si folement, si licentieusement et particulierement, qu'aux lieux de respect, et de prudence ceremonieuse : Nos folies ne me font pas rire, ce sont nos sapiences. De ma complexion, je ne suis pas ennemy de l'agitation des cours : j'y ay passé partie de la vie : et suis faict à me porter allaigrement aux grandes compagnies : pourveu que ce[…]”
Excerto de: Michel De Montaigne. “Les Essais - Livre III.” iBooks. https://itun.es/pt/kxB_K.l
Excerto de: Michel De Montaigne. “Les Essais - Livre III.” iBooks. https://itun.es/pt/kxB_K.l
Meditações Poéticas
“L'homme n’a rien de plus inconnu autour de lui que l’homme même. Les phénomènes de sa pensée, les lois de la civilisation, les phases de ses progrès ou de ses décadences, sont les mystères qu’il a le moins pénétrés. Il connaît mieux la marche des globes célestes qui roulent à des millions de lieues de la portée de ses faibles sens, qu’il ne connaît les routes terrestres par lesquelles la destinée humaine le conduit à son insu : il sent qu’il gravit vers quelque chose, mais il ne sait où va son esprit, il ne peut dire à quel point précis de son chemin il se trouve. Jeté loin de la vue des rivages sur l’immensité des mers, le pilote peut prendre hauteur et marquer avec le compas la ligne du globe qu’il traverse ou qu’il suit ; l’esprit humain ne le peut pas ; il n’a rien hors de soi-même à quoi il puisse mesurer sa marche, et toutes les fois qu’il dit : « Je suis ici, je vais là, j’avance, je recule, je m’arrête, » il se trouve qu’il s’est trompé et qu’il a menti à son histoire, histoire qui n’est écrite que bien longtemps après qu’il a passé, qui jalonne[…]”
Excerto de: Alphonse (De) Lamartine. “Méditations poétiques.” iBooks. https://itunes.apple.com/pt/book/meditations-poetiques/id620622617?mt=11
Excerto de: Alphonse (De) Lamartine. “Méditations poétiques.” iBooks. https://itunes.apple.com/pt/book/meditations-poetiques/id620622617?mt=11
sábado, 18 de janeiro de 2014
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
W. James I - Pragmatismo
“I know that you, ladies and gentlemen, have a philosophy, each and all of you, and that the most interesting and important thing about you is the way in which it determines the perspective in your several worlds. You know the same of me. And yet I confess to a certain tremor at the audacity of the enterprise which I am about to begin. For the philosophy which is so important in each of us is not a technical matter; it is our more or less dumb sense of what life honestly and deeply means. It is only partly got from books; it is our individual way of just seeing and feeling the total push and pressure of the cosmos”
Excerto de: William James. “Pragmatism.” iBooks. https://itun.es/pt/Dym3D.l
Excerto de: William James. “Pragmatism.” iBooks. https://itun.es/pt/Dym3D.l
terça-feira, 14 de janeiro de 2014
Política e Justiça
“Três Autores:
Aristóteles
Aristóteles propõe que se dintinga a justiça distributiva das honrarias e das riquezas (que deve ser proporcional ao mérito) da justiça comutativa (que preside às trocas económicas e se baseia num princípio de estrita igualdade). A justiça não é, portanto, só uma virtude moral, ela é também o que regula o direito. Consciente de que a lei, em resultado da sua generalidade, pode ser fonte de injustiça, ele propõe a ideia de equidade como correcção da lei: a justiça requer, por isso, a experiência de um juiz.
Grotius
Este jurista holandês, contemporâneo de Descartes, no livro Do direito da guerra e da paz como o direito natural pode fixar de forma imutável e racional os critérios de uma guerra justa, como condição de uma paz duradoura. É preciso, por exemplo, que uma guerra seja oficialmente declarada em nome de motivos legítimos; que acabe com a celebração de um tratado de paz que oficialize o retorno ao direito entre os beligerantes; que, durante a guerra sejam respeitadas certas regras, como a de não matar os prisioneiros. Em resumo, segundo ele, enquadrando juridicamente a violência colectiva, esta será reduzida.
Rawls
Autor de Teoria da Justiça, o americano John Rawls propõe um modelo de justiça, adaptado ao pluralismo das democracias modernas. Para que uma sociedade seja justa, é preciso que aqueles que decidem sobre o seu funcionamento desconheçam o lugar que ocuparão nessa sociedade. Nestas condições de véu de ignorância, para além do pressuposto de que essa sociedade deve preservar a liberdade, todos concordarão de imediato com dois princípios: que todas as condições de vida sejam por direito acessíveis a todos (princípio de igualdade); que as desigualdades só sejam aceitáveis, se resultarem em proveito dos mais desfavorecidos (princípio de diferença). Assim, a justiça admite a desigualdade (é necessário recompensar o mérito), mas recusa o sacrifício dos mais desfavorecidos (que acabaria por fracturar a sociedade).”
Excerto de: Jorge Nunes Barbosa. “Conceitos em Filosofia.” JB, 2012. iBooks. https://itun.es/pt/tHZ3E.l
Política e Sociedade
“Três Autores:
Rousseau
No seu Discurso sobre a origem das desigualdades, Rousseau distingue o homem no estado de natureza, que vive só, do homem no estado civil, que vive em sociedade. Esta mudança de estado deve-se a um funesto acaso: o agrupamento dos homens devido às asperezas do clima e o aumento da população geram o gosto pela propriedade da terra, que está na origem de todas as infelicidades do homem. Do ponto de vista de Rousseau, as primeiras sociedades constituem a idade de ouro da humanidade: o homem natural adquiriu sociabilidade, mas não perdeu a sua autonomia. O desenvolvimento do amor-próprio destruirá esta idade de ouro.
Durkheim
Fundador da sociologia científica, Durkheim afirma que devemos considerar os factos sociais como coisas. A sociedade cria os indivíduos que, se não tivessem uma consciência colectiva, seriam incapazes de viver juntos. Esta prevalência da sociedade sobre os seus membros observa-se até no estudo do suicídio. Acto pessoal por excelência, o suicídio pode ser explicado sociologicamente: quando a consciência colectiva enfraquece (por exemplo, quando não pertencemos a nenhuma associação religiosa, desportiva…), a taxa de suicídio aumenta.
Lévi-Strauss
“O antropólogo Lévi-Strauss lembra que todas as sociedades estabelecem laços entre os seus membros, através da troca. São trocado bens, serviços, mensagens… e mulheres (diz ele). Tratando-se de mulheres, a regra observada em todas as sociedades é a proibição do incesto: a estrutura elementar de parentesco requer que a esposa não seja irmã do marido. Esta lei de exogamia (as pessoas casadas devem ter origem em famílias diferentes) é universal, mas não natural: é livremente instituída. Todas as sociedades humanas são, portanto, culturais.”
Excerto de: Jorge Nunes Barbosa. “Conceitos em Filosofia.” JB, 2012. iBooks. https://itun.es/pt/tHZ3E.l
Política e Estado
“O Estado, noção propriamente política, designa a mais alta autoridade para gerir a vida em conjunto. Distingue-se da sociedade, à qual impõe uma arbitragem quando surgem conflitos entre interesses privados. Detentor da força (policial e militar), o Estado pode definir-se como o detentor do monopólio da violência legítima (Max Weber). Esta força exerce-se num território, que pode agrupar várias nações (parece ser o caso de Espanha; foi o caso dos império modernos). Só se fala de Estado a partir do século XV. A filosofia antiga só reconhece a Cidade (polis, em grego, donde deriva a palavra política). Com a passagem da Cidade ao Estado, o Estado torna-se artificial: é o produto de uma vontade que se submete, por contrato (constituição), a uma autoridade que lhe garante segurança e liberdade. Mas este ideal é, muitas vezes, traído pelos governos.”
Excerto de: Jorge Nunes Barbosa. “Conceitos em Filosofia.” JB, 2012. iBooks. https://itun.es/pt/tHZ3E.l
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
A Escola não pode adormecer VII
“Chegados aqui, é oportuno formular uma primeira conclusão: o contexto escolar sobrevive mal à gestão do conflito que lhe é próprio, o de conservar inovando, mas o núcleo central do seu problema encontra-se sobretudo na disfuncionalidade da organização, espartilhada num conflito insanável entre o individualismo e a burocracia, entre a destruição das memórias e das histórias de vida e a formação de pessoas, entre a forma sem substância e o ideal de bem fazer. O bem que a escola possa fazer não pode ficar no domínio das intenções e da justificação simples do mal-estar que gera em alunos e professores: a ideia de que é por bem que a escola faz o mal é uma justificação que só serve para adormecer crianças. A generalização de uma postura desorganizada dos alunos na sala de aula é só a manifestação menos grave, porque visível e denunciadora do mal-estar, da disfuncionalidade da escola.”
Excerto de: Jorge Nunes Barbosa. “Indisciplina e Disfuncionalidade.” JB, 2012. iBooks. https://itun.es/pt/4jN9D.l
A Escola não pode adormecer VI
“Ora, esta burocracia estritamente normativa, sem substância, sem outro objetivo que não seja o de promover o conformismo, corresponde justamente ao risco desde há muito tempo temido de que se viesse a transformar em alguma variante, ainda desconhecida, mas reconhecidamente virulenta, de desumanidade. A disfuncionalidade da escola é, então, numa primeira abordagem, a sua desumanidade.
”
Excerto de: Jorge Nunes Barbosa. “Indisciplina e Disfuncionalidade.” JB, 2012. iBooks. https://itun.es/pt/4jN9D.l
A Escola mão pode adormecer V
“Na verdade, a realidade da escola, mas também de outras organizações sociais, parece revelar a progressiva desburocratização dos processos de dominação, e o aumento da burocratização como processo de submissão e normalização, isto é, de controlo, já não de regulação, dos que são chamados a submeter-se. Ora, esta é uma das disfunções, a par da promoção do individualismo, mais óbvias da escola. ”
Excerto de: Jorge Nunes Barbosa. “Indisciplina e Disfuncionalidade.” JB, 2012. iBooks. https://itun.es/pt/4jN9D.l
A Escola não pode adormecer IV
“Na verdade, a avaliação do desempenho dos professores, sem alterações no próprio funcionamento da escola, só serve para consolidar o seu funcionamento atual, agregando todos os fragmentos, todo o cascalho, numa massa de cimento dentro de uma betoneira conformista, isto é, só serve para normalizar o erro.”
Excerto de: Jorge Nunes Barbosa. “Indisciplina e Disfuncionalidade.” JB, 2012. iBooks. https://itun.es/pt/4jN9D.l
A Escola não pode adormecer III
“Ora, a escola tem de se organizar de modo a promover as aprendizagens instrumentais e as aprendizagens estruturantes. Para isso, não pode ter o modelo rígido de funcionamento que lhe conhecemos atualmente. Digamos, para abreviar, que não se superam as limitações da escola criando “salas de estudo”, “estudo acompanhado”, “aulas de apoio”, num contexto em que tudo o que de seja criado de novo acaba sempre por fortalecer a rigidez daquilo que já existe e parece insuficiente. Estas compensações só compensam aqueles alunos que, por mérito próprio, são pouco afetados pelas limitações da escola. Os outros, muitas vezes, evitam confrontar-se com a confirmação da sua incompetência que estas estratégias compensadoras se limitam a pôr em evidência. Compensar um erro não é corrigi-lo, é tentar mantê-lo, disfarçando-o tanto quanto possível, nem que seja só através da hiperatividade burocrática ou da hiperventilação dos agentes compensadores. Os conceitos de sala de estudo, de estudo acompanhado e de apoio educativo dão conta da insuficiência do modelo de escola que temos, mas não são compatíveis com ele. Em aplicação, limitam-se a acrescentar às dificuldades já existentes algumas mais. Este acrescento de dificuldades é, apesar de tudo, invisibilizado e até camuflado pela impossibilidade prática de essas modalidades de intervenção se universalizarem a todos os alunos. Assim, não sendo atividades disponíveis para todos os que delas necessitam, e não sendo aproveitadas por todos para quem são disponibilizadas, têm o mérito de se constituírem como mais uma oportunidade para articular aquilo que não deveria ter sido desarticulado, isto é, de se constituírem numa poderosa afirmação da burocracia auto-justificada e auto-alimentada.”
Excerto de: Jorge Nunes Barbosa. “Indisciplina e Disfuncionalidade.” Jorge Barbosa, 2012. iBooks.
É possível que este material esteja protegido por copyright.
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A escola não pode adormecer à sombra da incompetência da sua liderança
“Apesar de tudo, faz sentido que nos questionemos sobre o que queremos como modelo de sociedade e, sendo assim, que reflitamos sobre se os modelos macrossistémicos - política de trabalho, de saúde, de educação, de segurança social - não estarão a potenciar perigosamente a destruição dos ambientes ecológicos que julgamos serem os ideais para a formação da juventude. É que as crianças e os jovens não “decidem”, num eventual congresso ou por outros meios, que vão dedicar-se a criar problemas à sociedade (ou à escola) que os recebe, como às vezes parece, se levarmos a sério certas conversas que nós, adultos, vamos tendo entre nós. Pelo contrário, são as crianças que, em primeira mão, sofrem os problemas e as disfuncionalidades da sociedade de que se pretende que venham a fazer parte integrante. O sofrimento da escola é um sofrimento em segunda mão, já cheio de tiques e de malformações que lhe vêm do primeiro uso.
Só que uma abordagem global deste tipo, embora tenha de estar presente na sua forma de consciência política, não pode tornar-se num obstáculo intransponível. A reflexão crítica deve, portanto, incidir mais sobre a dinâmica do que sobre os componentes, ou os indivíduos, ou os[…]”
Excerto de: Jorge Nunes Barbosa. “Indisciplina e Disfuncionalidade.” Jorge Barbosa, 2012. iBooks.
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Só que uma abordagem global deste tipo, embora tenha de estar presente na sua forma de consciência política, não pode tornar-se num obstáculo intransponível. A reflexão crítica deve, portanto, incidir mais sobre a dinâmica do que sobre os componentes, ou os indivíduos, ou os[…]”
Excerto de: Jorge Nunes Barbosa. “Indisciplina e Disfuncionalidade.” Jorge Barbosa, 2012. iBooks.
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A Escola não deve adormecer, mesmo que os responsáveis por ela estejam a precisar de um balde de água fria pela cabeça abaixo
“Por muito conveniente que pareça ser encontrar fora da escola todas, ou quase todas, as razões para as dificuldades no seu interior, a verdade é que, de um ponto de vista menos estreito, faz pouco sentido separar o interior do exterior. O problema que se deve colocar é outro: até que ponto a escola atualiza, no seu interior, as perturbações e as dificuldades que, pela natureza das coisas e pela distorção do ponto de vista, são mais facilmente detetáveis no seu exterior? Nós nunca nos falamos a nós mesmos olhos nos olhos, a não ser através de um mediador: o reflexo de um espelho ou alguma modalidade de reflexão. A escola precisa de se ver ao espelho, para não continuar a chapinhar água para todo o lado, para aprender a nadar, sem molhar os transeuntes.”
Excerto de: Jorge Nunes Barbosa. “Indisciplina e Disfuncionalidade.” Jorge Barbosa, 2012. iBooks.
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Excerto de: Jorge Nunes Barbosa. “Indisciplina e Disfuncionalidade.” Jorge Barbosa, 2012. iBooks.
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domingo, 12 de janeiro de 2014
A Liberdade em Espinosa
O Tratado Telógico-Político é a principal das obras que Espinosa publicou em vida. O seu intento, expressamente afirmado
no subtítulo, é demonstrar que a liberdade de pensamento constitui um dispositivo essencial para a manutenção da paz no interior dos Estados. Longe, porém, de limitar esse intento a um
simples enunciado estratégico, estabelecendo empiricamente, através de factos históricos ou do seu tempo, uma relação de causa-efeito entre liberdade e paz, Espinosa elabora aquela que é a
primeira e, porventura, a mais profunda reflexão alguma vez
publicada sobre a democracia, regime que designa como o «mais
natural e o que mais se aproxima da liberdade que a natureza
concede a cada um».
Durante séculos, o escândalo que semelhante proclamação representou aos olhos de todas as ortodoxias foi enorme. Mesmo em nossos dias, se a encararmos em toda a sua dimensão, não é ainda absolutamente seguro que já o tenha deixado de ser. E por uma simples razão: Espinosa inscreve a liberdade no âmago da natureza humana, para demonstrar que só a partir dela é possível pensar e executar uma política para os homens tal como eles são realmente, invertendo assim a convicção secular e comummente arreigada segundo a qual a política se alicerça numa verdade que teria de se impor aos homens e que determinaria o limite até onde eles podem ser livres. Ao arrepio do contratualismo, que encara toda a política como uma forma de reprimir o «estado de natureza» e vê no Estado uma garantia do não-retorno deste, Espinosa apresenta a democracia como uma forma de realização da própria natureza humana, porquanto as instituições políticas aí aparecem como realização objectiva da liberdade que está inscrita na essência de cada indivíduo: «o fim do Estado é, realmente, a liberdade».
Da tradução do Tratado Teológico Político, Imprensa Nacional Casa da Moeda.
Durante séculos, o escândalo que semelhante proclamação representou aos olhos de todas as ortodoxias foi enorme. Mesmo em nossos dias, se a encararmos em toda a sua dimensão, não é ainda absolutamente seguro que já o tenha deixado de ser. E por uma simples razão: Espinosa inscreve a liberdade no âmago da natureza humana, para demonstrar que só a partir dela é possível pensar e executar uma política para os homens tal como eles são realmente, invertendo assim a convicção secular e comummente arreigada segundo a qual a política se alicerça numa verdade que teria de se impor aos homens e que determinaria o limite até onde eles podem ser livres. Ao arrepio do contratualismo, que encara toda a política como uma forma de reprimir o «estado de natureza» e vê no Estado uma garantia do não-retorno deste, Espinosa apresenta a democracia como uma forma de realização da própria natureza humana, porquanto as instituições políticas aí aparecem como realização objectiva da liberdade que está inscrita na essência de cada indivíduo: «o fim do Estado é, realmente, a liberdade».
Da tradução do Tratado Teológico Político, Imprensa Nacional Casa da Moeda.
Filósofo e ensaísta classifica Nuno Crato como um dos piores ministros da Educação
Filósofo e ensaísta classifica Nuno Crato como um dos piores ministros da Educação
José Gil olha para a situação dos professores e diz que é “inimaginável”. Indignado e triste lamenta: “Hoje não se ensina nos liceus. Não há respeito pelos professores”.
10-01-2014 23:53 por Maria João Costa
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O filósofo e ensaísta José Gil classifica Nuno Crato como um dos piores ministros da Educação. Em entrevista na última noite ao “Ensaio Geral” da Renascença, o antigo docente universitário acusa o actual ministro de estar a destruir o sistema educativo.
José Gil olha para a situação dos professores e diz que é “inimaginável”. “Temos possivelmente, e vamos descobri-lo, um dos piores ministros da Educação, um homem por quem eu antes tinha uma certa simpatia, que apareceu e que está a continuar a obra de destruição do ensino”, critica.
Indignado e triste – é assim que o filósofo e ensaísta José Gil diz que se sente quando olha para o actual sistema de educação: “Hoje não se ensina nos liceus. Os professores não têm tempo para nada, não há respeito pelos professores, nem sequer no aspecto dos honorários. Não lhes dão tempo. Enchem-nos de obrigações burocráticas que é um desperdício enorme de tempo.”
Entrevistado na última noite no programa “Ensaio Geral” da Renascença, onde esteve à conversa com o escritor Pedro Vieira na Livraria Ferin, José Gil lamenta que o actual ministro Nuno Crato não tenha ido a uma escola ver com os seus olhos os efeitos directos da sua política. E continua a defender que o futuro do país passa pela educação.
O filósofo e ensaísta diz que Portugal precisa de coragem e de afecto social. José Gil recusa a ideia de fatalismo face à actual situação do país e sublinha a necessidade de Portugal ser corajoso e não se isolar.
José Gil olha para a situação dos professores e diz que é “inimaginável”. “Temos possivelmente, e vamos descobri-lo, um dos piores ministros da Educação, um homem por quem eu antes tinha uma certa simpatia, que apareceu e que está a continuar a obra de destruição do ensino”, critica.
Indignado e triste – é assim que o filósofo e ensaísta José Gil diz que se sente quando olha para o actual sistema de educação: “Hoje não se ensina nos liceus. Os professores não têm tempo para nada, não há respeito pelos professores, nem sequer no aspecto dos honorários. Não lhes dão tempo. Enchem-nos de obrigações burocráticas que é um desperdício enorme de tempo.”
Entrevistado na última noite no programa “Ensaio Geral” da Renascença, onde esteve à conversa com o escritor Pedro Vieira na Livraria Ferin, José Gil lamenta que o actual ministro Nuno Crato não tenha ido a uma escola ver com os seus olhos os efeitos directos da sua política. E continua a defender que o futuro do país passa pela educação.
O filósofo e ensaísta diz que Portugal precisa de coragem e de afecto social. José Gil recusa a ideia de fatalismo face à actual situação do país e sublinha a necessidade de Portugal ser corajoso e não se isolar.
Nesta edição Guilherme d’Oliveira Martins - o presidente do Centro Nacional de Cultura e colaborador semanal do “Ensaio Geral”- deixa duas perguntas para os convidados desta noite.
José Gil numa entrevista ao programa “Ensaio Geral” em que esteve à conversa com o escritor Pedro Vieira, o autor de “Última paragem: Massamá” que defendeu que as exportações devem aumentar, sim, mas não devem implicar a fuga de cérebros do país.
“Ensaio Geral” é um programa da jornalista Maria João Costa, que nesta edição especial na Livraria Ferin teve assistência técnica de Rui Fernandes. É emitido à sexta-feira, às 23h30, na Renascença e pode ser ouvido em qualquer altura na internet.
Alguém com estatuto para ser ouvido que diga a verdade
Crítica Nuno Crato considerado um dos piores ministros da Educação
O filósofo e ensaísta João Gil classifica Nuno Crato como um dos piores ministros da Educação. Segundo noticia a Rádio Renascença, o filósofo diz que a situação dos professores é “inimaginável” e lamenta o pouco “respeito” que há pela profissão.
POLÍTICA
Último Filme de Paulo Rocha
Entrada > A Cinemateca > Destaques > Se Eu Fosse Ladrão... Roubava
DESTAQUES
Assunto: Paulo Rocha
Data: 14-08-2013
SE EU FOSSE LADRÃO... ROUBAVA
EU VI A LUZ
Jorge Silva Melo
“Eu vi a luz em um país perdido” é verso célebre de um dos mais delicados poetas portugueses, Camilo Pessanha (1867-1927). E é dizendo esse verso doente que, neste derradeiro filme, Paulo Rocha atravessa, melancolicamente, o écran em plano – filmado em Macau – do seu A Ilha dos Amores, plano aqui recuperado como tantos de outros filmes seus.
Eu vi a luz em um país perdido.
Pensado, escrito, produzido, filmado e montado quando já a doença avançava, cruel, Se Eu Fosse Ladrão... Roubava(que esteve para se chamar Olhos Vermelhos) tem como seu epicentro a partida, a despedida, a saída da terra natal, a ânsia de recomeçar a vida noutras paragens, a determinação. E chama-se Vitalino (Vitalino!) aquele rapaz sorumbático, firme, que pelos anos da 1ª Guerra Mundial, anos da peste, anos de morte, anos de miséria, vemos despedir-se de irmãs, da terra, romper, teimar, abalar para o mundo que sonha novo, Brasil.
Sim, no centro da narrativa de Se Eu Fosse Ladrão... Roubava a fábula que reconhecemos como familiar: a partida do pai, a vontade inabalável, a despedida, a casa e o seu soalho de madeira, as vozes que ressoam, as sombras de mulheres sentadas, camas, chão, leitos de morte, janelas, portadas, escadas, eiras e bois, juntas de bois.
Não há uma narrativa linear, não, nada disso. No cinema de Paulo Rocha, e muito claramente a partir do seu segundo (e maravilhoso) filme, Mudar de Vida, a narrativa quebra-se, desdobra-se, estilhaça-se, cria núcleos a que poderíamos chamar gânglios, nós apertados que não conseguimos deslindar, corpos compactos. E aqui, parte e volta, fantasmática, abre-se, fecha-se.
As poucas sequências que cobrem a partida de Vitalino (mortes, despedidas, discussões) cruzam-se com planos, retomam histórias de outros tempos, abrem as portadas para sequências de outros filmes seus, quase todos. Mas não digam que este é um digest da obra de Paulo Rocha, um cinéaste de notre temps feito por ele próprio (que, nessa série histórica dedicou filmes a Imamura e a Oliveira) não, não é um resumo do seu trabalho de cinquenta anos de cinema, não é o melhor de, não, são histórias de partidas, desfechos, reencontros, maldições, são estilhaços de histórias montadas como eu nunca antes vira, surpreendente, são abraços e largadas, bailes.
Eu vi a luz em um país perdido.
Pensado, escrito, produzido, filmado e montado quando já a doença avançava, cruel, Se Eu Fosse Ladrão... Roubava(que esteve para se chamar Olhos Vermelhos) tem como seu epicentro a partida, a despedida, a saída da terra natal, a ânsia de recomeçar a vida noutras paragens, a determinação. E chama-se Vitalino (Vitalino!) aquele rapaz sorumbático, firme, que pelos anos da 1ª Guerra Mundial, anos da peste, anos de morte, anos de miséria, vemos despedir-se de irmãs, da terra, romper, teimar, abalar para o mundo que sonha novo, Brasil.
Sim, no centro da narrativa de Se Eu Fosse Ladrão... Roubava a fábula que reconhecemos como familiar: a partida do pai, a vontade inabalável, a despedida, a casa e o seu soalho de madeira, as vozes que ressoam, as sombras de mulheres sentadas, camas, chão, leitos de morte, janelas, portadas, escadas, eiras e bois, juntas de bois.
Não há uma narrativa linear, não, nada disso. No cinema de Paulo Rocha, e muito claramente a partir do seu segundo (e maravilhoso) filme, Mudar de Vida, a narrativa quebra-se, desdobra-se, estilhaça-se, cria núcleos a que poderíamos chamar gânglios, nós apertados que não conseguimos deslindar, corpos compactos. E aqui, parte e volta, fantasmática, abre-se, fecha-se.
As poucas sequências que cobrem a partida de Vitalino (mortes, despedidas, discussões) cruzam-se com planos, retomam histórias de outros tempos, abrem as portadas para sequências de outros filmes seus, quase todos. Mas não digam que este é um digest da obra de Paulo Rocha, um cinéaste de notre temps feito por ele próprio (que, nessa série histórica dedicou filmes a Imamura e a Oliveira) não, não é um resumo do seu trabalho de cinquenta anos de cinema, não é o melhor de, não, são histórias de partidas, desfechos, reencontros, maldições, são estilhaços de histórias montadas como eu nunca antes vira, surpreendente, são abraços e largadas, bailes.
Nunca vi bailar tanto num filme, num cinema. Bailam pares, bailam grupos, trocam-se pares, irrompem balões e fogos de artifício, apertam-se os corpos dos amantes, bailam pares eternamente, como naquele plano retomado tantas vezes, obsessivo plano em que Isabel Ruth e Rui Gomes dançam, recomeçam a dançar, sempre, em modesta colectividade de recreio, dançam “os nossos verdes anos”, dança agora, cinquenta anos mais velha, dança Isabel Ruth na praia, fantasma teatral, crepúsculo, dança agora e já sozinha, vinda de uma fantasia kabuki, cemitério.
É entre sombras, memórias, segredos, maldições que avançamos neste filme bailador: enquanto vemos envelhecerem os seus belos actores, maravilhosa Isabel Ruth que vem desde o princípio, admirável Luís Miguel Cintra na cena da morte, tremendo, vindo do martírio daPousada das Chagas.
Não, Paulo Rocha não faz um retrato piedoso de si e dos seus, não há sombra de perdão: chama-os para uma conversa de fantasmas, convoca-os para um baile, acende a lanterna de papel para a dança de toda a sua vida, vê a velhice tomar conta dos corpos, olha a festa da vida e parece despedir-se.
Chama-se fogo-fátuo à luz que vem das campas, não é, química? E não será então este um filme-fátuo, funérea esta luz incandescente que parece rasar o soalho?
Talvez seja esse o lugar central que parece ocupar aqui a pintura de Amadeo de Souza Cardoso (1887-1918), a quem Paulo Rocha dedicou, em 1989, misterioso filme, falso documentário, livre evocação (afinal obsessiva na sua poética), artista convulso, modernista, provinciano, arrogante, solitário e breve inventor de formas, colador.
Parece (mas deste filme só conseguimos dizer que “parece”, não saberemos nunca o que “é”, é filme para entrever, não se escancara, cala-se), parece que Paulo Rocha encontra na selvajaria popular de Amadeo, no seu gosto pela colagem, na brutalidade fresca das suas cores, parece que encontra a terra onde pousar a mão.
Contra o “pais perdido” de Pessanha, a vitalidade do seu pai, a vitalidade vibrante do modernismo (rural, popular), em que se inscreve, parece. Mas nada é certo, tudo hesita neste filme – de onde qualquer sentimentalismo está ausente.
Como se víssemos a vida pela derradeira vez, a primeira luz – e sem adeus.
Eu vi a luz em um país perdido.
É entre sombras, memórias, segredos, maldições que avançamos neste filme bailador: enquanto vemos envelhecerem os seus belos actores, maravilhosa Isabel Ruth que vem desde o princípio, admirável Luís Miguel Cintra na cena da morte, tremendo, vindo do martírio daPousada das Chagas.
Não, Paulo Rocha não faz um retrato piedoso de si e dos seus, não há sombra de perdão: chama-os para uma conversa de fantasmas, convoca-os para um baile, acende a lanterna de papel para a dança de toda a sua vida, vê a velhice tomar conta dos corpos, olha a festa da vida e parece despedir-se.
Chama-se fogo-fátuo à luz que vem das campas, não é, química? E não será então este um filme-fátuo, funérea esta luz incandescente que parece rasar o soalho?
Talvez seja esse o lugar central que parece ocupar aqui a pintura de Amadeo de Souza Cardoso (1887-1918), a quem Paulo Rocha dedicou, em 1989, misterioso filme, falso documentário, livre evocação (afinal obsessiva na sua poética), artista convulso, modernista, provinciano, arrogante, solitário e breve inventor de formas, colador.
Parece (mas deste filme só conseguimos dizer que “parece”, não saberemos nunca o que “é”, é filme para entrever, não se escancara, cala-se), parece que Paulo Rocha encontra na selvajaria popular de Amadeo, no seu gosto pela colagem, na brutalidade fresca das suas cores, parece que encontra a terra onde pousar a mão.
Contra o “pais perdido” de Pessanha, a vitalidade do seu pai, a vitalidade vibrante do modernismo (rural, popular), em que se inscreve, parece. Mas nada é certo, tudo hesita neste filme – de onde qualquer sentimentalismo está ausente.
Como se víssemos a vida pela derradeira vez, a primeira luz – e sem adeus.
Eu vi a luz em um país perdido.
NOTAS
Texto originalmente escrito para a brochura sobre o filme Se Eu Fosse Ladrão... Roubava, de Paulo Rocha.
© 2013 CINEMATECA PORTUGUESA - MUSEU DO CINEMA, IP
sábado, 11 de janeiro de 2014
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
“Démocratie & marché dans le nouvel ordre mondial"
“Démocratie & marché dans le nouvel ordre mondial"
Il existe une description convenue de l’ère nouvelle dans laquelle nous entrons et de cequ’elle promet. Elle a été clairement formulée par Anthony Lake, conseiller à la Sécurité nationale, alors qu’il présentait la doctrine de Clinton en septembre 1993 : « Tout au long de la guerre froide, les démocraties de marché étaient globalement menacées, et nous avons contenu cette menace [1] Désormais, nous devons étendre le champ de ces démocraties. Le nouveau monde qui s’offre à nous présente d’immenses opportunités pour consolider la victoire de la démocratie et des marchés ouverts ».
Pour Lake, la question de notre rôle historique va bien au-delà de la guerre froide. « La vérité immuable qui s’en dégage, dit-il, est que la défense de la liberté et de la justice contre le fascisme et le communisme n’a été qu’un moment de notre histoire, tout entière consacrée à la construction d’une société tolérante, où les chefs et les ”“gouvernements existent non pour user et abuser du peuple, mais pour lui assurer libertés et opportunités.» Voilà le « visage que les États-Unis ont toujours montré à travers leurs actions de par le monde, et l’idéal que nous défendons aujourd’hui encore. C’est la vérité immuable de ce monde nouveau dans lequel nous pouvons poursuivre plus efficacement notre mission historique, défendant, contre les ennemis qui subsistent, cette société tolérante à laquelle nous sommes toujours dévoués et où, après avoir “contenu”, nous “étendons” ». Heureusement pour le monde, ce qui fait l’exception historique de notre superpouvoir, c’est que « nous ne cherchons pas à étendre la portée de nos institutions par la force, la subversion ou la répression, mais que nous nous en tenons à la persuasion, à la compassion et aux moyens pacifiques [2]».
Naturellement, les commentateurs furent impressionnés par une vision si éclairée de la « politique étrangère ». Le point de vue qui y est adopté domine dans le discours public comme dans le discours savant, de sorte qu’il est inutile de critiquer la déclaration de Lake. Son thème de base a été exprimé de façon plus sommaire par Samuel Huttington, professeur de science politique à Eaton et directeur de l’institut OLIN[…]”“d’études stratégiques à Harvard, dans le journal savant International Security. Les États-Unis, explique-t-il, doivent maintenir leur « primauté internationale » dans l’intérêt du monde, parce que c’est la seule nation dont « l’identité nationale soit définie par un ensemble de valeurs politiques et économiques universelles », à savoir : « liberté, démocratie, égalité, propriété privée et marchés […]. La promotion de la démocratie, des droits de l’homme et des marchés est au centre de la politique américaine [sic], bien plus que dans n’importe quel autre pays ».
Puisqu’il s’agit d’une définition professée par la science politique, nous pouvons nous épargner l’ennuyeuse recherche d’une confirmation empirique. Sage décision. Une enquête montrerait rapidement que la description convenue présentée par Lake se révèle douteuse, voire fausse, dans tous les cas décisifs sauf un : il a raison de nous presser de regarder l’histoire pour découvrir les « vérités immuables » qui s’en dégagent et de prendre au sérieux le fait que, dans un avenir probable, elles demeureront pour l’essentiel inchangées. Une revue honnête de la question suggère que « ce nouveau monde qui s’offre à ”“nous » pourrait bien être marqué par la transition entre « contenir » et « étendre », mais pas tout à fait dans le sens où Lake et le chœur de ses zélateurs entendent nous le faire comprendre. En adoptant, à propos de la guerre froide, une rhétorique légèrement différente, nous voyons s’opérer une évolution entre « contenir la menace » et « mener campagne contre les acquis arrachés par tout un siècle d’amers combats ».”
Excerto de: Noam Chomsky. “Responsabilités des intellectuels.” iBooks. https://itunes.apple.com/WebObjects/MZStore.woa/wa/viewBook?id=290E45747D43F2CA9C78F78DFE5B4182
Il existe une description convenue de l’ère nouvelle dans laquelle nous entrons et de cequ’elle promet. Elle a été clairement formulée par Anthony Lake, conseiller à la Sécurité nationale, alors qu’il présentait la doctrine de Clinton en septembre 1993 : « Tout au long de la guerre froide, les démocraties de marché étaient globalement menacées, et nous avons contenu cette menace [1] Désormais, nous devons étendre le champ de ces démocraties. Le nouveau monde qui s’offre à nous présente d’immenses opportunités pour consolider la victoire de la démocratie et des marchés ouverts ».
Pour Lake, la question de notre rôle historique va bien au-delà de la guerre froide. « La vérité immuable qui s’en dégage, dit-il, est que la défense de la liberté et de la justice contre le fascisme et le communisme n’a été qu’un moment de notre histoire, tout entière consacrée à la construction d’une société tolérante, où les chefs et les ”“gouvernements existent non pour user et abuser du peuple, mais pour lui assurer libertés et opportunités.» Voilà le « visage que les États-Unis ont toujours montré à travers leurs actions de par le monde, et l’idéal que nous défendons aujourd’hui encore. C’est la vérité immuable de ce monde nouveau dans lequel nous pouvons poursuivre plus efficacement notre mission historique, défendant, contre les ennemis qui subsistent, cette société tolérante à laquelle nous sommes toujours dévoués et où, après avoir “contenu”, nous “étendons” ». Heureusement pour le monde, ce qui fait l’exception historique de notre superpouvoir, c’est que « nous ne cherchons pas à étendre la portée de nos institutions par la force, la subversion ou la répression, mais que nous nous en tenons à la persuasion, à la compassion et aux moyens pacifiques [2]».
Naturellement, les commentateurs furent impressionnés par une vision si éclairée de la « politique étrangère ». Le point de vue qui y est adopté domine dans le discours public comme dans le discours savant, de sorte qu’il est inutile de critiquer la déclaration de Lake. Son thème de base a été exprimé de façon plus sommaire par Samuel Huttington, professeur de science politique à Eaton et directeur de l’institut OLIN[…]”“d’études stratégiques à Harvard, dans le journal savant International Security. Les États-Unis, explique-t-il, doivent maintenir leur « primauté internationale » dans l’intérêt du monde, parce que c’est la seule nation dont « l’identité nationale soit définie par un ensemble de valeurs politiques et économiques universelles », à savoir : « liberté, démocratie, égalité, propriété privée et marchés […]. La promotion de la démocratie, des droits de l’homme et des marchés est au centre de la politique américaine [sic], bien plus que dans n’importe quel autre pays ».
Puisqu’il s’agit d’une définition professée par la science politique, nous pouvons nous épargner l’ennuyeuse recherche d’une confirmation empirique. Sage décision. Une enquête montrerait rapidement que la description convenue présentée par Lake se révèle douteuse, voire fausse, dans tous les cas décisifs sauf un : il a raison de nous presser de regarder l’histoire pour découvrir les « vérités immuables » qui s’en dégagent et de prendre au sérieux le fait que, dans un avenir probable, elles demeureront pour l’essentiel inchangées. Une revue honnête de la question suggère que « ce nouveau monde qui s’offre à ”“nous » pourrait bien être marqué par la transition entre « contenir » et « étendre », mais pas tout à fait dans le sens où Lake et le chœur de ses zélateurs entendent nous le faire comprendre. En adoptant, à propos de la guerre froide, une rhétorique légèrement différente, nous voyons s’opérer une évolution entre « contenir la menace » et « mener campagne contre les acquis arrachés par tout un siècle d’amers combats ».”
Excerto de: Noam Chomsky. “Responsabilités des intellectuels.” iBooks. https://itunes.apple.com/WebObjects/MZStore.woa/wa/viewBook?id=290E45747D43F2CA9C78F78DFE5B4182
“Responsabilités des intellectuels.” II
“Mais voyons un peu où se situe réellement le « politiquement correct ». Témoignant de « la marche triomphale de la civilisation à travers le désert », Tocqueville s’émerveillait déjà de la formidable aptitude des colons américains à détruire les populations indigènes « en respectant les lois de l’humanité, avec une merveilleuse facilité, tranquillement, légalement, philanthropiquement, sans répandre de sang, sans violer un seul des grands principes de la morale universelle ». Un peu plus tard, en 1880, Helen Jackson rédigeait l’admirable récit Un siècle de déshonneur, qui reste à bien des égards insurpassé. Elle y expose les traitements infligés à cette « infortunée race d’Indiens indigènes, que nous exterminons avec tant de violence et de cruauté sournoise », ainsi que l’admettait, dans un de ses rares moments de lucidité, John Quincy Adams, bien des années après avoir apporté une brillante contribution personnelle à cette affaire. Le merveilleux livre de Jackson passa parfaitement inaperçu, même lorsqu’il fut réimprimé à quelque 2 000 exemplaires en 1964. Il est encore à ”“peine connu de nos jours et n’a pas été réimprimé depuis. Jackson était pourtant célèbre, puisqu’elle fit l’objet de sévères accusations de trahison ; accusations exprimées dans la célébration – elle, largement diffusée – de la « conquête de l’Ouest » ; célébration conçue et réalisée par l’éminent historien raciste, plus tard président des États-Unis, Theodore Roosevelt. Ce dernier affirmait que, « du point de vue des intérêts de la nation, notre politique indienne doit être critiquée pour sa faiblesse, pour ses visions à courts termes et les penchants sentimentalo-humanistes occasionnels de certains de nos dirigeants ». Ainsi, selon lui, « bien que sans volonté réelle de nuire, nous avons souvent promis ce qu’il nous était impossible de tenir ». C’est ainsi que la marche triomphale de la civilisation se poursuit jusqu’à nos jours.”
Excerto de: Noam Chomsky. “Responsabilités des intellectuels.” iBooks. https://itunes.apple.com/WebObjects/MZStore.woa/wa/viewBook?id=290E45747D43F2CA9C78F78DFE5B4182
Excerto de: Noam Chomsky. “Responsabilités des intellectuels.” iBooks. https://itunes.apple.com/WebObjects/MZStore.woa/wa/viewBook?id=290E45747D43F2CA9C78F78DFE5B4182
“Responsabilités des intellectuels"
“Responsabilités des intellectuels"
Frédéric Cotton et Noam Chomsky
À quoi bon dénoncer les crimes dont sont coupables les régimes totalitaires, si l’on est incapable d’investir la même énergie militante et la même rigueur intellectuelle à révéler ceux commis par les démocraties si habiles à draper dans la défense des droits de l'homme leurs interventions les moins honorables ?”
Excerto de: Noam Chomsky. “Responsabilités des intellectuels.” iBooks. https://itunes.apple.com/WebObjects/MZStore.woa/wa/viewBook?id=290E45747D43F2CA9C78F78DFE5B4182
Frédéric Cotton et Noam Chomsky
À quoi bon dénoncer les crimes dont sont coupables les régimes totalitaires, si l’on est incapable d’investir la même énergie militante et la même rigueur intellectuelle à révéler ceux commis par les démocraties si habiles à draper dans la défense des droits de l'homme leurs interventions les moins honorables ?”
Excerto de: Noam Chomsky. “Responsabilités des intellectuels.” iBooks. https://itunes.apple.com/WebObjects/MZStore.woa/wa/viewBook?id=290E45747D43F2CA9C78F78DFE5B4182
Sou Barco - Luis Cilia - Palau Sant Jordi 1993
Um dos melhores músicos portugueses. Pena a voz ser tão frágil.
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
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