segunda-feira, 11 de julho de 2011

Crise na Itália provoca reunião de emergência da UE

Van Rompuy conversa com Berlusconi. Chegou a vez da Itália? Foto de President of the European Council

Crise na Itália provoca reunião de emergência da UE

Líderes europeus reúnem inesperadamente esta segunda-feira. Crise da Itália põe-na na mira das agências de 'rating'. Novo empréstimo à Grécia está parado por falta de consenso.
O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, convocou uma reunião de emergência para esta segunda-feira em Bruxelas com os principais líderes da União Europeia. Na agenda está a a situação da Itália, o mais novo alvo da pressão dos mercados, e o segundo plano de resgate da Grécia.
A reunião vai ocorrer antes do Ecofine e contará, de acordo com a agência Reuters, com a presença do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e do comissário europeu para os Assuntos Económicos, Olli Rehn.
 
Itália na mira
A Itália é o mais novo alvo da pressão dos chamados mercados.
Na sexta-feira, a bolsa de Milão caiu 3,3% e a taxa de risco subiu a um máximo de 247 pontos base, com os bancos a serem muito castigados. A Itália tem uma dívida pública que representava, no final de 2010, 119% do PIB, segundo dados do Eurostat. Na semana passada, as agências de rating puseram o país em observação, afirmando a Standard & Poor's que a crise tinha feito gorar “todos os esforços italianos de consolidação fiscal realizados durante a última década", enquanto a Moody's punha em revisão o rating da Itália e de 16 entidades de crédito locais.
Os chamados “esforços de consolidação fiscal” começaram no ano passado com um primeiro plano de cortes de 21.500 milhões de euros, que consistiu no congelamento dos salários dos funcionários públicos até 2012, a redução dos salários dos membros do governo, ajustes das verbas para as regiões e medidas para combater a evasão fiscal.

Ele pensa que é um génio”
Agora, o governo foi mais longe e aprovou um novo plano de cortes no valor de 43 mil milhões, que consiste em prolongar o congelamento dos salários, novos cortes de gastos e uma taxa sobre as transacções bancárias. Mas a crise política, que já levou Silvio Berlusconi a anunciar que não voltará a candidatar-se, irrompeu com força e veio ampliar as pressões das agências.
O próprio Berlusconi deitou achas na fogueira ao atacar o seu próprio ministro da Economia, Giulio Tremonti, de quem disse: “Ele pensa que é um génio e acredita que todos os demais são uns cretinos. Suporto-o porque conheço-o há muito tempo, e é preciso aceitar que ele é assim. Mas é o único que não faz jogo de equipa.”
Tremonti tem-se recusado a baixar impostos, o que é pedido pelo próprio Berlusconi e pelo líder da Liga Norte, Umberto Bossi, e pelo contrário vai aumentá-los.
O primeiro-ministro anunciou então que vai levar o novo plano ao Parlamento, para amenizá-lo um pouco. Foi o que bastou para despertar a ira das agências, que ameaçam baixar o rating da Itália, possivelmente em dois níveis.
 
Novo empréstimo à Grécia está parado
O outro problema é a Grécia, que só teve a crise adiada com a última tranche do empréstimo do ano passado. O novo empréstimo está parado, não há consenso nem clareza em relação a de onde vão sair os fundos, e as agências de rating já ameaçaram considerar o país em situação de não-pagamento se os bancos aceitarem uma reestruturação, mesmo que voluntária, da dívida.

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