domingo, 11 de novembro de 2007

OPINIÃO PÚBLICA - A BAIONETA DO PODER

"Com as baionetas, sire, pode fazer-se tudo menos uma coisa: sentarmo-nos nelas."- disse um belo dia Talleyrand a Napoleão. E tinha toda a razão.
Mandar não é gesto de arrebatar o poder, mas o seu calmo exercício. Mandar é sentar-se. Trono, cadeira, curul, banco azul, poltrona ministerial, sede. Contra o que supõe a óptica inocente e flohetinesca, o mando não é tanto questão de punhos quanto de nádegas bem assentes. O Estado é, em definitivo, o estado da opinião: uma situação de equilíbrio, de estática.
O que acontece é que às vezes a opinião pública não existe. Uma sociedade dividida em grupos discrepantes, cuja força de opinião fica reciprocamente anulada, não permite que se constitua um mando. E como a Natureza tem horror ao vazio, esse vazio deixado pela força ausente da opinião, enche-se com a força bruta.
Portanto, se se quiser exprimir com toda a precisão a lei da opinião pública como lei de gravitação histórica, convém ter em conta estes casos de ausência e, então, chega-se a uma fórmula que é o conhecido, venerável e verídico lugar-comum: não se pode mandar contra a opinião pública.
Mas também é verdade que QUEM TEM O PODER, O MANDO, E QUISER CONTINUAR SAUDÁVEL NÃO DEVE SENTAR-SE NA OPINIÃO PÚBLICA.

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