Dear ISEI Member,
As you know, the journal Infants and Young Children (IYC) is published in conjunction with the International Society on Early Intervention (ISEI). As part of this relationship, the publisher of IYC has allowed us to make available on the ISEI Website two articles from each issue of IYC for our members. In addition, we have provided an opportunity for you to comment on one or both of these articles or ask questions of the author(s). The authors have agreed to respond at a later time. Comments can be on any aspect of the article, but certainly comments relevant to the value of this information in your own country would be of special interest. The two articles for this issue of IYC are:
1) CRITICAL CONNECTIONS FOR CHILDREN WHO ARE ABUSED AND NEGLECTED: HARNESSING THE NEW FEDERAL REFERRAL PROVISIONS FOR EARLY INTERVENTION Sheryl Dicker, JD; Elysa Gordon, MSW, JD This article highlights strategies that link the child welfare, court, and Early Intervention systems to enhance the healthy development of young children in foster care. It spotlights the need for infants and young children in foster care to be referred to the Early Intervention Program (EIP) and outlines the importance of implementing the new Child Abuse Prevention and Treatment Act Part C referral provisions. It outlines the barriers to the EIP for maltreated children and identifies strategies to ensure referral and successful navigation of the EIP. The authors will describe several innovative, collaborative programs that link child protective services, health, mental health, and developmental services and provide cross-system training and funding to facilitate early intervention diagnosis and treatment for young children in foster care. Key words: CAPTA, child welfare, early intervention, IDEA Part C
2) SOUND BEGINNINGS: SUPPORTING FAMILIES OF YOUNG DEAF CHILDREN WITH COCHLEAR IMPLANTS Jean L. DesJardin, PhD; Laurie S. Eisenberg, PhD; Robert M. Hodapp, PhD For many families of young children who are deaf, a cochlear implant may be the most viable option for promoting spoken language development. Children may qualify for a cochlear implant as young as 12 months if they have demonstrated minimal benefit from conventional amplification. In order for oral language to occur, however, parents need to be fully involved in their children’s early-intervention program. This article presents 2 family constructs that are associated with language learning in young children with cochlear implants: parental involvement and maternal self efficacy. After reviewing the theoretical and clinical applications of these family constructs, we provide practical suggestions for professionals working with families who have young children with cochlear implants. Key words: cochlear implant, early intervention, self-efficacy, parental involvement, parent-facilitative language strategies, natural learning environment
To discuss these articles, please simply click "Infants and Young Children" on the ISEI Home Page (www.isei.washington.edu). These articles are in a .pdf format exactly as they are published in the journal itself and will be available to you on the Website until September 30, 2006.
I hope you find this effort to further expand communications among ISEI members interesting and rewarding.
Best regards,
Mike Guralnick
ISEI Chair
*****************************************************
Michael J. Guralnick, Ph.D.
Director, Center on Human Development and Disability
Professor of Psychology and Pediatrics
University of Washington, Box 357920
Seattle, WA 98195-7920
Phone: (206) 543-2832
Fax: (206) 543-3417
sexta-feira, 28 de julho de 2006
quarta-feira, 26 de julho de 2006
A VERDADE E O PODER
Para o poder, de ontem e de hoje, a verdade é um elemento decorativo, assim como uma boneca vestida à minhota, pendurada no espelho retrovisor do automóvel.
Enquanto não incomodar, por exemplo enquanto não prejudicar a visibilidade, será mantida para dar ambiente; se e quando começar a incomodar, será arrancada do seu poiso num piscar de olhos.
De qualquer modo, não é ela que faz andar o automóvel...
JB
Enquanto não incomodar, por exemplo enquanto não prejudicar a visibilidade, será mantida para dar ambiente; se e quando começar a incomodar, será arrancada do seu poiso num piscar de olhos.
De qualquer modo, não é ela que faz andar o automóvel...
JB
terça-feira, 25 de julho de 2006
AUTISMO E PERTURBAÇOES DO ESPECTRO AUTISTA
Clarificação de conceitos
O autismo é uma perturbação do desenvolvimento que afecta essencialmente as capacidades de comunicar, de compreender a linguagem e de brincar e interagir com os outros. O autismo é um sindroma comportamental, o que significa que a sua definição e diagnóstico se baseiam fundamentalmente na detecção de padrões de comportamento. Não é verdadeiramente uma doença. Também não é contagioso, nem, tanto quanto se sabe actualmente, pode ser adquirido por contacto com o ambiente que rodeia a criança. É uma limitação de origem neurológica que, segundo se presume, está presente desde o nascimento repercutindo-se em comportamentos típicos, observáveis o mais tardar antes dos três anos. Embora todas as evidências científicas apontem para que o autismo resulte de uma perturbação do funcionamento e da estrutura cerebral, a causa específica mantém-se teimosamente desconhecida. De facto, é comummente aceite na comunidade científica que o autismo resulta de uma multiplicidade de factores, podendo cada um deles manifestar-se de diferentes formas. A etiologia do autismo é, portanto, ainda um enigma: as teorias sobre este assunto não são mais do que hipóteses interessantes, mas que exigem investigações mais credíveis.
A desordem de espectro autista é um termo cada vez mais popular que se refere a uma definição lata do autismo, que inclui a forma clássica de autismo e outras limitações relacionadas que apresentam muitas das suas características nucleares. A desordem ou perturbação de espectro autista (DEA) inclui, para além do autismo na sua forma clássica:
➢ Perturbação “Pervasiva” (Generalizada) do Desenvolvimento (em inglês: “Pervasive Developmental Disorder”) que se refere a um conjunto de características que se assemelham ao autismo, mas que se manifestam de forma menos severa ou menos extensa.
➢ Sindroma de Rett, uma perturbação que afecta só raparigas e que resulta de uma desordem genética implicando sinais neurológicos muito evidentes com repercussões comportamentais progressivas.
➢ Sindroma de Asperger que se refere a pessoas com autismo, mas que desenvolvem competências linguísticas
➢ Perturbação de Desintegração na Infância que se refere a situações em que as crianças se desenvolvem normalmente durante os dois (mais ou menos) primeiros anos, mas que regridem com perda da fala e de outras competências até à elaboração de características autistas.
Descrição do Comportamento
As pessoas com autismo são fundamentalmente caracterizadas por apresentarem dificuldades de desenvolvimento na comunicação verbal e não verbal, nas relações sociais e nas actividades de jogo e de lazer. Todos os autistas manifestam problemas acentuados ao nível das interacções sociais. Para além disso, exibem comportamentos estranhos, e movimentos repetitivos e “circulares”, incluindo comportamentos estereotipados e auto-estimuladores, resistência às mudanças nas rotinas e em outras características do seu ambiente e hipersensibilidade ou hipossensibilidade a certos tipos de estimulação específica que diferem de criança para criança. Algumas pessoas com autismo têm dificuldades de desenvolvimento global das suas competências, enquanto outras adquirem competências elevadas em certas áreas (música, mecânica, cálculo aritmético), manifestando atrasos significativos de desenvolvimento em outras áreas.
Abordagens Educativas e Apoio Educativo
Desde há mais de 50 anos, isto é desde que o autismo foi identificado como um sindroma, que têm vindo a ser sugeridos modelos de intervenção educativa muito variados. Esses modelos têm, por regra, origem em teorias científicas, mas nem por isso é garantido que sejam eficazes para todas as crianças com autismo. Actualmente, esta insuficiência prática mantém-se, apesar de algumas formas de intervenção serem promovidas pelos seus responsáveis como garantia única de sucesso. Esta promoção, comercialmente legítima, não tem, regra geral, qualquer fundamento científico que assegure a todas as pessoas com autismo a melhoria dos seus comportamentos e adaptabilidade. Todavia, as intervenções que resultam directamente de abordagens educativas e comportamentais têm-se revelado capazes de ajudar um grande número de crianças e adultos com autismo, sobretudo na medida em que apostem no ensino de novas competências que capacitem os autistas na funcionalidade do seu comportamento na vida do dia a dia, na escola e nas interacções com a comunidade. Muitos anos de pesquisa e experiência produziram importantes orientações para a organização da intervenção educativa das pessoas com autismo. Essas orientações não se traduzem eficazmente em modelos generalizáveis de intervenção, mas revelam-se, na sua grande maioria, de uma grande utilidade, na medida em que estabelecem marcos de referência para que os educadores, pais ou profissionais, construam com a criança autista um modelo adaptado de intervenção, de acordo com as características de cada uma. Com efeito, a categoria autismo não é prescritiva: não indica que intervenção deve ser providenciada ou como deve ser organizada para cada criança concreta.
De entre as orientações gerais que devem regular o esforço de programação individualizada da acção educativa, salienta-se:
➢ A vantagem de contextos bem estruturados;
➢ A utilidade de linhas de orientação muito precisas a respeito das expectativas de comportamentos apropriados e não apropriados;
➢ A necessidade de serem incluídos no ambiente da criança sistemas ou materiais, escritos ou pictográficos, que a possam ajudar a compreender e a prever o fluir e a sequência das actividades;
➢ A centração dos esforços educativos no desenvolvimento de competências funcionais que contenham utilidade imediata nos contextos de vida da criança;
➢ A utilização de estratégias para melhorar a sua comunicação e linguagem e para se relacionar satisfatoriamente com os ambientes complexos de casa, escola e comunidade;
➢ A participação dos pais e outros membros da família em todos os aspectos relacionados com a avaliação, programação do currículo, intervenção educativa e monitorização dos sucessos e insucessos;
O autismo é uma perturbação do desenvolvimento que afecta essencialmente as capacidades de comunicar, de compreender a linguagem e de brincar e interagir com os outros. O autismo é um sindroma comportamental, o que significa que a sua definição e diagnóstico se baseiam fundamentalmente na detecção de padrões de comportamento. Não é verdadeiramente uma doença. Também não é contagioso, nem, tanto quanto se sabe actualmente, pode ser adquirido por contacto com o ambiente que rodeia a criança. É uma limitação de origem neurológica que, segundo se presume, está presente desde o nascimento repercutindo-se em comportamentos típicos, observáveis o mais tardar antes dos três anos. Embora todas as evidências científicas apontem para que o autismo resulte de uma perturbação do funcionamento e da estrutura cerebral, a causa específica mantém-se teimosamente desconhecida. De facto, é comummente aceite na comunidade científica que o autismo resulta de uma multiplicidade de factores, podendo cada um deles manifestar-se de diferentes formas. A etiologia do autismo é, portanto, ainda um enigma: as teorias sobre este assunto não são mais do que hipóteses interessantes, mas que exigem investigações mais credíveis.
A desordem de espectro autista é um termo cada vez mais popular que se refere a uma definição lata do autismo, que inclui a forma clássica de autismo e outras limitações relacionadas que apresentam muitas das suas características nucleares. A desordem ou perturbação de espectro autista (DEA) inclui, para além do autismo na sua forma clássica:
➢ Perturbação “Pervasiva” (Generalizada) do Desenvolvimento (em inglês: “Pervasive Developmental Disorder”) que se refere a um conjunto de características que se assemelham ao autismo, mas que se manifestam de forma menos severa ou menos extensa.
➢ Sindroma de Rett, uma perturbação que afecta só raparigas e que resulta de uma desordem genética implicando sinais neurológicos muito evidentes com repercussões comportamentais progressivas.
➢ Sindroma de Asperger que se refere a pessoas com autismo, mas que desenvolvem competências linguísticas
➢ Perturbação de Desintegração na Infância que se refere a situações em que as crianças se desenvolvem normalmente durante os dois (mais ou menos) primeiros anos, mas que regridem com perda da fala e de outras competências até à elaboração de características autistas.
Descrição do Comportamento
As pessoas com autismo são fundamentalmente caracterizadas por apresentarem dificuldades de desenvolvimento na comunicação verbal e não verbal, nas relações sociais e nas actividades de jogo e de lazer. Todos os autistas manifestam problemas acentuados ao nível das interacções sociais. Para além disso, exibem comportamentos estranhos, e movimentos repetitivos e “circulares”, incluindo comportamentos estereotipados e auto-estimuladores, resistência às mudanças nas rotinas e em outras características do seu ambiente e hipersensibilidade ou hipossensibilidade a certos tipos de estimulação específica que diferem de criança para criança. Algumas pessoas com autismo têm dificuldades de desenvolvimento global das suas competências, enquanto outras adquirem competências elevadas em certas áreas (música, mecânica, cálculo aritmético), manifestando atrasos significativos de desenvolvimento em outras áreas.
Abordagens Educativas e Apoio Educativo
Desde há mais de 50 anos, isto é desde que o autismo foi identificado como um sindroma, que têm vindo a ser sugeridos modelos de intervenção educativa muito variados. Esses modelos têm, por regra, origem em teorias científicas, mas nem por isso é garantido que sejam eficazes para todas as crianças com autismo. Actualmente, esta insuficiência prática mantém-se, apesar de algumas formas de intervenção serem promovidas pelos seus responsáveis como garantia única de sucesso. Esta promoção, comercialmente legítima, não tem, regra geral, qualquer fundamento científico que assegure a todas as pessoas com autismo a melhoria dos seus comportamentos e adaptabilidade. Todavia, as intervenções que resultam directamente de abordagens educativas e comportamentais têm-se revelado capazes de ajudar um grande número de crianças e adultos com autismo, sobretudo na medida em que apostem no ensino de novas competências que capacitem os autistas na funcionalidade do seu comportamento na vida do dia a dia, na escola e nas interacções com a comunidade. Muitos anos de pesquisa e experiência produziram importantes orientações para a organização da intervenção educativa das pessoas com autismo. Essas orientações não se traduzem eficazmente em modelos generalizáveis de intervenção, mas revelam-se, na sua grande maioria, de uma grande utilidade, na medida em que estabelecem marcos de referência para que os educadores, pais ou profissionais, construam com a criança autista um modelo adaptado de intervenção, de acordo com as características de cada uma. Com efeito, a categoria autismo não é prescritiva: não indica que intervenção deve ser providenciada ou como deve ser organizada para cada criança concreta.
De entre as orientações gerais que devem regular o esforço de programação individualizada da acção educativa, salienta-se:
➢ A vantagem de contextos bem estruturados;
➢ A utilidade de linhas de orientação muito precisas a respeito das expectativas de comportamentos apropriados e não apropriados;
➢ A necessidade de serem incluídos no ambiente da criança sistemas ou materiais, escritos ou pictográficos, que a possam ajudar a compreender e a prever o fluir e a sequência das actividades;
➢ A centração dos esforços educativos no desenvolvimento de competências funcionais que contenham utilidade imediata nos contextos de vida da criança;
➢ A utilização de estratégias para melhorar a sua comunicação e linguagem e para se relacionar satisfatoriamente com os ambientes complexos de casa, escola e comunidade;
➢ A participação dos pais e outros membros da família em todos os aspectos relacionados com a avaliação, programação do currículo, intervenção educativa e monitorização dos sucessos e insucessos;
DIAGNÓSTICO PRECOCE DO AUTISMO
21 de Julho de 2006 .... Investigadores da Escola de Medicina de Yale descobriram alterações na placenta que podem ser o primeiro elemento de diagnóstico de autismo. Esta descoberta poderá ajudar os médicos a diagnosticar o autismo na altura do nascimento.
O autismo é uma perturbação do desenvolvimento que tem um efeito muito marcado na socialização, na comunicação, na aprendizagem e em outros comportamentos.
Os investigadores descobriram que as placentas de onde nascem crianças autistas têm três vezes mais inclusões trofoblásticas do que as outras placentas. Alterações do mesmo género já tinham sido observadas em outras perturbações do desenvolvimento de origem cromossómica e em doenças de natureza genética. Estas inclusões perecem resultar de um crescimento atípico das células. Esta descoberta é compatível com outros estudos que apontam para uma origem genética do autismo.
Segundo Volkmar, um dos investigadores de Yale, "se estes resultados forem confirmados na próxima série de estudos que será levada a cabo, então a detecção de inclusões trofoblásticas no momento do nascimento, na ausência de outras anomalias genéticas óbvias, poderá ser uma indicação de que estamos perante uma criança que necessita de ser acompanhada por um especialista para se determinar, o mais precocemente possível, se é ou não autista".
O autismo é uma perturbação do desenvolvimento que tem um efeito muito marcado na socialização, na comunicação, na aprendizagem e em outros comportamentos.
Os investigadores descobriram que as placentas de onde nascem crianças autistas têm três vezes mais inclusões trofoblásticas do que as outras placentas. Alterações do mesmo género já tinham sido observadas em outras perturbações do desenvolvimento de origem cromossómica e em doenças de natureza genética. Estas inclusões perecem resultar de um crescimento atípico das células. Esta descoberta é compatível com outros estudos que apontam para uma origem genética do autismo.
Segundo Volkmar, um dos investigadores de Yale, "se estes resultados forem confirmados na próxima série de estudos que será levada a cabo, então a detecção de inclusões trofoblásticas no momento do nascimento, na ausência de outras anomalias genéticas óbvias, poderá ser uma indicação de que estamos perante uma criança que necessita de ser acompanhada por um especialista para se determinar, o mais precocemente possível, se é ou não autista".
segunda-feira, 24 de julho de 2006
VIVE LA FRANCE
O primeiro-ministro francês teve de enfrentar manifestações dos jovens contra a sua política de primeiro emprego. Perdeu em toda a linha, e dessa derrota política beneficiou o seu ministro do interior, Nicolas Sarcozy.
O senhor Sarcozy enfrenta agora a desobediência civil de numerosas famílias francesas que se opõem ao repatriamento de imigrantes não legalizados. Não há manifestações de rua. Não são necessárias.
O que se passa é o seguinte:
Revigorado com a popularidade ganha à custa da incompetência do primeiro-ministro, o senhor Sarcozy decidiu repatriar todos os imigrantes não legalizados. Numa fase inicial, teve de ceder na execução desta política, perante a crítica das associações de pais dos alunos franceses, que entendiam como injusto o facto de a vida escolar dos seus filhos ser prejudicada com a perda de colegas que teriam de ser repatriados, durante o ano lectivo. Como na legislação francesa, o repatriamento não pode separar os filhos dos pais, o senhor ministro teve de adiar esse repatriamento para depois das aulas.
Só que agora, acabadas as aulas, muitas famílias francesas decidiram guardar essas crianças imigrantes em suas casas, adoptando uma prática assumida de desobediência civil, apoiada nomeadamente por moviemntos da igreja católica.
O senhor ministro não está a conseguir levar a dele avante, graças a um movimento cívico bem mais poderoso do que qualquer manifestação.
VIVE LA FRANCE
O senhor Sarcozy enfrenta agora a desobediência civil de numerosas famílias francesas que se opõem ao repatriamento de imigrantes não legalizados. Não há manifestações de rua. Não são necessárias.
O que se passa é o seguinte:
Revigorado com a popularidade ganha à custa da incompetência do primeiro-ministro, o senhor Sarcozy decidiu repatriar todos os imigrantes não legalizados. Numa fase inicial, teve de ceder na execução desta política, perante a crítica das associações de pais dos alunos franceses, que entendiam como injusto o facto de a vida escolar dos seus filhos ser prejudicada com a perda de colegas que teriam de ser repatriados, durante o ano lectivo. Como na legislação francesa, o repatriamento não pode separar os filhos dos pais, o senhor ministro teve de adiar esse repatriamento para depois das aulas.
Só que agora, acabadas as aulas, muitas famílias francesas decidiram guardar essas crianças imigrantes em suas casas, adoptando uma prática assumida de desobediência civil, apoiada nomeadamente por moviemntos da igreja católica.
O senhor ministro não está a conseguir levar a dele avante, graças a um movimento cívico bem mais poderoso do que qualquer manifestação.
VIVE LA FRANCE
sexta-feira, 21 de julho de 2006
quarta-feira, 19 de julho de 2006
O SOFISTA E O FILÓSOFO
(da grelha de conteúdos a considerar pelos correctores das provas de exame de Filosofia do 12º ano de 2006 - a respeito de "Górgias" de Platão.
1. Os dois modos de exercer o poder são o do sofista e o do filósofo: o sofista é um político ambicioso, cuja acção se caracteriza pela intemperança e pelo desejo de domínio sobre os outros; o filósofo exerce o poder com temperança e com base no saber e na virtude;
2. Ao exercer o poder, o sofista mostra que não conhece a justiça; serve-se da adulação para manipular os cidadãos e desviá-los da virtude, pondo-os ao serviço dos seus interesses particulares e do seu desejo de domínio: orienta-se pela lei do mais forte.
3. Pelo contrário, o filósofo exerce o poder e conduz a sua acção e conduz a sua acção de modo a tornar os outros homens melhores. Ele é o único verdadeiro político, já que exerce a sua actividade de modo desinteressado, baseando-se no conhecimento da justiça e na razão.
sábado, 15 de julho de 2006
IL FAUT IMAGINER SISYPHE HEUREUX
... o mito de Sísifo.
"Il faut imaginer Sisyphe heureux."
Camus exprimia, no final do ensaio filosófico "Le Mythe de Sisyphe" (Galimmard, 1942), este desejo que partilho, por acreditar na possibilidade da existência redentora, ainda que esporádica, de fortes momentos de consciência por todos aqueles que se confrontam com a fatalidade do esforço inútil e sem esperança.
Sísifo foi condenado pelos deuses do Olimpo, por ter espalhado levianamente os seus segredos, a rolar um enorme rochedo, incessantemente, até ao cimo de uma montanha. Quando, finalmente, conseguia empurrá-la até ao alto, a pedra caía novamente em virtude do seu próprio peso. Os deuses foram sábios ao impor este castigo a Sísifo, por não existir punição mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança. Para Homero, pelo contrário, o conformismo de Sísifo perante tal medíocre tarefa faria dele o mais prudente, e o mais sábio, dos mortais que vagueavam pela Terra e, para outros, seria mesmo muito arguto.
No entanto, numa interpretação que prefiro, Camus faz de Sísifo o modelo do herói absurdo porque, como o herói sem carácter, nada faz para se valer desse título e apenas executa o seu destino aceitando-o e executando-o, repetida e persistentemente com ardor e determinação, apesar de saber da impossibilidade de o modificar. Num eterno retorno, Sísifo não acalenta a esperança de que, na próxima subida à montanha, a pedra não volte a cair; pelo contrário, sabendo que, uma vez mais, ela rolará fatalmente não se detém na esperança da subida e enfrenta, apenas, a inevitabilidade da descida sem nada fazer para o evitar. Sísifo é, assim, visto como absurdo tal como o seu tormento e como o motivo que o levou a suportá-lo. Sísifo despreza os deuses e odeia a morte (que poderia facilmente acabar com seu destino fatalista) mas crê-se apaixonado pela vida (o que lhe aumenta o carácter absurdo) cuja suprema recompensa é precisamente esse suplício indescritível, onde todo o seu ser se ocupa em não completar nada. Curiosamente, Sísifo não considera essa tarefa infame como um castigo e, num pseudo-final desse desvairado esforço, acredita que atingirá um objectivo, a sua (im)possível glória. E, de cada vez, vê a pedra desabar mas comunga com ela acreditando mesmo fazer parte dela, ignorando que a pedra depende dele para subir mas que, para descer, o seu esforço ou a sua vontade são totalmente em vão. O espírito de Sísifo está já inexoravelmente aliado ao da pedra e, assim, desce, cai, rola também e, apesar de haver uma certa discrepância quanto ao tempo levado por cada um, para atingir o fundo, ambos o atingem. Sísifo comunga e compartilha com o seu fim – porém não o conhece - e esse facto é relevante para si porque o impele a seguir o seu fatídico objectivo, quantas e infinitas vezes necessárias forem, até que essa percepção se torne, por fim, mais forte do que o seu destino e seja na descida, infinita, que talvez aflore a sua consciência e lhe seja permitido salvar-se.
A aparente inconsciência de Sísifo é o que torna a sua labuta trágica. Existiriam o castigo, a pena, a punição, se Sísifo pudesse livrar-se da sua supostamente indigna tarefa? Onde estaria o carácter punitivo do seu destino, se houvesse a mínima esperança de Sísifo ser bem sucedido? E porque razão o sucesso deveria, obrigatoriamente, estar no objectivo final? O sucesso de Sísifo não consiste na esperança utópica de manter o rochedo no alto da montanha mas, pelo contrário, nas suas inúmeras descidas ao sopé da montanha. Onde estaria a pena de Sísifo, se a cada mínimo rolar da rocha, fosse sustentado pela certeza de ser bem sucedido? O sucesso, assim como a felicidade de Sísifo, estão na sua incerteza e na sua desesperança. E, por isso, é trágico e é absurdo.
sexta-feira, 14 de julho de 2006
O SENTIDO DAS COISAS
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