- "O hino oficial da Troika sempre foi ignorado. Revelo-to agora, para que saibas: Benvindos a Beirais, Ai, Ai, ai, era este o seu hino oficial. O seu estandarte era e continua a ser um pano preto bifurcado com uma caveira no centro. Sabe-se, agora que, por razões compreensíveis, a Troika alterou o seu hino oficial para: Vou-me embora, vou partir, mas tenho esperança de pôr uma praça portuguesa a arder como na Ucránia. Percebe-se a ideia:
- as exportações não aumentaram tanto como diz o governo; o que diminuiram foram as importações, por falta de dinheiro dos portugueses.
- a dívida aumentou.
- a recessão mantém-se: o crescimento em 2013 é negativo; em três anos de governação PSD/CDS a recessão ficou em 5.8%. É muito. A riqueza em Portugal não pára de diminuir.
- Nada disto deveria, no entanto, ser uma boa razão para incendiar uma praça portuguesa, propondo uma redução de salários. É preciso ter juízo. Embora o objetivo pareça ser o de pôr isto a arder, a Troika deveria saber que aquilo que os portugueses mais aproximam de uma guerra civil é um jogo de futebol. E este conhecimento da alma portuguesa deveria ser suficiente para os fazer desistir. Não desistem, porque contam com a preciosa colaboração dos próprios governantes portugueses que, habituados a odiar com tiques colonialistas a Nação portuguesa e o Estado português, vão acabar por fazer o que lhes é pedido. Pode não arder praça nenhuma, mas isto vai ficar uma lástima. Vou-me embora, vou partir, mas tenho esperança de pôr uma praça portuguesa a arder como na Ucránia".
- "Vítor Gaspar revelou ser um admirador de Isaiah Berlin na apresentação pública do seu livro. O que tem piada é que Passos Coelho recusou no seu congresso a acusação de neo-liberal. saberão eles do que estão a falar? O gaspar deve saber..."
- " Os espetáculos dos media (sobretudo da televisão) parecem festinhas de infantário, com apresentadoras que chiam como eixos ensebados da rodas de carros de bois, e apresentadores, cuja voz parece o crepitar de vimes secos na lareira."
- "Imagina, Chaplin, uma nova espécie animal tão sapiens como outra qualquer, mas não homo, uma felinus sapiens, por exemplo. Aprenderia sem dificuldade que um homo sapiens qualquer já tinha pisado a Lua. Em abono do facto, teria acesso a imagens gravadas, atestando esse fenómeno com toda a evidência e contra todo o ceticismo. O problema, Chaplin, surgiria quando imagens e provas da mesma qualidade, ou até de qualidade muito superior, mostrassem cavalos a falar, homens a zurrar, e por aí fora. O que seria a verdade num mundo destes? É que essas imagens e provas, para um qualquer felinus sapiens, existem por aí aos montes."
- "Como podes tu, pobre Chaplin, distinguir um programa de televisão de um intervalo publicitário? Não podes, ninguém pode, porque os programas destinam-se a mostrar, não o que é bom, mas o que, se não for mostrado, não será nada".
- "Ouviste aquele treinador de futebol a garantir que, depois de um jogo sem a equipa fazer um único remate à baliza do aversário, fazer um novo jogo e rematar duas vezes e fazer um golo já é um grande progresso?"
- "Observa bem aquela velha a roer o farrapo de couve galega, a enrolá-lo no único dente que ainda tem, a misturá-lo na broa de milho que mastiga laboriosamente, a saborear uma verdadeira iguaria, e a lamentar-se de não ter contado à sua filha que há muito já fez setenta anos, e que agora lhe pede desesperadamente que a salve da máquina que lhe vai desvendar os interiores, que aqueles homens, que nascem de geração espontânea do monte de lixo que separa a sua rua da rua dos outros, são boas pessoas, mas não servem para pais dos filhos das mulheres. Diz-lhe isto, com a filha sentada ao colo. Mas sabe que não resolve nada com o que diga. Porque tudo o que possa dizer já é tardio e fora do prazo."