sábado, 12 de janeiro de 2013

Para que Deve Servir a Filosofia?

A filosofia tem que denunciar a origem e a conservação de uma "cultura democrática", onde a produção de "ideias" é absorvida pelo imperativo de as considerar como mercadorias de rápida circulação e renovação, sujeitas aos critérios de "sensibilidade do mercado" e de "interesse dos media". Com efeito, a filosofia não tem nada a ver com a opinião e com a discussão ou argumentação como forma de determinar as opiniões mais "razoáveis" ou mais "justas". A filosofia não pode, não deve, submeter-se às forças dos novos sofistas dos nossos tempos, e deve remeter os debates proposicionais para os gabinetes e laboratórios linguísticos. A filosofia é uma atividade criadora, uma atividade vital, que busca o sentido (uma dimensão sem referência) da realidade vital e da busca da verdade, ou, se se quiser da estética criativa (e não só da criação estética, como se poderia erradamente pensar). Criar é resistir, é fuga ao conformismo, à miséria programada que nos envolve. Filosofar é mostrar vergonha, vergonha dos homens, vergonha de ser homem, e não só por causa das grandes catástrofes (as guerras e atrocidades em geral), mas também pela extrema mediocridade do pensamento, pelo discurso de um homem de Estado, por um programa de TV. Filosofar não é argumentar para definir que opiniões são racionalmente sustentáveis. Filosofar não é deixar tudo como está, depurando, de tudo o que é, aquilo que merece ser. Porque isso é a manifestação mais subtil da mediocridade do pensamento humano.

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