quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Obrigado

Muita gente me deu os parabéns hoje por ter feito anos. Acontece que não fiz nada para os fazer, e fiz o mesmo que nada para os não fazer. Não sou eu que mereço essa honra, mas sim o tempo, esse cão danado que nos persegue a rosnar e a morder-nos as canelas se queremos parar para descansar a ver o tempo passar. 
Resta-me a consolação de que hoje o Sol retorna à exacta posição que ocupava no dia em 
que nasci. Hoje, muito excepcionalmente, ele fez isso por mim. Quem sabe? talvez renasça. Mas até isso é mérito dele, do Sol. 


Parabéns então ao tempo que, ora à frente ora atrás, nunca ao lado, que eu nunca acertei a vida por ele, está a conseguir levar a dele avante. Naqueles e naquelas que, por lapso, me deram os parabéns a mim reconheço, todavia, a amizade, a simpatia ou a cortesia, e por isso lhes fico grato. Muito grato, porque enganados andamos todos, mas isso não é razão para deixarmos de andar ( o tempo não deixa...). 


Dizemos que escovamos o pêlo do cão no jardim com o argumento de que assim poupamos a casa e o tapete da casa aos pêlos que ficam por lá. Sabemos, no entanto, que isso não é verdade para os pêlos que continuam no cão (quase todos), o que equivale ao mesmo que não termos feito nada. Mas acreditamos em nós e na nossa magia, para não termos de reconhecer que, no fundo, escovar o pêlo ao cão é um acto de amizade, e só isso. Gostaria de ter razão, e estou convencido de que tenho, em interpretar do mesmo modo mágico os vossos parabéns. Obrigado a todos e a todas, portanto. Beijos, abraços, saudades. Jorge Barbosa

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