A ternura e a solidariedade, sejam de que época forem, do Natal também portanto, são constituintes indispensáveis da vontade de se ser humano, mesmo, e apesar de poderem ter uma inspiração transcendente.
Uma e outra podem, no entanto, ser palavras que escondem essa dinâmica insegura, essa vontade humana de se ser humano. Fiquei de boca aberta quando li uma mensagem publicitária no meu mail, convidando-me a aderir a um cartão de compras solidário. Como tenho tido algum tempo disponível de afazeres escravizantes, procurei saber em pormenor do que se tratava. E descobri que a única solidariedade que o cartão promovia de facto era a solidariedade entre as empresas vendedoras. Não estou a exagerar. Receio, pela imagem e por outros abusos, que, se não tivesse tempo para ver as coisas com cuidado, tivesse sido vilmente enganado. A solidariedade, tal como a ternura, não merece este despudor.
CONSELHO MEU (um dos muitos possíveis): lavemos e perfumemos as nossas memórias. Há que aproveitar as circunstâncias para arranjarmos forças para o fazer. E sejamos ternos e solidários, a sério, também no Natal.
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