Eu também sou do tempo em que isto era dito abertamente em espetáculos e em álbuns absolutamente excelentes: Money, it's Crime.
A qualidade da música e de tudo o resto não se compara à gigantesca idiotice de quem, numa entrevista de televisão (tenho estado um pouco inativo), no terceiro ou quarto segundo já disse que tem formação musical "clássica" (não é romântica, barroca, concreta, jazz ou outra) para se dedicar a fazer músicas só com refrões em dó, sol, fá, sol, dó. O refrão é um grito, legítimo, muitas vezes lindíssimo, mas não é um discurso.
Acontece que também vivo neste tempo atual em que Crime, it's not money.
Esta ideia brilhante de que não ter dinheiro é crime, ou pecado, ou pedido de castigo tem muitos aderentes num país, cuja língua diz que um dos seus músicos clássicos (esse sim) se chama Wolfgang. (para quem não saiba Wolf significa lobo e Gang significa bando, em resumo alcateia).
Tenho, portanto, mais tempo de mundo do que muitos outros e menos do que outros tantos. Só que, a quem toma decisões sobre a vida dos outros, deve exigir-se, sem dó nem piedade, que tenha, muito para além do tempo medido em relógios, o tempo incomensurável da reflexão, do pensamento, que, em Pitágoras por exemplo, se dizia multiplicar a sua vida por uma enorme quantidade de outras.
Para se adaptar aos tempos que aí vinham, os Pink Floyd também avisaram que a lunatic's in my mind (the black side of the moon).
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