quarta-feira, 28 de novembro de 2007

TRATADO DE DEMAGOGIA APLICADA

Traité de démagogie appliquée

Sarkozy, la récidive et nous

La démagogie, ce n’est pas flatter le peuple, c’est l’abaisser. L’histoire est pleine de ces flatteurs-là, prêts à tout, même au pire, pour asseoir leur popularité et forcer leur succès. Le mal est ancien, presque aussi vieux que la politique : il apparaît à l’horizon ded la démocratie . Quel besoin d’en parler encore ? Peut-être parce que cette démagogie est un des maux les plus insidieux de la République et que ce danger est, aujourd’hui, présent en France.

La peur du crime a toujours été l’un des terrains favoris des populistes. La loi sur la récidive, votée à la fin de l’année 2005, est un exemple parfait de cette démagogie en marche, de ses dangers et de ses dégâts. Fondé sur une falsification du droit, de la réalité et de la pratique des tribunaux, sur une méconnaissance totale de ce qu’est réellement la récidive ou de ce que sont les récidivistes, sur une ignorancce voire un mépris de toutes les recherches scientifiques, ce texte inutile ne sert en réalité qu’à alimenter un discurs électoraliste, celui du ministre de l’Intèrieur Nicolas Sarkozy en particulier. En somme, la récidive est un prétexte et cette loi un dangereux instrument de propagande.

Rédigé par Serge Portelli, magistrat confirmé, ce livre décortique d’abord les présupposés idéologiques qui ont conduit à l’élaboration de cette loi. Après avoir passé en revue les principales inepties de ce texte, l’ouvrage rétablit la vérité sur ce qu’est la récidive en partant des données les plus actuelles de la recherche et établit une liste de propositions sur ce que pourrait être une véritable politique en la matière.

Pour l’auteur, il y a surtout urgence à ne plus légiférer. Il faut plutôt repenser l’action politique qui ne se résume pas à la confection de lois nouvelles. Une attitude, moins médiatique, qui réclame seulement de la pédagogie et un peu de courage politique.


Serge Portelli

Serge Portelli est vice-président du Tribunal de grande instance de Paris. Il a co-rédigé avec Sophie Clément et Gérard Lopez Le droit des victimes (Dalloz, 2003).

Crianças com necessidades especiais enfrentam duras provas nas escolas ALEMÃS

28.11.2007

Crianças com necessidades especiais enfrentam duras provas nas escolas

A Alemanha tem uma das mais baixas taxas de integração escolar para portadores de deficiência em toda a Europa. Os críticos dizem que chegou a hora de mudar, mas enfrentam uma difícil batalha.

Joel, filho de Elke Krämer, foi um pouco lento em seu desenvolvimento físico. Nascido prematuramente, ele era menor do que outras crianças e levou mais tempo para aprender a andar, nadar e amarrar seus sapatos.

Seus professores do jardim-de-infância recomendaram uma escola especial para deficientes físicos. Foi dito a Krämer que lá seu filho teria sessões de fisioterapia que o ajudariam a recuperar o tempo perdido em relação a seus amigos, possibilitando que ele mudasse para uma escola regular.

Agora, Joel tem 11 anos e ainda está na escola especial — onde o nível de educação fica cada vez mais atrás da escola regular. Sua mãe está desesperada e tem poucas esperanças de que ele possa algum dia mudar para uma escola normal.

"Disseram-me que ele deveria ir para esta escola durante alguns anos do primário, então seria encaixado em uma escola regular mais tarde, relata Krämer, de 43 anos. "Agora vejo que muito poucas crianças conseguem fazer isso. Depois de um tempo eles não são aceitos em nenhum outro lugar."

Krämer preocupa-se com o futuro do seu filho. Sem um diploma da escola regular "ele não pode sequer conseguir um estágio de trabalho", diz ela.

O movimento de integração feito pelos Estados Unidos e muitos outros sistemas educativos ocidentais na década de 1970 parece ter sido completamente ignorado pela Alemanha. Segundo dados da Agência Européia para Necessidades Educativas Especiais, só 13% das crianças alemãs portadoras de necessidades especiais são educadas em escolas públicas regulares, em comparação com uma média de 79% na Europa Ocidental.

Alemanha nos últimos lugares

Embora seja difícil comparar estatísticas internacionais — cada país define deficiência e "necessidades especiais" de forma diferente — a distância entre a Alemanha e o resto da Europa é evidente, disse Sybille Hausmann, chefe do Gemeinsam Leben, Gemeinsam Lernen (Vivendo juntos, aprendendo juntos), grupo que reivindica a educação inclusiva, com sede em Frankfurt.

Ao falar na primeira grande conferência na Alemanha destinada a tratar de questões sobre escolaridade integrada, Eine Schule für Alle (Uma escola para todos), que foi realizada em Colônia, neste mês, Hausmann atribuiu a situação extrema da Alemanha a fatores históricos.

"Costuma-se pensar que as crianças têm que ser protegidas da sociedade. Do meu ponto de vista, penso que a sociedade quer estar protegida de crianças deficientes também." O mais importante é que o sistema escolar alemão "é um sistema muito segregacionista, para todas as crianças", salientou Hausmann.

Após a quarta série, na maioria dos estados, as crianças são divididas com base em sua habilidade em três tipos principais de escolas que oferecem certificados de diferentes graus. "No nosso sistema, você tem que atingir um certo nível. Se você falhar, está segregado de alguma forma. Você tem que repetir a classe ou ir a outra escola — ou a uma escola especial", explicou ela.

Hausmann vê as escolas de educação especial como "uma quarta perna" do sistema. Há dez diferentes variedades de escola especial, incluindo aquelas para os deficientes auditivos, visuais ou físicos, para quem tem dificuldades na fala, no aprendizado, para crianças emocionalmente perturbadas ou para doentes crônicos. Estas escolas atualmente acolhem cerca de 20% dos estudantes alemães, de acordo com o semanário alemão Die Zeit.

"Apartheid" nacional

As escolas segregacionistas alemãs não apenas ferem os direitos de um pequeno grupo portador de necessidades. Em 2006, o sistema foi apontado num severo relatório sobre a violação dos direitos humanos feito por Vernor Muñoz Villalobos, relator especial da ONU para o direito à educação.

Muñoz criticou o sistema, afirmando que oferecia risco especialmente às crianças deficientes — bem como àquelas de baixa renda ou aos filhos de imigrantes —, separando-as do resto da sociedade. Herbert Hüppe, membro da comissão para a deficiência na bancada da CDU no Bundestag, concorda. "O nosso sistema atual é definitivamente um tipo de apartheid", declara ele.

Exemplo de boa vontade

Além de ser parlamentar, Hüppe é pai de um menino com espinha bífida. Ele conseguiu colocar seu filho em uma escola normal na região de Unna, na Renânia do Norte-Vestfália. Mas foi uma luta difícil, mesmo para um deputado.

Hüppe cita que as escolas especiais alemãs nasceram de um bom impulso, há muito tempo, numa época em que não havia ensino obrigatório para os deficientes mentais. "Pensamos que estávamos realmente avançados com a criação destas escolas. Outros países não as tinham", lembra ele. "Agora, a maioria dos outros países possui classes inclusivas e nós é que estamos ultrapassados."

Seu "ideal visionário" de escolas alemãs está em acabar completamente com o conceito de escola especial. "As pessoas pensam que é utópico ou irrealista, mas acho que não vamos escapar disso", garante ele. Muitos continuam defendendo que as escolas especiais são os locais ideais para estudantes com deficiência satisfazerem as suas necessidades.

Ciência a favor da integração

"Mas todos os estudos científicos mostram que é melhor para ambos, estudantes com deficiência ou não, freqüentarem aulas integradas. Todos beneficiam-se", diz Hüppe. Ele cita Áustria, Luxemburgo e Canadá como exemplos de países que têm obtido sucesso em adaptar seus sistemas escolares a fim de incluir crianças com necessidades especiais em salas de aula integradas.

"Temos cada vez menos alunos. Nós não podemos nos dar ao luxo de mantê-los em escolas especiais", ele acrescenta. No entanto, contrariando essa sensação, as escolas para necessidades especiais estão mais cheias do que nunca na Alemanha. De 1995 a 2002, o número de alunos com necessidades especiais aumentou 10% no país.

"Eles estão mandando as crianças para uma escola especial de forma precipitada hoje em dia", declara a mãe de Joel, Elke Krämer. "Não estou falando de crianças que precisam de alguém para trocar suas fraldas ou algo parecido. Atualmente, se a criança não consegue pular com um pé só, eles a enviam para uma escola especial."

Solução política?

Ainda com pouca pressão política por trás disso, parece pouco provável que ocorra em breve uma revisão completa do sistema escolar dividido da Alemanha, afirma Eva Maria Thoms, uma das organizadoras da conferência Eine Schule für Alle em Colônia. Um dos maiores obstáculos à mudança é o fato de questões educacionais estarem inteiramente nas mãos de cada estado, enfatiza Thoms. O governo federal geralmente dá de ombros quando confrontado com exigências relativas à política de educação.

Ainda assim, para Thoms, a política é a única resposta. "A integração é um direito humano", lembra. A Convenção da ONU sobre Direitos das Pessoas com Deficiência, incluindo o artigo 24 sobre a educação inclusiva, foi reconhecida pela Alemanha, em março, mas o Bundestag ainda precisa ratificá-la."

"Eles devem fazer a gentileza de encontrar tempo para fazê-lo o mais rapidamente possível", defende Thoms. Quando isso acontecer, o governo alemão poderá requerer que os estados cumpram os requisitos da convenção das Nações Unidas. "Esta será uma outra luta", afirma ela. "Mas é a única maneira. E os pais têm que exercer pressão."


Redator(a):Jennifer Abramsohn (ak)

© Deutsche Welle

terça-feira, 27 de novembro de 2007

ALAIN TOURAINE

Résumé

Alain Touraine occupe une place prépondérante au sein de la sociologie française. L’ouvrage d’Alain Lebel propose de repérer et de comprendre les méandres d’une pensée certes difficile mais profondément riche.

Commentaire critique

Vie et œuvre (une quarantaine de titres) sont intiment liées chez Alain Touraine. D’une jeunesse studieuse passée sur les bancs de Louis-le-Grand et de l’École normale supérieure de la rue d’Ulm, Touraine garde le souvenir d’un certain ennui, tout du moins d’un parcours qu’il juge lui-même classique pour un enfant de la bourgeoisie (fils de médecin). La Seconde Guerre mondiale semble présenter pour le sociologue français une rupture personnelle et les prémisses d’une vocation pour l’histoire. Au lendemain du conflit, le jeune Touraine voyage en Hongrie puis en Yougoslavie mais c’est dans le Nord de la France que va se révéler chez lui la volonté de comprendre la société. En découvrant le monde ouvrier minier, Touraine explore pour la première fois le monde du travail, exploration associée à la rencontre avec G. Friedmann qui lui conseille de passer l’agrégation d’histoire (1950) avant de rentrer au CNRS puis de fonder en 1956 la revue Sociologie du travail avec Crozier, Reynaud et Tréanton. Ses premiers ouvrages (L’évolution du travail ouvrier aux usines Renault, 1965 et La conscience ouvrière, 1966) traduisent cet intérêt pour la sociologie industrielle. La découverte du fonctionnalisme au contact de Parsons à Harvard au début des années 1950 va jouer un rôle prépondérant dans la constitution de sa théorie de l’actionnalisme, théorie qui deviendra un des principaux courants sociologiques du xxe siècle. En effet, cette méthode d’analyse sociologique vise à reconstituer l’orientation normative de l’action d’un sujet historique à partir de sa situation de travail. Il s’agit de découvrir la dynamique d’un système d’action historique en construisant un système d’interprétation des conduites sociales. Touraine refuse symétriquement le fonctionnalisme parsonien qui interdit de critiquer l’action et l’« althussérisme vulgaire » qu’il voit à l’œuvre au sein de l’université française des années 1960 et qu’il convient selon lui de réfuter au nom d’un acteur différent d’un simple jouet des structures sociales. La découverte de l’Amérique latine (années 1950) et notamment du Chili où il y rencontrera sa future femme constituera également un élément majeur dans la vie et l’œuvre d’Alain Touraine. Les multiples voyages (États-Unis, Chili, Pologne…) qui jalonneront la carrière de Touraine peuvent appeler deux remarques : tout d’abord cette recherche de déracinement géographique rappelle sa première vocation d’historien. Ensuite, ces voyages universitaires caractérisent une véritable recherche de compréhension des autres sociétés comme préalable à la connaissance de sa propre société. La carrière universitaire française de Touraine n’étant pas sans heurts comme l’illustre sa soutenance de thèse (Sociologie de l’action, 1965) sous la présidence de Raymond Aron et que le sociologue vivra comme une véritable « mise à mort cérémonielle ». Touraine conservera toujours un goût prononcé pour la découverte de sociétés étrangères.
La sociologie tourainienne est liée à un certain engagement social (Mai 68, grande grève de 1995, question de la laïcité et du voile islamique à l’école…), engagement qui peut s’expliquer par les concepts fondamentaux et la méthode sociologique développée par Touraine.
La présentation de quatre ouvrages (Sociologie de l’action, 1965 ; Le retour de l’acteur, 1984 ; Critique de la modernité, 1992 ; Un nouveau paradigme, 2005) par Alain Lebel ainsi que la constitution d’un succinct lexique, permettent la découverte de la pensée du sociologue et ce, avec un souci permanent de souligner l’originalité et la fécondité d’une œuvre qui, ayant connu certaines inflexions, n’en demeure pas moins indispensable à la compréhension des sociétés contemporaines. Ainsi, par l’étude de l’évolution du travail ouvrier, Touraine développe l’idée qui sera reprise plus tard dans son analyse des mouvements sociaux, qu’il existe trois principes fondamentaux (principe d’identité, principe d’opposition et principe de totalité) à partir desquels on peut penser l’évolution des consciences professionnelles et notamment celle du monde ouvrier. En effet, les transformations de ces différents principes permettent d’expliquer et de comprendre dans quelle mesure l’ancienne conscience ouvrière se transforme en conscience de classe professionnelle puis en conscience de classe économique et en conséquence de situer dorénavant le conflit à l’intérieur même d’un système de production désormais accepté et non plus contre ce même système.
Le concept d’historicité est central dans l’analyse de Touraine. Cette capacité d’une société à se produire, à se transformer elle-même notamment par le biais de la création de ses propres orientations culturelles devient l’enjeu des rapports de classes. En effet, le contrôle de l’historicité par une classe dirigeante entraîne des conflits sociaux entre les classes, ces dernières ne s’opposant plus sur l’état de forces productives mais sur le contrôle de l’historicité. La vision tourainienne se situe en conséquence à distance des sociologies marxistes (les conflits ne sont pas indépassables), des sociologies libérales (les rapports de classe ne s’expliquent pas en termes d’influence et de stratégie mais en termes de lutte pour le contrôle de l’historicité) et des sociologies fonctionnalistes (l’individu ne fait pas que s’adapter à l’environnement, il peut également le modeler par les biais des mouvements sociaux). Touraine construit un ensemble conceptuel à même d’analyser les sociétés et leur évolution (passage des sociétés traditionnelles aux sociétés industrielles puis post-industrielles).
Les mouvements sociaux sont de fait au cœur de l’analyse sociale proposée par Touraine. Le mouvement social est compris comme « la conduite collective organisée d’un acteur luttant contre son adversaire pour la direction sociale de l’historicité » (La voix et le regard, 1978). Tout mouvement social se structure autour des trois principes d’opposition, de totalité et d’identité. En conséquence, toutes les formes de conflits ne sont pas des mouvements sociaux puisque ne possédant pas nécessairement ces trois principes mais en raison du principe d’opposition, tout mouvement social est conflit social. Le mouvement social porte ainsi sur le système d’action historique, se situe à l’intérieur du champ d’historicité et en est un acteur principal.
Selon Touraine, le travail du sociologue réside dans la découverte et l’analyse du mouvement social central de chaque type de société. Au mouvement social ouvrier caractéristique de la société industrielle, se sont substitués des nouveaux mouvements sociaux dans les sociétés post-industrielles. Comment étudier ces nouveaux mouvements sociaux qui ne visent plus la transformation des situations et des rapports économiques mais « la défense de la liberté et de la responsabilité de chaque individu contre la logique impersonnelle du profit et de la concurrence » (Un nouveau paradigme, 2005) ? La méthode de l’intervention sociologique, développée dans les années 1970 doit permettre une telle analyse. En effet, le sociologue aide un groupe de militants à parvenir à une auto-analyse de ses pratiques puis il élabore des hypothèses quant à la signification de ce mouvement. Le processus consiste en une suite d’interactions entre chercheur et groupe de militants, interactions devant permettre, in fine, au groupe de militants de réinterpréter son action passée et de réorienter son action à venir en ayant pris conscience du cadre plus global dans lequel ces dernières s’inscrivent. De nombreuses critiques ont été formulées à l’encontre de cette méthodologie notamment sur la question d’une influence (inévitable ?) du chercheur sur le mouvement social qu’il cherche à analyser.
La sociologie de Touraine demeure plus que jamais d’actualité comme en témoigne ses recherches les plus récentes sur le mouvement des femmes (Le monde des femmes, 2006), mouvement qui serait au monde contemporain ce que le mouvement ouvrier était à la société industrielle.

A ARTE DE DIZER DISPARATES - RESUMO

Un livre de Harry G. Frankfurt



Harry G. Frankfurt est professeur émérite de l’université de Princeton, spécialiste de philosophie morale. Il prévient, dans l’avant-propos destiné au lecteur français, que cet essai a été écrit il y a plus de vingt ans alors qu’il était fellow à l’université de Yale. Il en décrit la réception auprès de ses collègues universitaires de diverses disciplines en tant que travail reconnu d’analyse philosophique et sociale, non comme l’ouvrage quasi humoristique que l’on voudrait présenter aujourd’hui. Enfin, sur la base des réactions d’un de ses collègues, Frankfurt s’est rendu compte que cet essai a mis en jeu un questionnement élargi du statut du langage en général, et plus particulièrement du langage philosophique, dans la mesure où Yale accueillait notamment, dans ces années-là, Derrida, et où la question de la place et de la spécificité de son jargon pouvait être soulevée. Pour nombre d’universitaires anglo-saxons, le style de Derrida relevait, de manière exemplaire, d’une sorte de « baratin », de style relevant justement de l’art de dire des conneries. C’est pourquoi Frankfurt précise que, contrairement aux apparences, la collusion entre son essai et une critique dans l’air du temps contre la postmodernité philosophique n’était pas recherchée ni projetée dans son petit livre, qu’il n’avait pas spécifiquement rédigé contre le postmodernisme, mais simplement dans une perspective toute classique « qui remonte au moins aux dialogues platoniciens » (p. 13), visant à distinguer le vrai du faux et à clarifier la valeur des énoncés produits.

Le point de départ de Frankfurt est double : d’une part, le baratin est, si l’on peut dire, la chose du monde la mieux partagée. Chacun d’entre nous connaît son omniprésence et y a recours à l’occasion. D’autre part, chacun d’entre nous se pense assez malin pour repérer le baratin et ne pas « en être dupe » (p. 17). Double problème, du coup, selon l’auteur : on ne sait pas exactement ce que signifie le terme « baratin »1 parce que l’on manque de définitions rigoureuses. On ne réfléchit pas à ce qu’il signifie pour nous (à quoi sert-il exactement, quels sont les avantages et les inconvénients, quel est son rôle psychologique et social ?). En l’absence de théories élaborées sur cette notion linguistique et sociale, l’auteur va commencer par remarquer la proximité entre les termes « fumisterie » et de « connerie ». Bien sûr il relève aussi leurs nuances principales : « fumisterie » est plus correct que « conneries », et tend sur le plan moral à adoucir par exemple une accusation.
Dans un premier temps, Frankfurt part de l’essai de Max Black qui traite de la place centrale de la fumisterie (humbug) dans les énoncés2. Il en reprend la définition centrale et la discute pour préciser la proximité avec les termes « connerie » ou « baratin » (bullshit).
La fumisterie, écrit d’abord Black, est « une représentation déformée et trompeuse… ». Bien que Frankfurt trouve qu’il s’agisse d’un pléonasme (ce qui ne saute pas aux yeux), on peut concéder l’idée centrale selon laquelle la fumisterie vise à tromper délibérément, ce qui l’apparente au mensonge. Il ne s’agit donc pas, dans la fumisterie, d’affirmer seulement quelque chose d’erroné, encore de le faire en fonction d’un état d’esprit qui est de tromper, sur ce qu’on dit et sur l’intention qu’on peut avoir (d’induire l’autre en erreur pour se faire valoir soi-même, par exemple). La proximité entre fumisterie et mensonge rend d’emblée les choses difficiles, tant le cas du mensonge est complexe : certains le définissent comme le simple fait d’énoncer ce qui n’est pas vrai. D’autres considèrent que l’intention de tromper joue un rôle central, au point que celui qui dit vrai mais en le croyant faux et/ou dans l’intention de tromper est menteur. Sera-t-il dit fumiste ? Cela ne va pas de soi.
D’où le fait que la fumisterie, écrit ensuite Black, est « presque mensongère ». Là se trouvent précisés quelques traits caractéristiques du mensonge qui appartiennent bien à la fumisterie, mais pas d’autres. Ce ne sont pas les traits caractéristiques du mensonge – soit d’énoncer le faux, soit de chercher à tromper – qui suffisent à définir le fumiste. De même que les conneries ou le baratin, pour Frankfurt, ne sont pas seulement caractérisés par l’ignorance et l’erreur qui produisent du faux ni par l’intention de duper. Décidément, les conneries semblent bien être des modes d’énonciation singuliers dont il resterait à faire la typologie.
C’est dans ce but que Black ajoute à sa définition de la fumisterie que, comme représentation déformée, elle l’est « en général par le biais de termes prétentieux ou d’attitudes ostentatoires ». La fumisterie est donc aussi définie par des éléments extérieurs au contenu, contextuels, tels que les visées de l’énoncé, l’intention d’être remarqué et écouté. Par ailleurs, la prétention et l’ostentation peuvent bien accompagner régulièrement la fumisterie, tout comme les conneries, mais elles n’en constituent pas l’essentiel. Pour le dire simplement, s’il se trouve que souvent les prétentieux qui vivent de manière très ostentatoire en viennent à proférer des conneries, il arrive aussi que des gens dépourvus de toute prétention et plus discrets disent (et pensent) pas mal de conneries. Nous devons en conclure qu’il n’y a pas nécessité à ce qu’un terme soit associé à l’autre, et qu’il est inopérant de définir spécifiquement la connerie par la prétention et l’ostentation, ou même de « conclure que les conneries sont toujours motivées par la prétention » (p. 27).
Pour finir sur cette reprise des définitions de Black, Frankfurt relève que la déformation des représentations concernerait l’auteur de la représentation lui-même, qui tromperait à son propre sujet par ses conneries autant, voire plus, qu’il ne tromperait à propos d’objets quelconques. Par exemple, celui qui dit avoir vingt dollars en poche trompe (s’il ne les a pas) sur la marchandise ; mais s’il convainc en même temps son interlocuteur qu’il croit les avoir, il le trompe une deuxième fois sur lui-même, et profère vraiment des conneries. Selon Black, la fumisterie résiderait surtout dans cette structure langagière qui consiste à proférer des paroles non pas mensongères quant à l’objet, mais trompeuses quant à l’intention : typiquement des discours politiques qui font des éloges véraces de la nation, de l’humanité, des valeurs morales, sociales, etc., c’est-à-dire des discours qui, en parlant de tout cela, ne cherchent pas plus à énoncer que c’est vrai ou à insinuer que c’est faux, mais qui ne cherchent en réalité qu’à donner une certaine idée de l’orateur, à le faire valoir. En parlant de son pays par exemple, l’homme politique ne cherche pas à tromper qui que ce soit sur l’histoire de ce pays, car, ce qui l’intéresse, c’est uniquement « ce que les gens pensent de lui » quand il dit cela (p. 32), et rien de plus.
Voilà des points forts et déterminants pour saisir le statut du baratin selon Frankfurt lisant Black. Mais cela reste au final « à côté de la cible » (p. 33) et c’est la raison pour laquelle l’auteur, dans un second temps, va préciser sa propre approche du problème en s’appuyant sur des éléments de la biographie de Ludwig Wittgenstein, partant notamment d’une déclaration du philosophe qui aurait cité quelques vers de Longfellow comme pouvant lui servir de devise : « Les bâtisseurs d’autrefois / Exécutaient de leur mieux / Les détails que l’on ne voit, / Car les Dieux sont en tout lieu3 ».
Selon Frankfurt, l'interprétation de cette sentence comme possible devise wittgensteinienne est aisée : jadis, les artisans étaient scrupuleusement « honnêtes » et soucieux de vérité. C'est pourquoi ils peaufinaient leurs œuvres jusque dans les moindres détails imperceptibles à l'œil humain. Pourquoi une telle hauteur d'exigence ? Selon la sentence de Wittgenstein, parce que les dieux habitaient alors le monde jusque dans ses moindres recoins, et que rien n'échappait à leurs regards. Ils auraient décelé toute contrefaçon, toute forme de tromperie et tout travail mal fait ou bâclé. Par analogie, il en irait de même avec le langage en général, et avec le langage philosophique en particulier : jadis les philosophes se souciaient scrupuleusement de rigueur intellectuelle et de vérité, par un sens de la responsabilité très poussé, par une haute exigence éthique de « bien penser ». Mais à l'ère postnietzschéenne de la mort de Dieu et du « crépuscule des idoles », certains penseurs « postmodernes » considèrent pouvoir s'affranchir de ces exigences épistémologiques et éthiques et s'autorisent des arrangements de concepts et de langage, n'ayant plus de compte à rendre à quelque instance logico-philosophique de référence que ce soit. Du coup, cette pensée postmoderne s'autoriserait à dire à peu près n'importe quoi (voir par exemple, dans ce style, le pur chef-d'œuvre de commentaire derridien d'un fragment posthume de Nietzsche : « J'ai oublié mon parapluie4 »).
Bref, aux yeux de Frankfurt, Wittgenstein serait aux fondements d'une conception de restauration d'un authentique souci de vérité, synonyme d'une philosophie poursuivant et dénonçant le « baratin » ou les conneries, fussent-elles philosophiques. De ce point de vue, le petit livre de Frankfurt vient s'inscrire dans le droit fil d'une philosophie inspirée par un modèle wittgensteinien5 d'artisanat d'exception, d'une exigence de travail bien fait, de sincérité et de véridicité absolues, sans la moindre concession aux généralités et au laxisme de travaux expédiés et brouillons, sans complaisance pour la facilité d'expression, les arrangements avec la vérité, le bluff. Ce petit livre est tout sauf un livre de recettes expliquant comment s'y prendre pour dire des conneries. Il propose au contraire les principaux antidotes à ce poison de la vie de l'esprit et du langage. C'est ainsi que Frankfurt s'appuie sur une anecdote mettant en scène Wittgenstein en conversation avec une interlocutrice de Cambridge, Fanny Pascal6. Cette dernière rapporte qu'après avoir été opérée des amygdales, elle se plaignit à plusieurs reprises à Wittgenstein en ces termes : « Je me sens comme un chien qui vient de se faire écraser ! » Elle s'attira alors aussitôt les foudres du philosophe, qui, non sans humour, lui aurait rétorqué : « Vous ignorez ce que ressent un chien qui vient de se faire écraser. » Wittgenstein, écrit alors Frankfurt, aura pris cette phrase comme pur exemple de baratin, parce qu'il l'aura « jugée déconnectée de tout souci de vérité » (p. 43). Quoi qu'il en soit, les conneries seraient ces sortes de phrases que, par commodité, habitude et précipitation nous proférons, lors même que nous ne sommes aucunement fondés à les dire, et dont nous ignorons la réelle signification. Bref, nous parlons au sens strict sans savoir ce que nous disons, et pour ne rien dire. C'est ce qui fâche le philosophe soucieux d'exactitude. Ainsi, l'expression courante « malade comme un chien », à laquelle semble renvoyer la déclaration de Fanny Pascal, tomberait dans la catégorie « conneries », et celui qui s'exprime ainsi tomberait dans la catégorie des bullshiters, à la fois baratineur, bluffeur et déconneur.
Somme toute, le langage commun serait régulièrement balisé de toutes ces inconséquences linguistiques et logiques et, sauf à vivre une existence exceptionnellement conséquente (en ne faisant usage que d'un langage entièrement dévoué à la logique), ou, sauf à nous résigner au silence, nous serions condamnés à dire à peu près chaque jour beaucoup plus de « conneries » que nous ne le voudrions. Dire des conneries, c'est finalement adopter dans l'usage linguistique cette voie médiane qui ne consiste ni à dire des vérités, ni à les cacher (p. 65), ni à se taire, ni à signifier, mais à bavarder, blablater, etc. Le « déconneur », comme finira par le montrer Frankfurt, se moque en fait de ce qu'il dit, pas plus soucieux d'être sérieux pour énoncer la vérité que pour énoncer la fausseté (le menteur). Il a des idées sur tout, s'autorise à dire n'importe quoi pour atteindre ses objectifs (persuader, séduire, vendre, etc.). Il y a une finalité hautement performative dans les actes de langages « déconnants », puisque peu importe le sens des mots, c'est l'acte visé qui prime (par exemple chez Fanny Pascal, le but était de se faire plaindre, d'être l'objet d'attention de la part de Wittgenstein). Certes, ceux qui profèrent des conneries peuvent croire, du fait de leur sincérité (puisque ce ne sont pas des menteurs), être en droit d'énoncer leurs propositions. Mais peut-être qu'après tout, pour Wittgenstein comme pour Frankfurt, « la sincérité (finalement), c'est du baratin » (p. 65).


FRANKFURT Harry G.
De l’art de dire des conneries
Traduit de l’américain par Didier Sénécal. Éditions 10/18, coll. « Fait et cause », 2006.


MEMÓRIA ESPOLIADA -RESUMO


Un livre de Sophie Cœuré



Histoire, vos papiers !
En lisant le livre de Sophie Cœuré, La Mémoire spoliée, on est tenté de dire que le travail d’interprétation du philosophe doit commencer là où celui de l’enquête de l’historienne s’arrête : à un instant donné de l’histoire, temps bref de suspension d’un sens tracé et d’une vérité volée, juste avant que le chercheur ne redonne un coup de projecteur sur les zones encore oubliées du passé.
Ce voyage dans les archives des Français, saisies par les nazis dès 1940 puis récupérées par l’armée Rouge, montre clairement comment l’odyssée complexe et contrariée des documents français sera soumise à la loi du hasard, aux conflits d’intérêt, aux jeux tendus et subtils entre ingérence, spoliations, vols, destructions, pertes, conservation, dissimulation, protection, résistance. Le souci de l’historienne de lutter, par ses recherches, contre l’oubli et le silence qui entourent en partie la disparition des documents dans l’après-guerre, va confronter le lecteur à une série de questions : quel est le sens de ce « mémoricide » ? Comment expliquer cet endormissement d’après-guerre qui différera la volonté de prise en compte d’un passé et la restitution de documents ? Quelles étaient les idéologies et les motivations nazies puis soviétiques dans ces politiques de destruction, de spoliations et de rétention de documents ? Quel est le statut juridique, politique, historique, idéologique de l’archive en temps de guerre ? Peut-on parler de vérité historique ? Quels regards l’historien et le philosophe portent-ils sur la volonté de contrôle du passé, sur l’assassinat des mémoires collectives et privées, sur l’inquisition systématique dans les régimes adverses, sur la constitution totalitaire d’une civilisation du rapport, de la liste, de l’archivage ? Mais au-delà de ces questionnements de fond sur l’histoire de l’humanité (Sophie Cœuré rappelle que le pillage des vaincus par les vainqueurs est une pratique qui remonte à l’Antiquité, il n’est qu’à penser aux pillages culturels lors des conquêtes napoléoniennes), l’auteure nous livre les témoignages émouvants d’intellectuels, d’écrivains ou de simples individus qui évoquent les livres et documents intimes perdus, le dernier regard sur une bibliothèque ou les premiers instants d’un passé qui resurgit après des dizaines d’années de refoulement, la joie attendue de mettre fin à ce que Louise Weiss appelle « le supplice de l’oblitération de la mémoire ».
Dans son introduction, Sophie Cœuré donne à comprendre comment la « guerre des archives » ouvre un pan intellectuel et culturel méconnu de la Shoah. Les disparitions et spoliations vont être nombreuses et diverses : anonymes, « ennemis du Reich », hommes ou femmes célèbres (l’appartement de Léon Blum sera perquisitionné et vidé dès le 20 juin 1940), mais on s’empare aussi des sources clés de l’histoire européenne, comme l’original du traité de Versailles, saisi en août 1940 et destiné à être offert à Hitler. Si la spoliation des archives reste « un crime mineur », son étude permet de mettre au jour le fonctionnement systématique des pratiques totalitaires, la volonté de contrôler et de réécrire l’histoire des hommes, et établit des liens éclairants entre archives, guerre et politique.

Dans une première partie, « Vols de guerre : les nazis et les archives françaises (1940-1944) », l’auteure se concentre essentiellement sur les politiques nazies de spoliations des archives. L’étude détaille les différents groupes chargés de la récupération des archives, précise la rivalité et la concurrence que ces groupes entretiennent entre eux, dresse un état des lieux des disparitions, rend compte de la position des institutions françaises face à ces politiques prédatrices. L’auteure fait comprendre à son lecteur la frontière parfois ténue entre spoliation et protection, entre prise de guerre et pillage, entre cohérence de la destruction (ce qui ne doit pas tomber dans les mains de l’ennemi) et brigandage. Certains spoliateurs prétendront, dans leur défense d’après-guerre, avoir été animés avant tout par un désir de protection et de conservation des documents. Mais les raisons des spoliations sont souvent d’un autre ordre : la volonté de purifier la culture et de faire du livre « l’arme de l’esprit allemand » (Goebbels) – la sélection des documents et leur destruction permettaient d’assurer un fondement scientifique aux théories raciales nazies –, le combat idéologique mené contre le « judéo-bolchévisme » et la franc-maçonnerie, l’utilisation opérationnelle de documents récents permettant de prendre un avantage stratégique et militaire. Les cibles des spoliations sont bien souvent les mêmes : les documents juifs et les archives franc-maçonnes, la SFIO, le parti communiste, les archives des églises catholiques et protestantes, les organisations syndicales. Il y aura peu d’oppositions majeures face à la fuite de ces millions de documents vers l’Allemagne nazie.

Dans une deuxième partie, « Butin ou sauvetage ? Les archives françaises vers l’Union soviétique (1944-1949) », Sophie Cœuré raconte comment une grande partie des archives françaises va prendre le chemin de Moscou ou celui des pays de l’Est. Ces « trophées de guerre » vont demeurer en URSS (certains documents demeurent introuvables : l’original du traité de Versailles, la correspondance de Louise Weiss avec Aristide Briand, les inédits du poète Saint-John Perse, ceux du philosophe Alain volés chez André Maurois). Une partie des documents personnels de Léon Blum fera longtemps partie des fonds secrets soviétiques. Même si la France va organiser après 1945 une politique de restitution des documents, des millions d’archives vont demeurer en URSS. Ces « trophées » apparaissent aux Soviétiques comme une compensation normale aux pertes antérieures subies par la Russie. On va restituer très vite ce qui permet de rassembler les preuves des crimes de « l’envahisseur germano-fasciste », mais le reste sera jalousement conservé.

Dans une troisième partie, « Des documents au secret : usages soviétiques et silences français (1946-1992) » et dans le chapitre quatre, « Un si long chemin : la résurrection des archives françaises depuis la fin du XXe siècle », on découvre comment l’ensemble des documents saisis par les Soviétiques va faire l’objet d’un long travail d’archivage, de listage et que l’usage de ces documents sera essentiellement opérationnel, une utilisation à des fins politiques, diplomatiques, militaires, une abondante source de marchandage. L’usage scientifique, qualifié « d’archivistique bourgeoise », sera bien négligé. Il y a aussi la volonté de créer un projet universaliste du communisme et de l’idéologie révolutionnaire, pour éviter l’éparpillement des données (les fonds secrets russes renferment des archives de la Révolution française et de la Commune de Paris). Pour les Soviétiques, tout sera affaire d’État et on note une absence de distinction entre les archives publiques et privées. Le pouvoir totalitaire pénètre sans scrupules au cœur de l’intime. L’auteure décrit comment les politiques de gestion des archives, enjeux cruciaux, vont suivre l’évolution des régimes soviétiques, accompagnant les tentatives d’ouverture. Ainsi, à part les cadeaux faits à de Gaulle en 1966 lors du « dégel » khrouchtchévien, les retours seront rares et discrets. Il faut attendre l’effondrement du mur de Berlin pour voir s’opérer des restitutions massives.

Dans le dernier chapitre, « La guerre, le droit, la nation, la mémoire », l’auteure souligne qu’il est compliqué d’appliquer à la lettre le droit international concernant le pillage des archives. Elle revient aussi sur la spécificité de l’idéologie nazie dans les spoliations : « Si, comme en URSS, les archives contemporaines pouvaient être utilisées pour condamner un opposant sur la base de son passé politique, il y avait une différence fondamentale dans la définition de l’identité qui fondait la pureté sociale du Reich : non pas une combinaison complexe d’origine de classe, d’origine nationale et d’itinéraire personnel comme en Union soviétique, mais un critère unique – la race » (p. 177).

Le travail minutieux, précis, complet de l’historienne sur les archives spoliées convoque un cortège de mots qui résonnent comme des matières à penser pendant tout ce douloureux périple : passé, silence, mémoire, arrachement, retrouvailles, pertes, etc. On voit s’affronter la volonté de contrôler ou de manipuler le passé, d’éradiquer les mémoires, les identités à celle de résister par une recherche constante de la restitution des mémoires. Louise Weiss traduit bien ce traumatisme et ce désir de ne pas céder : « Toute la IIIe République, toute l’Europe s’étaient abreuvées, amusées, querellées, enthousiasmées entre mes murs. La disparition de mes livres m’enleva le goût de vivre pendant plusieurs semaines. Le Maréchal était déjà allé fort avant dans la destruction morale des Français qui ne pensaient pas comme lui mais il ne les avait pas détournés du droit d’appartenir à l’espèce humaine en leur volant leur mémoire. Les livres représentaient ce droit, cette mémoire. »


CŒURÉ Sophie
La Mémoire spoliée. Les archives des Français, butin de guerre nazi puis soviétique (de 1940 à nos jours)
Paris, Payot, 2007.

CARREIRA DOCENTE - TRANSIÇÃO

O D.L. N.º 15/07, de 19 de Janeiro veio proceder a alterações ao Estatuto da Carreira Docente aprovado pelo D.L. N.º 139-A/90, de 28 de Abril e alterado pelos Decretos-Leis N.os 105/97, de 29 de Abril, 1/98, de 2 de Janeiro, 35/03, de 17 de Fevereiro, 121/05, de 26 de Julho, 229/05, de 29 de Dezembro e 224/06, de 13 de Novembro. De entre tais alterações destacam-se as que respeitam à estrutura de carreira docente com consequências ao nível da respectiva progressão.

Em fase disso, houve necessidade de estabelecer um regime de transição da carreira para os docentes que, à data da entrada em vigor do citado D.L. N.º 15/07, se encontravam integrados na estrutura e escala indiciária aprovada pelo D.L. Nº 312/99, de 10 de Agosto, regime esse que se encontra sediado no artigo 9.º das “Disposições Transitórias e Finais” daquele diploma legal.
Sucede que, e como é sabido, à data da publicação do D.L. N.º 15/07, a contagem do tempo de serviço prestado a partir de 30-08-05 encontrava-se congelada, de acordo com a Lei N.º 43/05, de 29 de Agosto. Em face disso, o legislador veio estabelecer, também no âmbito do direito transitório, um regime especial de reposicionamento salarial para os docentes que transitam da anterior estrutura da carreira docente para a que foi entretanto aprovada. Este regime encontra-se previsto no artigo 12.º das mesmas “Disposições Transitórias e Finais” do D.L. N.º 15/07 e dispõe que tais docentes são reposicionados na nova estrutura salarial e no escalão a que teriam direito caso não tivesse sido publicada a citada Lei N.º 43/05. Contudo, esta norma faz depender a aplicação de tal regime especial à verificação cumulativa, por parte dos docentes, dos seguintes requisitos:
a) Que tenham procedido à entrega do documento de reflexão crítica a que se referem os artigos 7.º e 8.º do Decreto Regulamentar N. º 11/98, de 15 de Maio (diploma que regulamentava o processo de avaliação de desempenho do pessoal docente), até ao dia 29 de Agosto de 2005;
b) Que, tivessem completado o módulo de tempo de serviço necessário à progressão no prazo de sessenta dias a contar da data de retoma da contagem de tempo de serviço para o referido efeito (até 28-10-05, caso não tivesse sido publicada a Lei N.º 43/05 ou, tendo em conta o congelamento, até 29-02-08);
c) Que tenham obtido, relativamente ao documento de reflexão crítica já citado, a menção qualitativa de “satisfaz”, até à data da retoma da contagem do tempo de serviço para efeitos de progressão ou seja, até 31-12-07.

Tendo em conta que, como disse, estes requisitos são cumulativos, aproveito para alertar os docentes que, tendo completado o módulo de tempo de serviço para progredir na carreira até 28-10-05 e que, embora tendo apresentado o documento de reflexão crítica até 29-08-05 este ainda não tenha sido avaliado, que diligenciem, junto das escolas ou agrupamentos de escolas onde apresentaram tal documento, no sentido dos mesmos para procederem à respectiva avaliação, até 31-12-07.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, MITO E CIÊNCIA

PROMETEU E OS HOMENS

Prometeu, os homens e os outros mitos


Segundo a Mitologia Grega, os homens foram criados não apenas uma vez, mas cinco, constituindo as gerações de Ouro, Prata, Bronze, Heróis e Semideuses e ferro. Os mitos gregos tratam principalmente da quarta geração, quando heróis e semideuses habitavam o mundo.

A última geração, a do Ferro, é a que habita ainda hoje sobre a terra. Através dos seus aedos e poetas, ela vive com a recordação da geração heróica que a precedeu.

Mas apesar dessa raça não ser tão grandiosa quanto a anterior, os homens pertencentes a ela conseguiram, com muito trabalho, superar os problemas e provações que enfrentaram. Muito desse mérito cabe aos esforços do titã Prometeu, o deus que mais amou os homens.·
Prometeu dedicou sua vida a uma missão sagrada: ajudar os mortais a viverem uma vida melhor. Os homens pertenciam então à geração de bronze. Os ensinamentos do titã, no entanto, não desapareceram junto com essa geração, mas passaram para as seguintes.
Foi ele quem lhes deu o fogo, que tinha obtido da forja de Hefesto. Então ensinou-os a fundir minérios e a construir utensílios. Também mostrou como domesticar animais, navegar mares e combater doenças com ervas medicinais.

Porém, os homens da terceira geração eram muito altos e, com a ajuda do fogo, tornaram-se muito fortes. Desgostoso com esse poder, Zeus resolveu puni-los, tomando de volta o presente de Prometeu e escondendo-o no alto do Olimpo.

Mesmo contra a vontade do senhor dos deuses, o titã tomou novamente o fogo, dando-o à humanidade, desta vez para sempre.

A cólera de Zeus não teve limites: ele castigou duramente os homens, levando-os à completa destruição, e puniu o bondoso titã com o pior tormento que se podia imaginar; amarrou-o a uma rocha, para que durante toda a eternidade uma águia viesse diariamente lacerar-lhe o fígado, que tornava a reconstituir-se à noite.

O MITO DE PROMETEU

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

A INTELGÊNCIA BUROCRÁTICA É TOLICE

A inteligência propriamente dita não pode transformar-se num ofício, numa profissão. A inteligência, pela sua própria natureza, nem é um trabalho nem pode ser uma magistratura. Consiste em súbitas, instantâneas visões e entrevisões que ninguém sabe quando nem se se produzirão. O maior dom da inteligência, que é simultaneamente condição do seu exercício, é que nunca está segura de si mesma. O Homem inteligente, precisamente porque é inteligente, nunca sabe se no momento imediato vai ser inteligente. Quem crê com segurança na permanência da sua perspicácia é precisamente tolo. O inteligente caminha tendo sempre à vista as possíveis asneiras que lhe podem ocorrer e por isso é capaz de as evitar.
Por isso digo que a inteligência não pode ser uma magistratura, nem se pode burocratizar, que é inútil querer protegê-la e que ela, sustida pela mais venturosa e radical vocação que pode ter-se, procura entre as asperezas e dificuldades da vida, INDEPENDENTE, livre de tudo - livre até de protecção - receber as sempre inesperadas revelações.

domingo, 11 de novembro de 2007

OPINIÃO PÚBLICA - A BAIONETA DO PODER

"Com as baionetas, sire, pode fazer-se tudo menos uma coisa: sentarmo-nos nelas."- disse um belo dia Talleyrand a Napoleão. E tinha toda a razão.
Mandar não é gesto de arrebatar o poder, mas o seu calmo exercício. Mandar é sentar-se. Trono, cadeira, curul, banco azul, poltrona ministerial, sede. Contra o que supõe a óptica inocente e flohetinesca, o mando não é tanto questão de punhos quanto de nádegas bem assentes. O Estado é, em definitivo, o estado da opinião: uma situação de equilíbrio, de estática.
O que acontece é que às vezes a opinião pública não existe. Uma sociedade dividida em grupos discrepantes, cuja força de opinião fica reciprocamente anulada, não permite que se constitua um mando. E como a Natureza tem horror ao vazio, esse vazio deixado pela força ausente da opinião, enche-se com a força bruta.
Portanto, se se quiser exprimir com toda a precisão a lei da opinião pública como lei de gravitação histórica, convém ter em conta estes casos de ausência e, então, chega-se a uma fórmula que é o conhecido, venerável e verídico lugar-comum: não se pode mandar contra a opinião pública.
Mas também é verdade que QUEM TEM O PODER, O MANDO, E QUISER CONTINUAR SAUDÁVEL NÃO DEVE SENTAR-SE NA OPINIÃO PÚBLICA.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

A EXCELÊNCIA E A DIFERENÇA

A EXCELÊNCIA E A DIFERENÇA (PUBLICADO EM: November 07, 2007 11:16 PM por Contracorrente Arquivado em: Educação)

Após vinte cinco anos a pregar no deserto, decidi, há um ano, abandonar definitivamente o ensino, porque me convenci de que era completamente impossível introduzir no sistema qualquer medida que fosse minimamente inteligente. Com efeito, o sistema só está preparado para adoptar medidas estúpidas e irracionais, as únicas que colhem o aplauso das nossas elites.



Mas se, com a estupidez, tenho ainda alguma condescendência, com a hipocrisia não tenho nenhuma. Por isso, desafio as pessoas que gostam de dar palpites sobre a Educação, inclusive a ministra, o primeiro-ministro e o Presidente da República, a responderem à seguinte questão: são ou não são favoráveis à escolaridade obrigatória?



É bom não esquecer, a título de exemplo, que a Academia de futebol do Sporting só consegue excelentes resultados porque pode seleccionar os melhores praticantes a nível nacional. Porque, se fosse obrigada a receber todos os praticantes do concelho de Alcochete e a aguentá-los lá até aos juniores, os resultados não seriam os mesmos. Obviamente. Por muito boas que sejam as instalações, por muito bons que sejam os treinadores, por muitos treinos que tenham, não se consegue fazer um Figo ou um Cristiano Ronaldo de um “perna-de-pau”. Sem matéria-prima não há resultados. O mesmo se passa nas nossas escolas.



Ora, quem é a favor da escolaridade obrigatória, não pode ter um discurso do género «quem sabe passa, quem não sabe chumba» em que está subjacente uma ideia de exigência, excelência e de rigor que é a negação pura da escolaridade obrigatória, porque pressupõe a existência de objectivos para cada disciplina antecipadamente fixados para cada ano de escolaridade.



As pessoas, em geral, e as nossas elites, em particular, confundem escolaridade obrigatória com a obrigação de ir à escola. São duas coisas completamente diferentes. A escolaridade obrigatória, ao contrário da obrigação de ir à escola, impõe que a escola se adapte ao tipo de alunos que recebe de forma a ser capaz de dar resposta às suas necessidades. Na escolaridade obrigatória, não pode haver objectivos antecipadamente fixados. Os objectivos têm de ser fixados tendo em conta cada aluno em concreto, consoante as suas capacidades, aptidões, nível de conhecimentos e ritmo de aprendizagem.



Ser exigente não é impor uma fasquia igual para todos os alunos. Não se pode exigir a um aluno aquilo que ele não pode dar. Se um aluno não consegue saltar um muro de meio metro de altura, não se pode colocar a fasquia a dois metros, mesmo que essa seja a altura que a maioria dos colegas da sua turma é capaz de saltar. Mas é precisamente isso que se faz nas nossas escolas. E depois admiram-se de que haja abandono escolar. Pudera! É como na fábula da raposa e da cegonha: se convidamos uma pessoa para vir comer à nossa casa, não lhe podemos pôr a comida num recipiente em que ela não consegue comer.



Além disso, a colocação de fasquias de conhecimento por anos de escolaridade, com base no aluno médio, tem um efeito perverso, uma vez que elimina precocemente indivíduos cujas capacidades ainda não desabrocharam completamente. Com efeito, é totalmente falsa a ideia de que as qualidades e as capacidades dos alunos podem ser comparadas nas mesmas idades. Ou seja, o facto de um aluno aos dez anos ser um aluno brilhante e outro da mesma idade ser um idiota não significa que, aos dezoito anos, as posições não se possam inverter completamente. Não é impossível que um aluno que só salte meio metro, quando os seus colegas saltam dois, possa vir, dentro de dois ou três anos, a saltar mais do que os seus colegas, se tiver o acompanhamento adequado. Agora não se pode é atirar o desgraçado para um canto da sala porque o professor não tem tempo para lhe dedicar, uma vez que só tem duas horas de aula por semana, tem um programa a cumprir e a maioria dos alunos da turma está numa fase muito mais adiantada. Ora, ninguém gosta de fazer o papel de burro… A reacção natural será o de passar a fazer o papel de insolente: «eu não faço, não é porque não saiba, mas porque não quero».



No entanto, por aquilo que eu leio e ouço, a maioria dos professores e as nossas elites são contra a escolaridade obrigatória. Defendem, antes, uma escola onde todos devem ser obrigados a ir mas onde só devem ficar aqueles que correspondam às expectativas do aluno médio tipo. Os restantes deverão reprovar tantas vezes quantas as necessárias até se convencerem de que o seu lugar não é ali. Acontece que as reprovações acabam por provocar o efeito precisamente contrário ao pretendido.



Com efeito, as reprovações dos alunos com menos aptidões, para além de não resolverem o problema destes alunos (que, o mais certo, se houver rigor, é reprovarem, de novo, no próximo ano), só servem para desestabilizar, por completo, a turma onde irão ser integrados no ano seguinte, tornando-a ainda mais heterogénea e qualitativamente pior. Ou seja, a turma que receber os alunos reprovados fica logo à partida coxa. Com a agravante de os alunos reprovados, por serem mais velhos, acabarem por liderar a turma, com toda a carga negativa que isso tem, com prejuízo evidente dos melhores alunos e da qualidade do ensino. As reprovações na escolaridade obrigatória têm o mesmo efeito numa turma que as pedras num carrinho de mão: quanto maior for a carga de pedras, mais dificuldade tem o professor de andar com o carrinho.



Por isso, das duas uma: ou defendemos a escolaridade obrigatória com todas as consequências que isso implica ou defendemos a ida obrigatória à escola para que se seleccionem os melhores.



Quem defende a segunda solução, deve defender a exclusão por faltas e as reprovações de quem não atinja os objectivos mínimos antecipadamente fixados para cada disciplina e anos de escolaridade. Mas quem defender esta solução tem de ter também a coragem de defender que os alunos excluídos e reprovados abandonem o ensino. Ninguém tem o direito de humilhar, durante vários anos, uma criança ou um jovem exigindo-lhe, logo à partida, aquilo que sabe que ele não pode dar.



Por outro lado, quem defende (como eu) a escolaridade obrigatória, tem de defender uma escola preparada para dar resposta a todos os alunos que recebe, tendo em conta as suas capacidades, aptidões, nível de conhecimentos e ritmos de aprendizagem. Tem de ser uma escola para todos: para os super, para os médios e para os mais limitados. E o sucesso desta escola tem de ser medido por aquilo que acrescenta a cada aluno e não pelo resultado dos seleccionados para os exames finais.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

WEB DE JORGE BARBOSA

WEB DE JORGE BARBOSA

EDUCAÇÃO - MAU DEMAIS PARA SER VERDADE

É mau de mais para ser verdade


Francisco José Viegas, Escritor

Acho que está a fazer-se uma grande tempestade num copo de água a propósito do Estatuto do Aluno e da subsequente trapalhada que foi a votação do diploma no Parlamento. Na verdade, já estava previsto que tudo isto acontecesse. Os ministros da Educação, depois de resolverem os assuntos prementes da matéria administrativa da sua casa, raramente conseguem alterar o essencial; e o essencial é a qualidade do ensino; e combater pela qualidade do ensino é lutar pela elevação do grau de exigência e de rigor em todos os graus de frequência escolar. Os professores e os sindicatos estão fora dos corredores da 5 de Outubro, e acaba por ser fácil penalizar e humilhar professores. Já os pedagogos, os ideólogos do edifício escolar e os teóricos que se têm encarregado de embrulhar o suistema de ensino, esses, estão instalados no ministério.

Todos os conhecemos. Têm, antes de mais, um discurso muito próprio, cheio de metáforas e de ditirambos que nunca se referem a coisas práticas, que dificilmente estão relacionados com a escola e as suas dificuldades em existir e que, no fundo, vivem de experiências pedagógicas e vagamente científicas.

Maria de Lurdes Rodrigues encontrou o caminho facilitado; tratou de introduzir alguma racionalidade na administração escolar e na vida dos sindicatos, na "operacionalidade" e no mapa escolar. Mas, quando se esperava que essa coragem fosse transposta para a área fundamental, que é o ensino propriamente dito, entrámos no mundo do puro delírio.

Com as críticas ao processo de avaliação de professores a avolumar-se, aconteceu a polémica da TLEBS, terminologia linguística para o Básico e o Secundário. Depois de demonstrados os erros científicos metodológicos de grande parte da sua formulação, o ministério dividiu-se; um secretário de Estado prometeu (e comprometeu-se) suspender a TLEBS; um director-geral reconheceu erros mas defendeu que o ministério devia continuar a dá-los e a ampliá-los. Vendo bem como as coisas estão, verifica-se que continua tudo igual e que a política do ministério continua a aprofundar o ruinoso caminho aberto pelos delírios ideológicos que transformaram o ensino do Português numa banalidade e que vandalizaram o ensino da Matemática.

Geralmente, o ministério acha que está munido de excelentes ideias. Um grupo cada vez mais numeroso (porque se acumulam as suas assinaturas ao longo dos anos) de técnicos e burocratas dessa ideologia passa incólume no meio da asneira. Eles acham que estão munidos de excelentes ideias. Mas, mesmo depois de se ter provado que essas ideias dão péssimos resultados, aqui ou no estrangeiro, mesmo depois de terem recebido críticas demolidoras, tudo continua na mesma, ou pior.

O ensino - nomeadamente a ideologia que está por detrás de todas as decisões do ministério em matéria pedagógica e científica - está entregue a esse monstro corporativo que supõe ter toda a verdade do seu lado. O estatuto do aluno e o seu regime de faltas é apenas mais um episódio lamentável a acrescentar a tantos outros. É, geralmente, gente que não conhece a escola real, que não tem contacto com o dia-a-dia das escolas, que imagina os professores como meros instrumentos ao seu dispor para as experiências mais descabidas. As vítimas dessas experiências descabidas são os nossos filhos - e é o seu futuro. Por isso, o sinal dado pelo Ministério é definitivamente mau e constitui um erro grave, desculpabilizando os alunos faltosos, penalizando os alunos cumpridores e sobrecarregando os professores e as escolas com outra categoria de "desprotegidos" os que, deliberadamente, faltam às aulas. Tudo para adulterar e manipular as estatísticas, o que é grave demais.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Entrevista de Manuel Alegre ao Jornal Público

“Há um buraco negro na esquerda”, diz Alegre
Visto como o mais destacado crítico de Sócrates, Manuel Alegre diz que não pode criar uma tendência "por decreto”. E alerta para movimento sindical.

Manuel Alegre considera que "há um buraco negro na esquerda, que passa pela ausência de uma sensibilidade de esquerda visível no PS". O ex-candidato a líder do PS, que se apresentou contra José Sócrates no Congresso de 2005 e que se candidatou a Presidente da República contra candidato oficial do partido, Mário Soares, não hesita em afirmar: "Não foi só o comunismo que implodiu, foi também o socialismo. Onde estão as políticas socialistas? Estamos numa época de capitalismo global de orientação neoliberal, da flexi-segurança. As receitas são as mesmas em todo o lado".

Actualmente vice-presidente da Assembleia, Alegre acrescenta: "Hoje há partidos socialistas que têm sedes e bandeiras, mas políticas socialistas não há. Os partidos socialistas têm a gestão da economia de mercado dominada pelo capitalismo global. Vivemos uma época de partido único em relação às políticas".

Aquele que é visto como o mais proeminente dos que, dentro do PS, criticam a orientação política e ideológica da direcção de Sócrates considera, porém, que "há um sentimento socialista, mas está difuso, não tem expressão política organizada, nem dentro nem fora do PS". Prova disso é a dimensão do protesto contra a política do Governo que se realizou em Lisboa, a 18 de Outubro.

“Participei em algumas das grandes manifestações que se realizaram em Portugal, mas manifestações comparáveis com a de 18 de Outubro só o 1º de Maio e a Alameda", começa por defender Alegre, considerando que a “manifestação foi subestimada”. E sublinha que "nenhum aparelho partidário põe 200 mil pessoas na rua se psicologicamente não estiverem já na rua.

Alegre lembra que, "durante muitos anos, houve essa expressão no PS", partido que "podia ser alternativa a si mesmo". E frisa que "a história do socialismo é a história do movimento sindical", para lamentar: "Não percebo como é que no PS há quem diga
que tem como objectivo partir a espinha ao movimento sindical".

“Sou um socialista arcaico"

Respondendo aos que se questionam porque não se assume como líder de uma tendência interna, Alegre é peremptório: "Não me compete a mim decretar a organização de uma tendência". O ex-candidato a secretário-geral explica que o grupo que então o apoiou "não tinha grande homogeneidade e muitos foram para o Governo, outros estão na direcção do grupo parlamentar". Por outro lado, quando foi candidato a Presidente não teve o apoio do "Estado-maior do PS", embora acredite que tinha os socialistas: "Não tinha tido o resultado que tive se não tivesse o PS comigo".

Sobre o momento actual, Alegre não poupa críticas: "Há grande conformismo, o partido foi para o Governo e ficou anestesiado. A direcção do partido é o Governo. Há alguns lampejos no grupo parlamentar mas é pouco, muito pouco".
O vice-presidente da AR sublinha que o que se passa em Portugal não é um acto isolado. "As receitas que são ditadas pela OCDE, que é um instrumento do FMI, a que chamam reformas, nada têm a ver com o ideário socialista. E os partidos socialistas não se podem resignar a isso. Mas eu sou, com certeza, um socialista arcaico", ironiza.

Por outro lado, na Europa, diz Alegre, "a única campainha de alarme que se ouve soar é na Alemanha", onde o SPD diz que vai inflectir de novo à esquerda, pressionado pelo Partido da Esquerda. E alerta os seus camaradas para o que considera poder tornar-se num problema para o PS.

"Depois desta manifestação e das últimas sondagens, era bom que houvesse um despertar das consciências no PS. Se o PS não cria alternativa dentro de si, ela surgirá de fora, mais tarde ou mais cedo."

E insiste: "Acho que convinha reflectir por que razão há uma subida de 13 pontos de Jerónimo de Sousa [secretário-geral do PCP] nas sondagens e não há grande subida do BE. No meu entender, isso demonstra que há um buraco negro na esquerda, que passa pela ausência de uma sensibilidade de esquerda visível no PS".