A quem manda não lhe basta que todos concordem com o que faz ou diz. Também lhe interessa que todos "adiram" à mesma realidade. Ora, a realidade é múltipla: da realidade faz parte o défice a dívida, mas também faz parte a miséria, os salários reduzidos, o desemprego e por aí fora. "Aderir" a toda esta realidade impede, por força de coerência, que seja possível "aderir" só à parte que convém a quem manda. E, como diria, Valéry, aderir por aderir "só aderem os loucos e as ostras". Os loucos, digo eu, porque são loucos, e as ostras porque não têm projeto de vida, a não ser o de ficar onde estão.
A aderência é coisa de pneus, e mesmo assim só funciona para uma parte da realidade, o piso onde se movem, e até para isso é preciso que esteja seco.
Alguma forma de aderência será aquela que permite que Morais Sarmento afirme que, nas eleições autárquicas, o PS ganhou, mas não ganhou, e o PSD perdeu, mas não perdeu. E a esta realidade, quem adere? Quem é louco ou ostra?
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