domingo, 13 de outubro de 2013

Governo em Monopausa


Hoje é domingo e, segundo Cavaco, dia de milagres. Chove. Não dá para ir a uma praia do pobrezinhos. Então, o governo reuniu em monopausa. Não se pense que isto é um jogo de palavras para evitar a palavra menopausa. Nem por sombras. Não é uma reunião de menos, é uma reunião de monos.

À hora da reunião lá está ele. Não é esta a primeira, nem a última ceia. Lindo quadro pode, então, ser visto. O nosso primeiro ao centro. Decididamente, falta-lhe o palito nos dentes a balouçar. (É preciso falar urgentemente com quem cuida da sua imagem). Ao seu lado direito (do lado esquerdo de quem vê) "a do farto regaço". Ao colo da "do farto regaço", embalado, com ar feliz, a chuchar no dedo, o nosso vice-primeiro. Os comensais estão todos dispostos, de forma a que a fotografia apanhe, de todos, a tacha arreganhada. Ninguém quer fazer, desta vez, figura de emplastro (isso, fazem eles a toda a hora em outras ocasiões). No fundo do quadro, conferindo-lhe a beleza em falta, uma fazenda de ar bucólico: cores suaves e doces de uma seara de trigo, emoldurada por ramadas de vinhas viçosas e gulosas. Os servos da gleba trabalham a terra. Magros, famintos. Alguns são piegas. Outros estão a mandar o mastigador à merda. No lado esquerdo da imagem, vê-se uma pequena escaramuça. O Aristides, que tinha ido colher as uvas para a sua Ermelinda, levanta os braços, impedindo que um desnaturado qualquer lhe roube o cacho de uvas. "Foi o senhor que mas deu. Sai daí. Só te posso dizer que as daquele lado estão cheias de caga-já". Um servo que corria para aquele lado estacou de repente. Abriram-se dois buracos na terra debaixo dos seus pés. Logo o palerma que vinha no seu encalço aproveitou para lá depositar umas sementes de girassol. Assim como assim, aquilo era trabalho, empreendedorismo, inovação, etc, etc.

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