Cheguei agora a casa de um consulta de cirurgia. O Chaplin (meu cão) farejou-me e, por certo, percebeu que vinha do meu veterinário. Ficou com ar preocupado: ele também não gosta desses ambientes.
Mas, agora, está realmente preocupado, o focinho entalado entre as patas, enquanto lhe peço que esteja sossegadinho, que não me incomode.
Está ele a pensar que, quando volta do veterinário, pode não vir melhor, mas nunca vem pior. Que raio de coisa sou eu, a quem os deuses não me protegem dessas leviandades? Sim, que o bicho transcende a sua condição, para pensar numa ordem superiormente estabelecida.
Pois é, para além de o médico me ter mexido numa coisa ruim (afinal de dimensão média) que devia ficar onde estava, tive eu de assinar, em nome da transparência, um documento onde se anunciavam os procedimentos técnicos a que seria sujeito, a taxa de mortalidade naquele hospital para intervenções do mesmo género, etc.
O Chaplin já sabe que "coisa" é um termo que se refere a algo de transcendente. Já categorizou as coisas: por exemplo, "bola" é toda a coisa com que pode brincar.
Não faltará muito para inventar a filosofia, e aí descobrirá que a água é a origem, diacrónica e sincrónica, de todas as coisas. Não é que já não o saiba. Só que, até agora, isso tem sido uma crença verdadeira não justificada, a não ser quando tem sede e me sabe a mim por perto. Ainda ladra para beber.
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