O exercício do poder e a luta por ele estão a tornar-se (se calhar sempre foram) numa droga alucinogénea.
O governo poupa-se a governar para além das questões do défice e da dívida. Toma umas medidas descoordenadas e sem nexo num plano global de governação nos domínioda educação, da saúde, da segurança social, do poder local, etc. Por outras palavras, não só não faz nada nesses domínios que tenha qualquer utilidade no futuro, como mostra não ter ideias sobre eles. A rede Citius que está a falhar na reforma da justiça não é a única rede que está a falhar. Tal como na Citius, as redes analógicas fundamentais de comunicação entre poder local, educação, saúde, transportes, etc. estão em completa falência. A grande reforma do Estado seria restabelecer e dar funcionalidade a essas redes indispensáveis ao desenvolvimento das sociedades. As digitais podem vir mais tarde ou ao mesmo tempo. Mas com um plano inteligente e global.
A gravidade desta incompetência política é brutalmente amplificada pelos debates daqueles que pretendem exercer o poder. É que mantêm exatamente o mesmo tipo de discurso inútil e compulsivamente esquisóide.
Independentemente de todos os erros (só na Educação são detetáveis uma série deles), e não relevando possíveis situações mais ou menos fraudulentas (houve seguramente muita campanha maldosa também), o governo de Sócrates, em qualquer desses domínios, foi muito mais rico e interessante do que é o atual e são os seus opositores.
Haveria que parar esta decadência alucinada. Com provincianismo, não creio que a coisa se resolva.
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