Hoje, aconteceu-me uma coisa curiosa. O meu cartão de cidadão caducou. Decidi renová-lo hoje mesmo, antes que me venha a fazer falta. Acontece que esta não é melhor semana para andar por aí a renovar cartões. Mesmo assim, por comodidade, recorri a uma cadeira de rodas e desloquei-me a um serviço de resgisto predial e de registo civil. De imediato, uma senhora, funcionária do SNS, alertou para a minha prioridade, coisa de que abdiquei porque não havia razão para isso e acho que não se deve abusar. A funcionária que me devia atender alertou para o facto de naquele serviço não haver prioridades para o registo civil, porque aquele era um serviço de registo predial (o registo civil tinha de ser marcado previamente por telefone). Não havia praticamente ninguém à minha frente, pelo que este problema era ocioso, a não ser que a dita senhora (mestre de qualquer coisa, como sentiu necessidade de dizer) se opusesse a essa prioridade. Primeira coisa estranha: um problema inútil, quer pela senhora ciosa das prioridades, quer por mim nas tintas para elas, tendo em conta a sua inutilidade.
Mas a coisa continuou: por comodidade, eu continuei na cadeira de rodas. Na altura de assinar, a funcionária, preocupada com a minha condição, perguntou-me se sabia escrever... Nessa altura, leu o meu nome completo e apercebeu-se de que ela tinha sido auxiliar numa equipa que eu tinha coordenado (dirigido), onde lhe foram dadas todas as condições para estudar e progredir para um serviço de secretariado. A cara dela não me era estranha. Nem me era estranha a ideia de que cadeira de rodas, para muitos, significa limitações muito para além do que o bom senso pode indicar.
O que fez então essa funcionária? Levantou-se, veio cumprimentar-me efusivamente e atrasou ainda mais o seu trabalho. Valha-lhe Deus. É boa pessoa, mas tem de ser um pouco mais sensata.
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