Ouvimos (eu ouvi) Pedro Passos Coelho a dizer que não haverá aumento do IVA, se ele for Primeiro Ministro. Disse ele também que o aumento das receitas do IVA permitirá compensar a redução da Taxa Social Única (comparticipação das empresas para a Segurança Social). Este milagre não resultará de um aumento do consumo, como é bom de ver, mas de uma reestruturação do IVA, isto é, coisas que pagavam IVA a 6% passam a pagar IVA a 13% ou a 23%, e coisas que pagavam IVA a 13% passam a pagar IVA a 23%. Resultado: o IVA não aumenta, mas nós, os portugueses que continuemos a comprar as mesmas coisas que compravávamos antes, vamos pagar mais IVA. Por outras palavras: O IVA aumenta? Não. Mas nós vamos pagar mais IVA? Vamos.
Agora, uma adivinha: com quem é que ele aprendeu a falar assim? Para que queremos o aluno, se ainda temos o mestre?
Só mais umas perguntinhas: para que é que se reduz o custo do trabalho para as empresas? Claro, para estimular o emprego. Mas se os produtos ficarem mais caros, não haverá, por acaso diminuição do consumo? Ou vai haver aumentos de salários para compensar o "aumento" do IVA? Se houver redução do consumo, como pode haver aumento dos lucros nas empresas que sustente o emprego? Se houver aumento de salários (ai,ai...) como se compensa o correspondente aumento dos custos do trabalho? Ou será que a redução da Taxa Social Única em 4% será, metade para reduzir os encargos das empresas e a outra metade para aumentar os salários?
Os dirigentes políticos em Portugal, e talvez em toda a Europa, estão a precisar que o povo lhes dê uma lição de que não se esqueçam com facilidade. Pela parte que me toca, já sei o que fazer; não quero ouvir mais esclarecimentos, nem dos políticos propriamente ditos, nem dos seus acólitos comentadores, cuja existência se justifica com base na única e simples ideia de que aquilo que os primeiros dizem carece de interpretação para que o povo os entenda.
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