Passos Coelho afirmou com o seu ar mais convicto que um governo de gestão pode pedir ajuda externa e até deve pedi-la, se for necessário. Acontece que, junto com esse pedido, tem de seguir uma proposta clara de medidas de austeridade, ou a aceitação explícita das medidas de austeridade propostas pelos financiadores externos.
Agora é altura de perguntar: isto é um direito e até um dever de um governo de gestão sem apoio parlamentar, e um governo em plenas funções tem de ter apoio parlamentar para fazer o mesmo? Isto é: o governo afinal não caiu por ter sido negociado um pacote de medidas com as instituições europeias sem negociação prévia com o parlamento? Um PEC, com origem num governo de gestão, é bem aceite, mesmo sem apoio parlamentar?
Saramago escreveu uma obra premonitória: "Ensaio sobre a Lucidez". Os senhores políticos, comentadores, politólogos e tudólogos deviam dar-lhe uma vista de olhos.
A meu ver, a solução encontrada pelo povo nesse romance começa a fazer todo o sentido.
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