quinta-feira, 16 de julho de 2009
MAQUIAVEL AFINAL ERA UM MENINO DO CORO
O Ministério da Educação tinha uma coisa para anunciar: o sistema de avaliação do desempenho dos professores iria ser ligeiramente rectificado.
Portanto, era importante que fosse publicada alguma notícia que desautorizasse qualquer contestação dos professores.
Por outro lado, essa notícia deveria activar uma característica das mais medíocres dos seres humanos: a inveja.
E essa notícia saiu: O professores portugueses são os mais bem pagos da Europa (face ao PIB).
Esta é uma notícia recorrente. É uma arma sempre pronta a disparar.
Este maquiavelismo não me surpreende.
Mas surpreende-me que o Primeiro Ministro critique a TVI pelo seu jornalismo de baixo nível. O baixo nível do jornalismo não é ser comprometido: isso é falta de isenção. O baixo nível é publicar qualquer coisa só para encher as páginas dos jornais ou o tempo dos telejornais.
É o caso desta fabulosa notícia que, desde que este governo é governo, já foi publicada uma boa dúzia de vezes. Sempre em momentos-chave.
Compreende-se: estimulando a proverbial inveja dos portugueses, essa notícia também ajuda a que a população seja conquistada pela Ministra e pelo PS, apesar de ambos terem perdido os professores.
Só que os portugueses deveriam saber que, face ao PIB, todos os portugueses (jornalistas, ministros, trolhas, etc.) são mais bem pagos do que os seus congéneres europeus. É que o PIB português é, de facto, muito baixo.
Em contrapartida, o preço dos bens essenciais (leite, batatas, arroz, etc.) é muito mais elevado, face ao PIB, do que em qualquer outro país da Europa. A vida não é mais cara em Portugal. Mas, face ao PIB, é caríssima para os portugueses, sejam eles professores, jornalistas ou porteiros do ministério da educação.
O que quer dizer que, relativamente ao preço das coisas, os portugueses, incluindo os professores, ganham uma verdadeira miséria.
A questão a que este governo e os economistas com lugar cativo nas TVs não respondem é: para onde vai a riqueza que resulta de preços, em valor absoluto, muito próximos dos dos restantes países da UE, e de salários, incluindo os dos professores, em termos absolutos, muito inferiores aos dos rentes países da Europa.
Com referência ao PIB, aquilo que importa dizer é que Portugal é um país injusto para quem depende do trabalho para viver.
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