As ideias dos políticos podem ser chatas, injustas, erradas, disparatadas, etc.... mas é bom que se diga que não são poluentes. Na verdade, são biodegradáveis.
Tendo em boa conta este carácter biodegradável das suas ideias, era ususal os políticos fazerem a sua autobiografia, para que se conservassem. Embora algumas autobiografias sejam realmente poluentes e de muito mau gosto, é verdade que algumas outras trouxeram algum perfume às coisas. Tudo parecia compensado. O perfume de umas anulava o mau cheiro de outras, e ficava tudo na mesma.
Mas agora os políticos não fazem autobiografias; os políticos actuais autobiodegradam-se. Podíamos ficar felizes com a ideia, mas não devemos. Com efeito, depois de se autobiodegradarem, os políticos aguardam pacientemente que algum empreendimento de reciclagem os recupere do caixote do lixo, onde se meteram.
Então temos (entre outros) que:
- um presidente de câmara e primeiro ministro duplamente autobiodegradado foi recentemente reciclado e regressa à actividade política, como se já não tivesse cheirado mal o quanto bastasse.
- uma antiga ministra da educação completamente autobiodegradada, acaba por ser reciclada para se candidatar a primeiro-ministro;
E os outros, também em regime apressado de autobiodegradação?
Por isso, enquanto os políticos não voltarem a ter a coragem de se autobiografarem, continuando a autobiodegradar-se, sempre que me digam para escolher um, ou uma dúzia, ou mais, ou menos, eu voto em branco.
Que se autobiografem e que nos deixem em paz.
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