Banalidade é um conceito de largo espectro. Aplica-se a um vasto conjunto de acções do quotidiano e a sua característica nuclear á a inconsciência. Este Tratado para debutantes, tendo preocupações didácticas, acaba por não responder positivamente a essa exigência central de inconsciência. É este o preço a pagar pela ambição desmedida de transpor para a didáctica um conceito tão complexo como o da banalidade.
Infelizmente, portanto, este Tratado não cumpre os requisitos mínimos da banalidade, embora uma grande quantidade de esforço seja aplicada nesse sentido. A tradução da banalidade para um acto pedagógico conseguirá, na melhor das hipóteses, constituir-se em metabanalidade. Assim me assista o engenho e a arte nesta tarefa, a todos os títulos, generosa, se, por via da sua metabanalidade, não conseguir ser um pouco mais do que isso.
Infelizmente, portanto, este Tratado não cumpre os requisitos mínimos da banalidade, embora uma grande quantidade de esforço seja aplicada nesse sentido. A tradução da banalidade para um acto pedagógico conseguirá, na melhor das hipóteses, constituir-se em metabanalidade. Assim me assista o engenho e a arte nesta tarefa, a todos os títulos, generosa, se, por via da sua metabanalidade, não conseguir ser um pouco mais do que isso.
Publicado 16th August 2006 por Jorge Barbosa
O povo está farto de falinhas mansas. Quem manda tem de proclamar o seu poder, urrando com quanta força tenha. Aos urros, deve acusar os trabalhadores em geral de falta de produtividade, os médicos e farmacêuticos de falta de honestidade, os juízes de preguiça, os professores de falta de profissionalismo. O povo rejubilará. Finalmente o poder foi entregue a quem de direito. a gente que proclama o seu poder aquém e além mar.
Em simples repartições, do poder já se sabe, surgirão novos líderes: mulheres com voz de bagaço, dentes enferrujados de tabaco e com o riso fácil de uma gaveta de ferragens a abrir com cavilhas, porcas, anilhas, tubos e parafusos a chocalhar; a assessorá-las, homens com trejeitos de donzelas virgens e voz de limonada. A chefe urrará "aqui quem manda, sou eu", e não fará nem dirá mais nada que tenha jeito; os subchefes urrarão "aqui quem manda, sou eu", e prestarão vassalagem à chefe.
Em reunião com a chefe da repartição maior, a chefe da repartição menor perguntará suavemente, tanto quanto lhe permitam os pregos, tesouras e alicates da gaveta em que se transformou a sua boca, "chefinha, ali quem manda, sou eu?". "Ali. manda quem urrar melhor, aqui, quem manda, sou eu", urrará a grande chefe.
Impor-se-á que as conclusões desta reunião maior sejam divulgadas por toda a repartição. Uma nota de serviço será redigida a dizer: "Na sequência de importante reunião com a grande chefe, informa-se que foi decidido que aqui quem manda sou eu. Com os melhores cumprimentos, Viva Portugal"
O funcionário que afixe na parede um cartaz esclarecendo que "aqui quem manda é ela", será chamado de urgência ao Gabinete da Chefe para se explicar: "quem é essa ela? Aqui quem manda sou eu. Está despedido", urrará a chefe de boca em gaveta, "e nem tente justificar-se", completará, para que não surjam dúvidas.
Com tempo, a chefe passará do bagaço à vinhaça e à cervejola, em dias de festa, ao wisky, e o subchefe será promovido da limonada à seven-up e ao ice-tea, em dias de festa, à vitalis com sabor a limão. Os seus urros acabarão por ser apreciados. O povo respirará de alívio: o futuro estará assegurado por esta geração imparável de urradores profissionais.
Em simples repartições, do poder já se sabe, surgirão novos líderes: mulheres com voz de bagaço, dentes enferrujados de tabaco e com o riso fácil de uma gaveta de ferragens a abrir com cavilhas, porcas, anilhas, tubos e parafusos a chocalhar; a assessorá-las, homens com trejeitos de donzelas virgens e voz de limonada. A chefe urrará "aqui quem manda, sou eu", e não fará nem dirá mais nada que tenha jeito; os subchefes urrarão "aqui quem manda, sou eu", e prestarão vassalagem à chefe.
Em reunião com a chefe da repartição maior, a chefe da repartição menor perguntará suavemente, tanto quanto lhe permitam os pregos, tesouras e alicates da gaveta em que se transformou a sua boca, "chefinha, ali quem manda, sou eu?". "Ali. manda quem urrar melhor, aqui, quem manda, sou eu", urrará a grande chefe.
Impor-se-á que as conclusões desta reunião maior sejam divulgadas por toda a repartição. Uma nota de serviço será redigida a dizer: "Na sequência de importante reunião com a grande chefe, informa-se que foi decidido que aqui quem manda sou eu. Com os melhores cumprimentos, Viva Portugal"
O funcionário que afixe na parede um cartaz esclarecendo que "aqui quem manda é ela", será chamado de urgência ao Gabinete da Chefe para se explicar: "quem é essa ela? Aqui quem manda sou eu. Está despedido", urrará a chefe de boca em gaveta, "e nem tente justificar-se", completará, para que não surjam dúvidas.
Com tempo, a chefe passará do bagaço à vinhaça e à cervejola, em dias de festa, ao wisky, e o subchefe será promovido da limonada à seven-up e ao ice-tea, em dias de festa, à vitalis com sabor a limão. Os seus urros acabarão por ser apreciados. O povo respirará de alívio: o futuro estará assegurado por esta geração imparável de urradores profissionais.
Publicado 17th August 2006 por Jorge Barbosa
Nos tempos conturbados em que vivemos, é frequente confundir-se banalidade com inutilidade. Como veremos mais adiante, há motivos válidos para que se estabeleça tal confusão. Analisemos esta questão, a partir de uma clarificação conceptual, por enquanto, ainda cientificamente válida.
A inutilidade, segundo se crê, refere-se ao que é inútil. Pelo contrário a banalidade é, por via de regra, muito útil e, a maior parte das vezes, indispensável para o bom governo do comportamento individual, dos povos e das sociedades. Inútil, qualquer um pode ser; banal, só é quem souber ser.
Todavia, a História, é uma construção do ser humano, como se sabe, e, por via disso, o ser humano está progressivamente a promover uma profunda alteração nos conceitos de banalidade e inutilidade. Vivemos um momento histórico de transição. Neste período transitório, os dois conceitos surgem muitas vezes baralhados, sendo já possível encontrar inutilidades banais (o que as transforma em inutilidades úteis) e banalidades inúteis (o que torna a utilidade inútil).
Vejamos como as coisas se passam.
Quando se diz que o ser humano é o actor e o autor da História não se está a dizer que cada um de nós está a ser capaz, sozinho, de alterar o rumo da História. O que se está a dizer é que cada um de nós contribui com algumas gotas de água para o grande rio. Por outro lado, sabe-se hoje que não só o ser humano, mas também os outros animais contribuem para a contrução da História. Experiências científicas, realizadas com cães e gatos, demonstraram esse fenómeno de forma inequívoca. Foram, no entanto, muito contestadas por se saber que estes animais têm por hábito adquirir algumas características dos seus donos, o que enviesa claramente os resultados. Experiências mais recentes, realizadas com burros, confirmaram entretanto os mesmos resultados que tinham sido obtidos com cães e gatos. O problema destas experiências com burros reside no facto de serem animais que, no seu estado natural e indisfarçado, estão em vias de extinção. Com efeito, essas experiências demonstram também que a maior parte dos burros vive difarçada de camaleões e de osgas. Descobriu-se portanto que os burros não estão verdadeiramente em vias de extinção, mas em metamorfose.
Ora, é neste ponto que se percebe a importância de pequenos países, mas com gloriosos destinos, como é o caso de Portugal, na construção da História. Com efeito, Portugal é, neste momento, o país com mais recursos para ajudar o mundo a superar o caos que resulta da confusão entre banalidade e inutilidade.
Vejamos algunms exemplos concretos:
Considerar os exames nacionais como uma medida eficaz de combate do insucesso escolar é banal, portanto útil. Se não era banal antes, tornou-se agora que comentadores desportivos começaram a apoiar esta ideia genial da Ministra. Acontece que, se é útil, então os alunos deveriam limitar-se a fazer exames nacionais todos os dias. É claro que teríamos de resolver o problema seguinte: o que fazer com tantas crianças e jovens com sucesso escolar? Na verdade, todos os alunos teriam sucesso, o que constituiria um problema gravíssimo que as próximas gerações teriam de herdar. Assim sendo, os exames nacionais passaram a ter um calendário que impõe a todos os alunos a disciplina férrea de só os poder fazer de três em três anos ou mais de intervalo. Esta medida banal e útil foi tornada inútil, não deixando de ser banal.
O desemprego está a baixar e o emprego não está a aumentar. De facto, esta constatação parece um enigma, mas não é. O que se passa é que a população do país está a diminuir. Sendo o emprego um mal que mina as empresas e o Estado, e o desemprego um flagelo social, para superar este dilema, há que reduzir, eliminar mesmo, a população do país. Aqui, também Portugal já deu os primeiros passos: as professoras que decidam ter filhos, terão de pagar do seu próprio bolso os prejuízos causados ao Estado por essa imprudente decisão. A contribuição não é assim tão elevada quanto poderia parecer à primeira vista, dada a gravidade da maternidade. A única penalização, para já, é a de o tempo de licença de maternidade não ser contabilizado para progressão na carreira. Só uma "mulher com tomates" (perdoe-se-me a expressão) teria coragem de tomar esta medida tão necessária. Cá está mais uma medida banal e útil. Só que a penalização é tão baixa - que mulher vai colocar os interesses do Estado acima dos seus, só por três meses de prejuízo na sua carreira? - que se torna inútil. A utilidade passa a ser inútil, mais uma vez.
Exemplos, como estes, são imensos em Portugal, sendo o país que mais contributos positivos tem dado para o hiper-modernismo a que alguns chamam pós-modernidade.
Para colaborar neste imenso movimento a favor do hiper-modernismo basta-lhe compreender o que fazem os melhores do seu país.
Por exemplo, sindicalistas defensores intransigentes dos direitos dos trabalhadores, uma vez chegados ao poder, transformam-se em verdadeiros e genuínos sacanas contra precisamente os trabalhadores. Por outro lado, ser-se de esquerda corresponde a uma imagem de marca que está, neste momento, aberta a todos os oportunismos. Em boa verdade, está a dar. Se és mulher e queres mandar em alguma coisa, basta-te seres de esquerda (as tuas ideias não interessam para nada - a esquerda é uma marca de sabonetes) e teres um amigo gay; se és homem, deves ser gay primeiro e de esquerda depois. Se não quiseres ser gay (ninguém te pede para já explicações), dedica-te à agricultura e à criação de gado. Pelo menos trabalharás para prevenir a fominha que vem aí.
Isto é o que se está a passar agora, mas dentro em breve, terás de mudar para continuar a tua colaboração nesse imparável movimento hiper-moderno. Não falta muito tempo para que tenhas de ser de direita: se fores homem, não te esqueças de ser heterossexual, e se fores mulher não te esqueças de ser bonita e feminista q.b., sem exageros. Se fores mulher, de direita e feia podes chegar ao poder, mas vais ter problemas de todo o tamanho. As feias devem ser de esquerda... (de novo, alerto para o facto de as ideias não interessarem nada - podes ser de esquerda com ideias de direita e vice-versa, é o que está a dar).
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A inutilidade, segundo se crê, refere-se ao que é inútil. Pelo contrário a banalidade é, por via de regra, muito útil e, a maior parte das vezes, indispensável para o bom governo do comportamento individual, dos povos e das sociedades. Inútil, qualquer um pode ser; banal, só é quem souber ser.
Todavia, a História, é uma construção do ser humano, como se sabe, e, por via disso, o ser humano está progressivamente a promover uma profunda alteração nos conceitos de banalidade e inutilidade. Vivemos um momento histórico de transição. Neste período transitório, os dois conceitos surgem muitas vezes baralhados, sendo já possível encontrar inutilidades banais (o que as transforma em inutilidades úteis) e banalidades inúteis (o que torna a utilidade inútil).
Vejamos como as coisas se passam.
Quando se diz que o ser humano é o actor e o autor da História não se está a dizer que cada um de nós está a ser capaz, sozinho, de alterar o rumo da História. O que se está a dizer é que cada um de nós contribui com algumas gotas de água para o grande rio. Por outro lado, sabe-se hoje que não só o ser humano, mas também os outros animais contribuem para a contrução da História. Experiências científicas, realizadas com cães e gatos, demonstraram esse fenómeno de forma inequívoca. Foram, no entanto, muito contestadas por se saber que estes animais têm por hábito adquirir algumas características dos seus donos, o que enviesa claramente os resultados. Experiências mais recentes, realizadas com burros, confirmaram entretanto os mesmos resultados que tinham sido obtidos com cães e gatos. O problema destas experiências com burros reside no facto de serem animais que, no seu estado natural e indisfarçado, estão em vias de extinção. Com efeito, essas experiências demonstram também que a maior parte dos burros vive difarçada de camaleões e de osgas. Descobriu-se portanto que os burros não estão verdadeiramente em vias de extinção, mas em metamorfose.
Ora, é neste ponto que se percebe a importância de pequenos países, mas com gloriosos destinos, como é o caso de Portugal, na construção da História. Com efeito, Portugal é, neste momento, o país com mais recursos para ajudar o mundo a superar o caos que resulta da confusão entre banalidade e inutilidade.
Vejamos algunms exemplos concretos:
Considerar os exames nacionais como uma medida eficaz de combate do insucesso escolar é banal, portanto útil. Se não era banal antes, tornou-se agora que comentadores desportivos começaram a apoiar esta ideia genial da Ministra. Acontece que, se é útil, então os alunos deveriam limitar-se a fazer exames nacionais todos os dias. É claro que teríamos de resolver o problema seguinte: o que fazer com tantas crianças e jovens com sucesso escolar? Na verdade, todos os alunos teriam sucesso, o que constituiria um problema gravíssimo que as próximas gerações teriam de herdar. Assim sendo, os exames nacionais passaram a ter um calendário que impõe a todos os alunos a disciplina férrea de só os poder fazer de três em três anos ou mais de intervalo. Esta medida banal e útil foi tornada inútil, não deixando de ser banal.
O desemprego está a baixar e o emprego não está a aumentar. De facto, esta constatação parece um enigma, mas não é. O que se passa é que a população do país está a diminuir. Sendo o emprego um mal que mina as empresas e o Estado, e o desemprego um flagelo social, para superar este dilema, há que reduzir, eliminar mesmo, a população do país. Aqui, também Portugal já deu os primeiros passos: as professoras que decidam ter filhos, terão de pagar do seu próprio bolso os prejuízos causados ao Estado por essa imprudente decisão. A contribuição não é assim tão elevada quanto poderia parecer à primeira vista, dada a gravidade da maternidade. A única penalização, para já, é a de o tempo de licença de maternidade não ser contabilizado para progressão na carreira. Só uma "mulher com tomates" (perdoe-se-me a expressão) teria coragem de tomar esta medida tão necessária. Cá está mais uma medida banal e útil. Só que a penalização é tão baixa - que mulher vai colocar os interesses do Estado acima dos seus, só por três meses de prejuízo na sua carreira? - que se torna inútil. A utilidade passa a ser inútil, mais uma vez.
Exemplos, como estes, são imensos em Portugal, sendo o país que mais contributos positivos tem dado para o hiper-modernismo a que alguns chamam pós-modernidade.
Para colaborar neste imenso movimento a favor do hiper-modernismo basta-lhe compreender o que fazem os melhores do seu país.
Por exemplo, sindicalistas defensores intransigentes dos direitos dos trabalhadores, uma vez chegados ao poder, transformam-se em verdadeiros e genuínos sacanas contra precisamente os trabalhadores. Por outro lado, ser-se de esquerda corresponde a uma imagem de marca que está, neste momento, aberta a todos os oportunismos. Em boa verdade, está a dar. Se és mulher e queres mandar em alguma coisa, basta-te seres de esquerda (as tuas ideias não interessam para nada - a esquerda é uma marca de sabonetes) e teres um amigo gay; se és homem, deves ser gay primeiro e de esquerda depois. Se não quiseres ser gay (ninguém te pede para já explicações), dedica-te à agricultura e à criação de gado. Pelo menos trabalharás para prevenir a fominha que vem aí.
Isto é o que se está a passar agora, mas dentro em breve, terás de mudar para continuar a tua colaboração nesse imparável movimento hiper-moderno. Não falta muito tempo para que tenhas de ser de direita: se fores homem, não te esqueças de ser heterossexual, e se fores mulher não te esqueças de ser bonita e feminista q.b., sem exageros. Se fores mulher, de direita e feia podes chegar ao poder, mas vais ter problemas de todo o tamanho. As feias devem ser de esquerda... (de novo, alerto para o facto de as ideias não interessarem nada - podes ser de esquerda com ideias de direita e vice-versa, é o que está a dar).
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Publicado 21st August 2006 por Jorge Barbosa
Há cada vez menos pessoas que acreditam que a democracia significa uma justa repartição dos bens públicos entre os cidadãos, a partilha aberta de informação e a participação activa dos cidadãos na vida do seu país. A democravia é como um gelado de chocolate: é uma coisa boa, mas em excesso pode provocar doenças fatais. Essas pessoas que pensam que a democracia é como acima se diz fazem pior: transformam o gelado de chocoate em remédio para matar ratos.
Portugal é um exemplo de democracia equilibrada: a ninguém passa pela cabeça, por exemplo, que os dirigentes políticos sejam eleitos porque são mais competentes para isto ou para aquilo. Na verdade, o povo sabe lá para que é que eles servem. Nem lhe interessa saber. Nem interessa a ninguém, se formos rigorosos.
Importa então que clarifiquemos como podes ambicionar a ser um dirigente político respeitado num país tão encantador como Portugal, onde a democracia não peca por exageros, onde até, se for necessário para o bem do povo, pode haver falta dela, mas ninguém se queixa. Maravilhoso país este.
Portugal é um exemplo de democracia equilibrada: a ninguém passa pela cabeça, por exemplo, que os dirigentes políticos sejam eleitos porque são mais competentes para isto ou para aquilo. Na verdade, o povo sabe lá para que é que eles servem. Nem lhe interessa saber. Nem interessa a ninguém, se formos rigorosos.
Importa então que clarifiquemos como podes ambicionar a ser um dirigente político respeitado num país tão encantador como Portugal, onde a democracia não peca por exageros, onde até, se for necessário para o bem do povo, pode haver falta dela, mas ninguém se queixa. Maravilhoso país este.
- Em primeiro lugar, deves aprender a discursar sem conteúdo. O conteúdo daquilo que dizes não interessa a ninguém: só baralha as mentes e cria embaraços. Tudo o que digas deve ser pura retórica, como faz por exemplo o Ministro Santos Silva, um verdadeiro bastião na arte de dizer nada com muitas palavras e todas redondas. Essa arte de retórica, absolutamente vazia de conteúdo (isto é importante) será o que vai permitir que insultes o povo que te elegeu, e todos os cidadãos, um de cada vez, é claro, ou então uma corporação de cada vez, fiquem verdadeiramente extasiados e te prometam mais votos para a próxima vez.
- Mais do que tudo, o combate à pobreza e à miséria deve ser um estilo, uma maneira de falar, de ficar com o ar compungido, sobrancelhas caídas, cantos dos lábios tombados, um dedo tremente na testa, seguido de um sorriso de dentes lavados e encerados, optimista e confiante. Quanto ao resto, quem quiser que faça pela vida, que os governantes têm mais em que pensar. Só a título de exemplo, citemos o enorme trabalho que lhes dá preparar um discurso, uma entrevista, um debate: que roupa devem usar? que cores devem ter a gravata e o casaco? Qual a cor do fundo do palco em que se vão exibir? As unhas estão bem cortadas? E o cabelo? como está? O fecho da saia, ou das calças está bem fechado? - não vá o diabo infiltrar-se e colaborar com o adversário . A um homem político, o pior desastre que pode acontecer, aquilo que o levará à derrota certa não são as suas ideias, mas o espectáculo degradante de a gravata não combinar com as cores de fundo de palco, ou então que as calças lhe caiam em pleno discurso. A uma mulher não lhe fica mal que um ou mais botões da blusa se lhe desapertem, no ímpeto do debate, se tiver alguma coisa que se veja, mas morrerá definitivamente para a política se a tinta do baton tiver um milímetro que seja a mais do que devia ter. Pensar nestes e em muitosa outros pormenores ocupa todo o tempo a cabeça de governantes que se prezem. Se queres seguir essa maravilhosa carreira profissional, é bom que te prepares desde já. Essa carreira é impiedosa para mentes preguiçosas.
- Se não sabes o que fazer (porque pelo menos de três em três meses tens de tomar uma medida, que não seja um discurso - a vida de governante tem este senão), pensa em algo que te irrite solenemente. Se por exemplo não gostaste que a tua namorada ou namorado te tenha trocado por outro ou outra, mesmo que sejas gay, e nem tivesses nenhum interesse nela ou nele, trata de tomar uma medida qualquer que prejudique o novo amigo ou amiga do traidor ou da traidora. Já agora, e antes que me esqueça, usa sempre o feminino e o masculino (nesta ordem), como fiz atrás, mesmo que te estejas a referir a calhaus: neste caso dirás "as pedras e os calhaus deste país merecem o que têm", por exemplo. Se, pelo contrário, alguém te apoiou e te ajudou a superar esse problema de traição inqualificável, toma uma ou mais medidas que beneficiem essa pessoa e os seus familiares. Se ela prejudicar alguém, tanto melhor, porque não precisarás de fazer um penoso discurso com o seguinte conteúdo: "a quem me beija a mão, eu beijo a face, e não diga que vai daqui - é que as mãos (nunca se sabe) são o alojamento preferido dos micróbios." Um discurso, como este com conteúdo, é a morte do artista.
- Se alguém contestar o que dizes, ou, pior ainda o que não fazes ou o que fazes, acusa-o de deslealdade para com a organização. Ninguém sabe o que isso é, a organização. "Tragam-me aqui a organização que eu quero conhecê-la". Ninguém traz. Não se sabe onde mora, onde vai tomar café ou que praia frequenta na época balnear. A "organização" é uma palavra-chave: abre as portas a toda a intriga e a toda a arbitrariedade. Não te esqueças que a capacidade de intriga e de arbitrariedade são duas das qualidades mais importantes de um qualquer político que queira fazer carreira digna. "Organização" é então a palavra-chave desta coisa. Se, num lapso programado, trocares a palavra organização pelo teu próprio nome, limita-te a sorrir e com toda a displicência deste mundo, na próxima oportunidade, troca o teu nome pela palavra organização, e estarás perdoado.
- Se te acusarem com razão que não estás a ser democrata, filia-te rapidamente num partido de esquerda. Aí , não tens de dar qualquer justificação. Esses partidos são democratas de cognome. E podes tranquilamente fazer e dizer o que fazias e dizias antes. Se te acusarem que está a hipotecar o futuro da economia do país, filia-te logo que possas num partido de direita. Aí , não terás de dar qualquer explicação. Os partidos de direita são insuspeitos nessa matéria. A palavra matéria é outra que deves aprender a usar. Se pensas que matéria quer dizer aquilo de que são feitas as coisas, isso é porque és primitivo, ainda pensas como Aristóteles que viveu há muito mais de 2 000 anos. Não te admires que digam que estás ultrapassado: 2 000 anos é muito tempo... "Matéria" quer dizer o que muito bem te apetecer; sobretudo é uma palavra útil para te referires com eficácia e rapidez a um assunto de que nunca ouviste falar, nem queres ouvir, porque tens a panela ao lume e não há tempo para tudo.
Publicado 5th September 2006 por Jorge Barbosa
Se alguma vez chegares a fazer parte do Governo teu País, ou até (quem sabe?) do Governo dos outros, será seguramente porque entendeste e praticaste na perfeição o que se diz em 5 - Maravilhosa Democracia, Maravilhosa.Mas uma vez chegado ao governo tens de aprender a despachar. Queres isto ou aquilo, faz um despacho; não gostas deste ou daquele, faz um despacho; concordas com um comentário que saiu no jornal da tua aldeia, faz um despacho; se discordares, faz outro; se não souberes o que pensar sobre a matéria em apreço, faz outro. Nunca faças despachos a partir de comentários de jornais nacionais: ninguém precisa saber de onde tiraste a ideia.
Claro, terás de aprender a resistir não só às críticas de que a tua governação não respeita a democracia real - a esta crítica já sabes responder (aprendeste no capítulo anterior, o 5) -, mas também que não respeitas a democracia formal, que despachas sem suporte em Decretos-Lei ou em Leis.
Os teus despachos não são para regulamentar decretos: isso pode esperar; um decreto pode até nunca ser regulamentado, se para isso for necessário pensar mais do que aquilo que estás disposto a fazer. Os despachos também não são só para tomar medidas administrativas que regulem conflitos entre decretos, ou interpretações de decretos. Para isso, há os tribunais, que, pelos vistos, estão às moscas com falta de trabalho. Os despachos são precisamente para evitares a maçada de pedir autortizações legislativas para publicar decretos aos representantes do povo, que por sinal também têm mais que fazer. Toma o exemplo da ministra Lurdes Rodrigues. Ela acha que deve alterar os estatuto dos professores. Mas isso cria problemas do arco da velha. Então faz despachos como se o estatuto já tivesse sido alterado. Este é um dos melhores exemplos de ausência total e legítima de democracia real e formal. Legítima porque não há paciência para se ser democrata neste mundo globalizado e cheio de desafios, de futebol e não só, não se pense que, lá porque o futebol ocupa mais de 90% de todo o conjunto de desafios aceitáveis para um bom governo, não existe um ou outro que entre na categoria do desporto radical, ou safaris, ou coisa do género com a mesma legitimidade.
Despacha portanto sem parar. E quanto mais te criticarem, mais despachos deves fazer. Se alguma ou a maior parte nunca for posta em prática, não te arrependas de nada. Cumpriste a tua obrigação. Aos outros compete cumprir a deles.
Claro, terás de aprender a resistir não só às críticas de que a tua governação não respeita a democracia real - a esta crítica já sabes responder (aprendeste no capítulo anterior, o 5) -, mas também que não respeitas a democracia formal, que despachas sem suporte em Decretos-Lei ou em Leis.
Os teus despachos não são para regulamentar decretos: isso pode esperar; um decreto pode até nunca ser regulamentado, se para isso for necessário pensar mais do que aquilo que estás disposto a fazer. Os despachos também não são só para tomar medidas administrativas que regulem conflitos entre decretos, ou interpretações de decretos. Para isso, há os tribunais, que, pelos vistos, estão às moscas com falta de trabalho. Os despachos são precisamente para evitares a maçada de pedir autortizações legislativas para publicar decretos aos representantes do povo, que por sinal também têm mais que fazer. Toma o exemplo da ministra Lurdes Rodrigues. Ela acha que deve alterar os estatuto dos professores. Mas isso cria problemas do arco da velha. Então faz despachos como se o estatuto já tivesse sido alterado. Este é um dos melhores exemplos de ausência total e legítima de democracia real e formal. Legítima porque não há paciência para se ser democrata neste mundo globalizado e cheio de desafios, de futebol e não só, não se pense que, lá porque o futebol ocupa mais de 90% de todo o conjunto de desafios aceitáveis para um bom governo, não existe um ou outro que entre na categoria do desporto radical, ou safaris, ou coisa do género com a mesma legitimidade.
Despacha portanto sem parar. E quanto mais te criticarem, mais despachos deves fazer. Se alguma ou a maior parte nunca for posta em prática, não te arrependas de nada. Cumpriste a tua obrigação. Aos outros compete cumprir a deles.
Publicado 6th September 2006 por Jorge Barbosa
Numa perspectiva científica rigorosa, um problema só é um problema científico se a ciência assim o entender, isto é, se houver perspectivas de a ciência o poder resolver. Se não, então o problema será do domínio da especulação ou do ocultismo.
Ora, se procuras levar uma vida digna, sobretudo se essa dignidade passar pelo exercício do poder, tens de saber respeitar esse princípio científico. Só tem estatuto de problema aquele a que tu saibas responder. Se, de todos os que te colocarem, não souberes responder a nenhum, deves muito simplesmente ignorá-los a todos porque serão seguramente irrelevantes.
O mesmo se deve dizer relativamente ao problema da verdade.
Antes que comeces a fazer as confusões habituais de gente medíocre, convém que saibas que a verdade é um adereço. Num palco, por exemplo, nenhum adereço deve ofuscar o desempenho dos actores; pelo contrário, os adereço devem realçar o trabalho dos actores. Se algum adereço não cumprir esta missão, é porque é descartável e, em bom rigor, deve ser imediatamente descartado. Há gente medíocre que entende - vá lá saber-se porquê - que a verdade é a figura principal de todos os cenários políticos ou da vida comunitária. Tens portanto de optar: se queres continuar a ser medíocre, continua a pensar que a verdade vale o que quer que seja por si só, mas não te queixes de seres um falhado na vida; se queres ter sucesso, usa a verdade para embelezar os teus actos e se alguma vez, como acontecerá frequentemente, a verdade não servir para isso, aprende a pô-la de lado. A verdade deve estar ao teu serviço e não ao serviço de si mesma. A verdade ao serviço de si mesma é um totalitarismo que tu nunca podes aceitar, pela simpes razão de deixares de ser capaz de a controlar.
Esta linguagem, se foste educado como quase todos nós, numa perspectiva de vida medíocre, pode parecer-te estranha. E é, de facto, não porque seja ininteligível, mas porque é uma linguagem de elite, só acessível aos iniciados na ciência da banalidade.
A banalidade é, com efeito, uma ciência exacta que se perfila no horizonte do conhecimento humano como a final e a decisiva modalidade de conhecimento superior do ser humano. Embora seja adereço, como qualquer verdade, a verdade é que não te bastarão as lições que programei para este Tratado para que aprendas a ter sucesso. Mais grave ainda: sendo eu um simples mestre da banalidade, não alcançarei nunca a perfeição nesta ciência, que, no entanto está perfeitamente ao teu alcance. Passa-se comigo algo idêntico ao que se passa com um treinador de futebol: o treinador já não tem fôlego sequer para jogar um jogo a sério durante mais do que cinco minutos, fuma, tem barriga, etc., mas compete-lhe a ele fazer com que os seus jogadores sejam os melhores do mundo. Em ti, que lês este Tratado, deposito toda a esperança num futuro repleto de banalidades.
Voltando à vaca fria, compreenderás então que a verdade, sendo um adereço, deve estar ao teu serviço. De uma forma ainda muito incipiente, esta é já uma prática de sucesso de quase todos os poderosos. Por exemplo, quem não aceita de bom grado que quem revele as verdades de uma país, ou de uma comunidade, ou de um serviço, seja considerado traidor? Precisamente, o traidor é aquele que sabe a verdade e a divulga. Muitas vezes, essa verdade é conhecida de toda a gente, mas é guardada como um segredo, um segredo que toda a gente conhece, mas um segredo porque ninguém fala dele. Aplaude-se a condenação do traidor que teve a ousadia de falar de uma coisa que toda a gente sabe, mas que era segredo. Vejamos um caso concreto: qualquer governante tem o direito de dizer que o país está a enriquecer; se o que ele diz é verdade ou mentira, isso é um assunto que não lhe diz respeito: a verdade, como vimos, é aquilo que pode ilustrar a importância do actor, não aquilo que lhe tira a luz. Traidor será aquele, medíocre claro está, que se pergunta em voz alta: Como pode estar o país a enriquecer, se cada vez há mais pessoas a comer os seus próprios dentes para não passar fome? Esta é uma pergunta íntima, subjectiva, sem valor de verdade e que todavia configura alta traição aos superiores interesses do país.
Note-se que, em última análise, a banalidade enquanto ciência tem no seu horizonte, já não tão longínquo como se pensa, garantir a qualquer ser humano a possibilidade de decretar que a soma de 2 com 2 não tem de ter o resultado de 4, pode variar e até pode não dar resultado nenhum. Esta soma pode, se assim se quiser, por vontade política, deixar de existir no cenário das operações possíveis. O mesmo se diga, por exemplo, a respeito do facto de a soma dos ângulos de um triângulo ser equivalente a dois ângulos de um quadrado, qualquer que seja a dimensão de um e de outro. Esta é uma verdade que, como está bem de ver, pode não interessar a toda a gente. E depois como pode uma verdade estar acima de quem manda? Quem manda até pode estar distraído e não saber dela, e de repente alguém atira-lhe com a verdade à cara... Isto não é coisa que se faça. Um dos objectivos mais grandiosos desta emergente ciência da banalidade é garantir que este tipo de desfaçatez desapareça definitivamente nas nossas comunidades mais desenvolvidas.
Ora, se procuras levar uma vida digna, sobretudo se essa dignidade passar pelo exercício do poder, tens de saber respeitar esse princípio científico. Só tem estatuto de problema aquele a que tu saibas responder. Se, de todos os que te colocarem, não souberes responder a nenhum, deves muito simplesmente ignorá-los a todos porque serão seguramente irrelevantes.
O mesmo se deve dizer relativamente ao problema da verdade.
Antes que comeces a fazer as confusões habituais de gente medíocre, convém que saibas que a verdade é um adereço. Num palco, por exemplo, nenhum adereço deve ofuscar o desempenho dos actores; pelo contrário, os adereço devem realçar o trabalho dos actores. Se algum adereço não cumprir esta missão, é porque é descartável e, em bom rigor, deve ser imediatamente descartado. Há gente medíocre que entende - vá lá saber-se porquê - que a verdade é a figura principal de todos os cenários políticos ou da vida comunitária. Tens portanto de optar: se queres continuar a ser medíocre, continua a pensar que a verdade vale o que quer que seja por si só, mas não te queixes de seres um falhado na vida; se queres ter sucesso, usa a verdade para embelezar os teus actos e se alguma vez, como acontecerá frequentemente, a verdade não servir para isso, aprende a pô-la de lado. A verdade deve estar ao teu serviço e não ao serviço de si mesma. A verdade ao serviço de si mesma é um totalitarismo que tu nunca podes aceitar, pela simpes razão de deixares de ser capaz de a controlar.
Esta linguagem, se foste educado como quase todos nós, numa perspectiva de vida medíocre, pode parecer-te estranha. E é, de facto, não porque seja ininteligível, mas porque é uma linguagem de elite, só acessível aos iniciados na ciência da banalidade.
A banalidade é, com efeito, uma ciência exacta que se perfila no horizonte do conhecimento humano como a final e a decisiva modalidade de conhecimento superior do ser humano. Embora seja adereço, como qualquer verdade, a verdade é que não te bastarão as lições que programei para este Tratado para que aprendas a ter sucesso. Mais grave ainda: sendo eu um simples mestre da banalidade, não alcançarei nunca a perfeição nesta ciência, que, no entanto está perfeitamente ao teu alcance. Passa-se comigo algo idêntico ao que se passa com um treinador de futebol: o treinador já não tem fôlego sequer para jogar um jogo a sério durante mais do que cinco minutos, fuma, tem barriga, etc., mas compete-lhe a ele fazer com que os seus jogadores sejam os melhores do mundo. Em ti, que lês este Tratado, deposito toda a esperança num futuro repleto de banalidades.
Voltando à vaca fria, compreenderás então que a verdade, sendo um adereço, deve estar ao teu serviço. De uma forma ainda muito incipiente, esta é já uma prática de sucesso de quase todos os poderosos. Por exemplo, quem não aceita de bom grado que quem revele as verdades de uma país, ou de uma comunidade, ou de um serviço, seja considerado traidor? Precisamente, o traidor é aquele que sabe a verdade e a divulga. Muitas vezes, essa verdade é conhecida de toda a gente, mas é guardada como um segredo, um segredo que toda a gente conhece, mas um segredo porque ninguém fala dele. Aplaude-se a condenação do traidor que teve a ousadia de falar de uma coisa que toda a gente sabe, mas que era segredo. Vejamos um caso concreto: qualquer governante tem o direito de dizer que o país está a enriquecer; se o que ele diz é verdade ou mentira, isso é um assunto que não lhe diz respeito: a verdade, como vimos, é aquilo que pode ilustrar a importância do actor, não aquilo que lhe tira a luz. Traidor será aquele, medíocre claro está, que se pergunta em voz alta: Como pode estar o país a enriquecer, se cada vez há mais pessoas a comer os seus próprios dentes para não passar fome? Esta é uma pergunta íntima, subjectiva, sem valor de verdade e que todavia configura alta traição aos superiores interesses do país.
Note-se que, em última análise, a banalidade enquanto ciência tem no seu horizonte, já não tão longínquo como se pensa, garantir a qualquer ser humano a possibilidade de decretar que a soma de 2 com 2 não tem de ter o resultado de 4, pode variar e até pode não dar resultado nenhum. Esta soma pode, se assim se quiser, por vontade política, deixar de existir no cenário das operações possíveis. O mesmo se diga, por exemplo, a respeito do facto de a soma dos ângulos de um triângulo ser equivalente a dois ângulos de um quadrado, qualquer que seja a dimensão de um e de outro. Esta é uma verdade que, como está bem de ver, pode não interessar a toda a gente. E depois como pode uma verdade estar acima de quem manda? Quem manda até pode estar distraído e não saber dela, e de repente alguém atira-lhe com a verdade à cara... Isto não é coisa que se faça. Um dos objectivos mais grandiosos desta emergente ciência da banalidade é garantir que este tipo de desfaçatez desapareça definitivamente nas nossas comunidades mais desenvolvidas.
Publicado 11th September 2006 por Jorge Barbosa
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