O senhor Vítor Gaspar estava, e continua, convencido de que a redução da TSU às empresas iria promover o emprego e, por conseguinte, reduzir o desemprego. Fez até cálculos, para ele, animadores: o desemprego só aumentaria cerca de 1%.
O Governo recuou nessa medida. Podíamos esperar que o desemprego disparasse por aí fora. Mas não. As previsões para a taxa de desemprego sem a redução da TSU são as mesmas que o senhor Vítor Louçã (como diz o Jardim) Gaspar fez com a redução da TSU. Estamos a brincar?
O senhor Gaspar anuncia um aumento médio do IRS de 3,8%. Anuncia ainda uma sobretaxa de 4%. E com uma lata impressionante, diz também que vai restituir um subsídio aos funcionários públicos e reformados, e que não vai retirar nenhum aos trabalhadores privados. Só que 3,8+4=7,8, isto é, mais do que os 7% da TSU (em média, claro está). Se a aplicação da taxa média de IRS é de progressão rápida, como diz o senhor Gaspar, isso só pode significar que ela incidirá na sua totalidade no salário médio. Isto significa também que a maioria das pessoas que seriam afetadas pelos 7% da TSU (nem todas o eram, e nem todas serão pelo aumento do IRS) serão mais rapidamente afetadas pelos 7,8%.
Será que podemos interpretar este tipo de decisões como malfeitorias de gente sem escrúpulos? O Tribunal Constitucional veio chatear com aquela coisa da falta de igualdade. O Governo pensa: olha os chatos; vamos dar-lhes a lição que merecem. E piora ainda mais a situação do que já estava. O povo revolta-se e diz claramente que não concorda com a brincadeira. E o que decide o governo? Já que o povo não quer descontar 7%, vamos fazer-lhe democraticamente a vontade e pô-los numa situação ainda pior.
Só espero estar enganado. Palavra. Porque o problema já não é só o de pagar impostos e outras coisas do género. O problema é (se calhar sempre foi) o de estarmos a ser governados por gente de gama baixa.
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