O FMI reconheceu, agora, que a raiz da crise financeira e económica do mundo ocidental está no aumento das desigualdades de rendimentos (chegou tarde, mas chegou). Diz mesmo que o aumento do fosso entre os mais ricos e os mais pobres é o principal responsável pela crise actual.
Pois bem, e que propõe o FMI para resolver a crise?
Que o fosso entre ricos e pobres aumente um pouco mais. Verdadeira cura omeopática. O veneno que mata é o veneno que cura. É só preciso saber dosear as coisas.
Esta cura homeopática deve ser aplicada às pessoas, tomadas individualmente, por exemplo, reduzindo as indemnizações por despedimento sem justa causa, como recentemente propôs que Portugal fizesse, e também aos países. Por isso, convém que as empresas, de países com maior capacidade financeira, como as alemãs, se financiem no mercado a 2%, e as empresas de países mais pobres, como as portuguesas, só consigam obter o mesmo financiamento a 7% ou mais.
Foram sobretudo os bancos alemães que se envolveram em investimentos de risco? É verdade. Mas isso agora não interessa nada. São eles também que arriscaram a financiar os submarinos que a Grécia e Portugal compraram. Chegou, portanto, a altura de compensar os prejuízos da sua má gestão, fazendo aumentar as taxas de juro a países, que se saiba, não deixaram de cumprir com as suas obrigações de dívida.
Assim se entende que, apesar de haver mais oferta de crédito do que procura, as leis do mercado tenham sido alteradas para que passasse a ser possível alterar as relações habituais entre oferta e procura, pelo menos no que diz respeito ao crédito financeiro.
Agora, graças a esta medicina homeopática, quanto maior for a oferta maior é também o preço do dinheiro. A procura até pode diminuir. O preço do dinheiro é que tem de aumentar.
Assim, sim.
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