Há
uma diferença substancial entre "poder de expressão" e "liberdade de
expressão". Há pessoas que confundem a sua liberdade com o poder. Mas há
que distinguir as duas coisas, porque a liberdade não é, ou não deve
ser objeto de contestação, mas o poder pode e deve ser objeto de
contestação.
Aqueles que têm o poder para se exprimir, seja como
comentadores, seja como políticos, não compreendem o desespero daqueles
que, por não terem esse poder também não têm essa liberdade.
É natural, é
mesmo saudável que quem não tem o poder de se fazer ouvir conteste, sem
qualquer preconceito, aqueles que usam o poder de se fazer ouvir,
quando aquilo que ouvem é demasiado grave para ser tolerado. E é ainda mais sensato contestar o poder, incluindo o poder de falar, àqueles que, por abuso de poder, e através do apelo ao respeito pela sua liberdade, destróem a dos outros atacando os seus direitos fundamentais, atropelando, sempre que necessário, o contrato (ou a Constituição) que legitima, numa primeira linha, a própria possibilidade de usarem a sua vã glória de mandar. Senhores
sociólogos e outros bem pensantes desta praça, que têm os órgão de comunicação social ao seu serviço, era bom que pensassem
nisto... Bem, para variar.
Já agora, existe, em Portugal e em português, um repertório muito vasto de canções que podem ser entoadas para mandar calar aqueles que poluem o ambiente, no uso do seu poder, incluindo o de determinar os limites da sua liberdade de expressão, que a dos outros pouco lhes interessa. Essa é também uma herança do passado, como é aquela de Portugal ser um país de miseráveis, mas honrados pagadores de dívidas que, diga-se em abono da verdade, pouco ou nada têm a ver com quem é obrigado a ficar calado por aqueles que determinam, em seu próprio benefício, quem tem direito a falar.
Se os poderosos forem sensatos, o povo cala-se. Se o povo não se cala...
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