O partido dos piratas obteve mais de 8% nas eleições para o Parlamento de Berlim. Fez eleger alguns deputados, mas se tivesse um pouco mais de votos não teria candidatos em número suficiente para preencher todos os lugares a que teria direito.
O partido dos piratas berlinenses é um partido que defende
- o uso livre da Internet,
- que a cidade de Berlim tenha um serviço gratuito de Wireless,
- e que todos os cidadãos de Berlim recebam um rendimento mínimo garantido.
Este é o seu programa político. Dá para perceber que os membros
deste partido não têm quaisquer dúvidas sobre aquilo que querem para
eles, a saber: ter dinheiro quanto baste para comer umas sandes e beber
umas coca-colas enquanto navegam livre e gratuitamente na Net.
Mas que querem eles para os outros? Isso, eles não sabem, pelo
menos enquanto não perceberem o que se passou nestas eleições que,
segundo parece, eles próprios não levaram muito a sério.
Tudo leva a crer que não serão sequer capazes de perceber o que
significa a percentagem de votos que alcançaram, enquanto não a
plasmarem numa folha de Excel.
Esta coisa de eleger, para deputados, candidatos de um partido dito
dos piratas não é grave, se por grave entendermos aquilo que faz vibrar
as nossas entranhas ao ritmo da gravidade da coisa. Não, neste sentido,
não é grave. É mais do tipo agudo que fere os ouvidos e irrita a
meninges.
Mais grave é o sadismo urbanistico dos autarcas que gerem praias do
Norte de Portugal, quando insistem em plantar palmeiras nas avenidas da
beira-mar. As desgraçadas têm de lutar tão afincadamente para
sobreviver ao vento salgado que as ataca pelo lado do Ocidente, e ao
vento gelado que as enregela pelo lado do Norte, que nem tempo têm para
crescer e muito menos para fazer sombra.
Mas uma angustiante combinação de graves, capazes de descolar as
entranhas de um culturista abdominal, e de agudos, capazes de pôr um
surdo a ouvir, é este sadismo luso-europeu que insiste em levar o povo
a, garbosamente, lutar para sobreviver, que até se esquece de viver e de
se refrescar, uma vez por outra, à sombra de uma qualquer palmeira,
raquítica que seja.
O partido dos piratas até nem está mal pensado, se compararmos a idiotice que representa com a velhacaria que combate.
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