Uma lindíssima princesa caminhava, como é hábito das princesas, num formosa floresta. Sonhava com um príncipe que, de acordo com as suas necessidades, lhe satisfizesse os desejos que nem a seu pai, o rei daquela e de todas as florestas conhecidas e por conhecer, se atrevia a confessar.
Olhava os voos assustados dos pardais, ouvia o marulhar das águas nas pedras do ribeiro, sentia o perfume das flores e tudo lhe parecia sem sentido.
Subitamente, um sapo postou-se na sua frente. Maldisse os deuses e a sorte maldita, que naquele dia não estava para beijar focinhos nojentos. Afinal já tinha beijado quinhentos e trinta e quatro sapos e de príncipe, nada.
Era sua obrigação beijar todos os sapos que lhe aparecessem, e assim fez também com aquele, com os lábios retraídos de nojo incontido.
Desta vez, e pela primeira vez numa longa história de beijos a bichos nojentos, o sapo transformou-se num garboso príncipe, exactamente como o tinha sonhado quando, dentro de lençóis de cetim, não conseguia conciliar o sono. Finalmente, podia ser feliz e, de acordo com as tais necessidades, satisfazer os seus desejos.
O príncipe, ele, olhou para a lindíssima princesa e sentiu o fogo da paixão invadir-lhe o coração e o resto do corpo como não se lembrava de alguma vez ter acontecido enquanto fora sapo. E num impulso, beijou a princesa, tal como ela o tinha beijado a ele, mas sem nojo, na busca de que, de acordo com as suas necessidades, as dele agora, ela lhe satisfizesse os desejos mais íntimos. E a princesa transformou-se, então, numa lindíssima garrafa de cerveja. E foram felizes para sempre.
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